É PRECISO DENUNCIAR

O contato costumeiro por essa janela de comunicação, nos possibilita compartilhar realidades de todos os matizes. Da mesma forma isso ocorre com um mestre meu da Academia, proprietário de um blogue e com quem tive a satisfação de conviver e muito aprender durante minha maestria na ciência da educação. Hoje estamos irmanados para denunciar a intervenção de uma empresa transnacional na educação de nosso povo.

Esta é uma edição especial deste blogue, pois pela primeira vez ele se faz numa edição conjunta com o blogue do Professor Attico Chassot http://achassot.blog.uol.com.br/m.br/

Unimo-nos – em importante denúncia – respaldados no Centro de Mídia Independente: http://www.midiaindependente.org O CMI Brasil é uma rede de produtores e produtoras independentes de mídia que busca oferecer ao público informação alternativa e crítica de qualidade, e que contribua para a construção de uma sociedade livre, igualitária, respeitando o meio ambiente. O texto que se segue foi adaptado desta fonte idônea, onde a ênfase está na cobertura dos movimentos sociais, particularmente, sobre os movimentos de ação direta (os "novos movimentos") e sobre as políticas às quais se opõem.

Uma cartilha produzida pelo Ministério da Agricultura sobre agroecologia teve sua distribuição impedida. A cartilha "O Olho do Consumidor", que conta com ilustrações de Ziraldo, foi lançada para divulgar a criação do "Selo do SISORG" (Sistema Brasileiro de Avaliação de Conformidade Orgânica) que pretende padronizar, identificar e valorizar produtos orgânicos, orientando o consumidor.

O livreto, que teve tiragem de 620 mil cópias, foi objeto de uma liminar de mandado de segurança, fruto de ação movida pela transnacional Monsanto, que impediu sua distribuição. Setores do Ministério ligados ao agronegócio também não ficaram contentes com as informações contidas na cartilha. O arquivo foi inclusive retirado do sítio do Ministério. A Cartilha "O OLHO DO CONSUMIDOR" está em http://www.agricultura.gov.br/images/MAPA/arquivos_portal/ACS/cartilha_ziraldo.pdf

A proibição ocorreu por conta do item 5 da página 7, onde se lê: “O agricultor orgânico não cultiva transgênicos porque não quer colocar em risco a diversidade de variedades que existem na natureza. Transgênicos são plantas e animais onde o homem coloca genes tomados de outras espécies".

Em autêntica desobediência civil e resistência pacífica à medida de força, nos juntamos a todos aqueles que estão fazendo esta denúncia e distribuindo eletronicamente a cartilha. É significativo buscarmos mais informações.

Vale sempre recordar que a Monsanto é uma multinacional muito poderosa, com influência inclusive em países ricos como os Estados-Unidos. No Brasil, ela infelizmente é proprietária de hectares e hectares de terra, onde planta trigo transgênico, entre outros. E só pode fazer isso porque no Brasil, ao contrário da Europa, não existe legislação que controle a plantação de transgênicos... e isso é muito perigoso. Ainda mais: porque a bancada ruralista tem muito poder no congresso nacional.

Existe um documentário francês muito bom sobre a Monsanto. Se chama "Le monde selon Monsanto" (O mundo segundo a Monsanto). Há versão legendado em português e pode ser visto no Youtube. São 12 partes e o link da primeira é: http://www.youtube.com/watch?v=DCx4Dg6t2Mo, em seguida se acessa as outras partes. No total dura 2h mais ou menos, mas vale muito à pena. É importante vê-lo e divulgá-lo, porque é uma empresa escabrosa.

A base dos transgênicos Monsanto, resumidamente, é : ela coloca em suas plantas um gene de resistência a um pesticida chamado RoundUp, produzido pela própria Monsanto. O que significa que o agricultor tem que tratar suas terras com RoundUp, assim tudo que é natural morre e só o que é transgênico, com o gene de resistência a esse pesticida, continua crescendo. Os agricultores assinam um contrato em que não podem re-utilizar as sementes, tem que comprá-las todos os anos para poder replantar. Além disso, o RoundUp é extremamente eficaz e seu efeito é duradouro. Ou seja, no ano seguinte, mesmo que o agricultor não queira mais comprar sementes da Monsanto, ele não tem outra opção, porque sementes normais não vão crescer em suas terras. Segundo esse documentário, se tem que esperar pelo menos 5 anos para a terra voltar a ser fértil.

O RoundUp é um pesticida muito forte. Com o tempo de uso, os agricultores e suas famílias começam a apresentar problemas de saúde por ter que atravessar suas plantações e por estar em contato com o pesticida o tempo todo. Os principais problemas são de pele e respiratórios.
Além disso, o vento e animais difundem as sementes transgênicas pela natureza, que vão germinar em outras partes. O pólen dessas plantas, também levado pelo vento, pode "cruzar" com plantas "normais", criando ainda outras variações, que também serão resistentes ao RoundUp.

Ainda mais grave é o acúmulo do pesticida nas plantas, e que vai parar nos nossos pratos. Por exemplo, o trigo transgênico é dado aos animais. O RoundUp presente nas sementes se acumula nos animais alimentados com elas, e esses animais serão comidos pelo homem, onde o acúmulo do pesticida será ainda maior. E existem alguns estudos mostrando como o RoundUp é prejudicial, por exemplo, para a reprodução, além de ser cancerígeno.

O grande problema é que todos os estudos que mostram problemas sanitários com os produtos da Monsanto foram "abafados". E isso inclui trigo, milho, algodão e até leite de vaca (vendido nos Estados-Unidos como leite normal, ou seja, sem que a população saiba que está tomando leite de vacas transgênicas).

José Lutzenberger, já em 1980, em sua obra ‘Manifesto Ecológico Brasileiro’, destaca o potencial destrutivo das novas tecnologias na agricultura, principalmente daquelas propostas por empresas transnacionais e que buscam o “domínio da natureza”. Diz ele haver um entusiasmo pueril por parte dos especialistas das ciências do solo, buscando um monopólio da verdade sobre o assunto, sem proporcionar oportunidades para críticas. Sentem-se proprietários dessa verdade e desprezam conhecimentos antigos que comprovadamente são benéficos tanto para a natureza quanto para o ser humano. Para ele, nossa visão incompleta do mundo faz com que sejamos agressivos com aquilo que deveríamos proteger. E o caminho que a Ecologia nos indica é o de sócio da natureza e não de seu senhor.

Encerramos com uma recomendação: vejam o filme e divulguem informações sobre essa empresa que está contaminando, desde os o início da metade do século passado, os solos do mundo todo com esse pesticida.