Há pessoas que afirmam: "Detesto política!" |
Motivado
pelas notícias de Brasília, acerca das prisões dos políticos e funcionários públicos
mensaleiros, resolvi falar desta que é uma ciência antiga, mas que se faz
presente em todos os dias de nossa vida. Constantemente somos influenciados
pela “política”. Mas para começar esta abordagem, quero buscar inspiração nos léxicos,
e aquele que está mais próximo neste instante é a tradicional Wikipedia. Vejam
o que ela diz sobre a “política”:
“Arte ou ciência da organização, direção e administração de nações ou Estados;
aplicação desta ciência aos assuntos internos da nação (política interna) ou aos assuntos externos (política externa). Nos
regimes democráticos, a ciência política é a
atividade dos cidadãos que se ocupam dos assuntos
públicos com seu voto ou com sua militância.
O termo política é derivado do grego antigo πολιτεία (politeía), que indicava todos os
procedimentos relativos à pólis, ou cidade-Estado. Por extensão, poderia
significar tanto cidade-Estado quanto sociedade, comunidade, coletividade e outras definições referentes à vida urbana.”
A “política” tem grande participação em
nossas vidas, como já destaquei. Portanto, dificilmente estamos distantes dela.
Fazemos “política” em casa, no trabalho, na escola, na comunidade, etc... Em
casa somos políticos quando argumentamos com nossos filhos, com as pessoas com
quem nos relacionamos e por aí vai. No trabalho negociamos com os colegas, como
nossos chefes, etc. Na escola estamos também em contato com os colegas,
negociando com professores, etc.
A "política" faz parte de nossa vida em todos os momentos |
Desta forma, fico um tanto espantado quando há
pessoas que afirma não gostar de ” política”. Aliás, alguns são capazes de dizer
“Eu detesto política!”. Se observarmos bem, temos as “políticas públicas”, as “políticas
educacionais”, as “políticas econômicas”, as “políticas de saúde pública”, as “políticas
de segurança pública”, etc etc... Então como se pode dizer que não gostamos de “política”,
se ela está tão entranhada na nossa carne?
Talvez do que não gostemos seja realmente dos
representantes que escolhemos como responsáveis por estas políticas, das quais
somos todos nós, sociedade em geral, afetados cotidianamente. E toda vez que
nos imiscuímos desta responsabilidade estamos adotando uma postura de avestruz
diante do perigo. É como se não quiséssemos ver essa realidade das escolhas
equivocadas.
Por isso, a prisão dos mensaleiros traz muito
desta nossa ótica diante da política brasileira. Resgatando o discurso do Procurador-Geral
da Republica Roberto Gurgel: “Foi sem
dúvida o mais atrevido e escandaloso caso de corrupção e desvio de dinheiro
flagrado na história no Brasil”. Isso destaca crime, e que deve ser punido
conforme a lei. Por isso não tenho nenhuma pena do que está acontecendo. A única
diferença no momento de fazer a justiça, é que os criminosos tem bom poder aquisitivo,
vestem terno de marca e falam bonito.
O "mensalão" trouxe à tona vários personagens da política |
A democracia, como esta vivida no Brasil, prevê
um governo onde devem coexistir diferenças de opiniões, em que há necessidade
de constantes negociações e decisões consensuais. Caso não seja possível este
consenso, faz-se uso de votações onde irá preponderar a posição de uma maioria.
Pois o “mensalão” buscava anular esta democracia, dando oportunidade a uma visão
majoritária da situação, caso em que a oposição deixava de cumprir seu papel
pela distribuição de recursos financeiros coordenada pelo publicitário Marcos
Valério.
Vejo nas redes sociais uma pluralidade de opiniões
sobre estas prisões deflagradas pelo ministro Joaquim Barbosa, justo no dia da
Proclamação da República. Até me pareceu a data escolhida como algo para marcar
de forma sensacionalista o momento. Houve a meu ver uma espécie de “tirar
proveito” das circunstâncias. Os petistas de carteirinha não chegam a discordar
totalmente das prisões. Todavia, com frequência referem a necessidade de
investigar as denúncias do Metrô Paulista envolvendo propina oriundas de empresas
estrangeiras desde o governo Mario Covas. O que também, a meu ver, deve ser
punido de forma modelar.
O ministro Joaquim Barbosa determinou a prisão dos réus |
Quero dizer que não sou adepto de nenhum
partido político, embora tenha minhas preferências em termos de candidatos e
programas. Também não sou nenhum ingênuo em pensar que a corrupção será extirpada
de nosso meio tão facilmente. Mas de uma coisa tenho a certeza: a prisão da “Quadrilha
do Mensalão”, denunciada pelo deputado Roberto Jeferson (e que para mim ainda
vai entrar para a história do país pela coragem de sua decisão), tem um efeito
pedagógico inestimável. A partir de decisões como esta talvez possamos criar
uma democracia mais sólida e mais séria, onde as pessoas não necessitem ter
vergonha de suas escolhas políticas. Talvez cada vez mais acreditem e tenham a
certeza de que “gostar de política” é um aspecto essencial para a melhoria de
vida da sociedade como um todo, bem como, para o crescimento do país com uma distribuição
mais justa da riqueza nacional.
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