13 agosto 2011

UM PERIGO QUE NOS RONDA


Um grande perigo ronda a sociedade pós moderna. E isso está bem latente nos fatos observados em Londres na última semana. Talvez não se tenha refletido mais aprofundadamente que motivos podem levar a tamanha violência por parte da juventude daquele país. A realidade deles é a mesma em várias partes do mundo, e como rastilho de pólvora é possível assolar outras regiões. Vejamos o que dizem os jornais.

Ao se tomar alguns relatos de periódicos europeus, observa-se que de forma geral a opinião de especialistas está relacionando as atitudes com a falta de perspectiva dos jovens, além da repressão dos organismos de segurança pública como única medida de resolução dos problemas. Vejamos:

Para especialistas, falta de perspectiva motiva violência em Londres


Insatisfação com as severas medidas de austeridade implementadas pelo governo britânico e o alto nível de desemprego gerariam frustração principalmente entre os jovens britânicos, acreditam observadores.

A dimensão e a intensidade da recente onda de violência em Londres, Manchester, Birmingham, e a velocidade com que os tumultos se espalharam pela capital e arredores, chocou as autoridades e a população.

Os distúrbios começaram no último sábado (6/8) em Tottenham, ao norte de Londres, após um protesto inicialmente pacífico pela morte de Mark Duggan, de 29 anos, baleado pela polícia na semana passada. O incidente está sendo investigado por uma comissão independente para reclama

ções contra a polícia. A manifestação funcionou como catalisador da violência. A confusão espalhou-se rapidamente para outras partes da capital, e também para outras cidades inglesas.

Paul Bagguley, professor da Universidade de Leeds e especializado em sociologia do protesto, movimentos sociais, etnias e racismo, acredita que tenha havido uma deterioração geral da relação entre os jovens dos centros das cidades e os responsáveis pela aplicação da lei, o que teria começado antes mesmo das detenções e da morte da semana passada.

"Há uma sensação de tensão crescente em Londres neste verão [europeu]. Quando olhamos para as mudanças da tática policial nos últimos anos, o aumento do uso dostop-and-search (liberdade da polícia para abordagem com perguntas ou revistas) contra pessoas negras no Reino Unido – particularmente em Londres – nos últimos cinco anos, situações

como as de agora ficam cada vez menos surpreendentes", disse Bagguley à Deutsche Welle.


O especialista acredita que também colaboram para este cenário a redução de até 15% no orçamento da polícia, dentro do programa de austeridade do governo britânico, e cortes similares em programas sociais. Estes últimos poderiam levar ao mercado de trabalho jovens como os que instalaram o terror nas ruas londrinas nos últimos dias.


"A longo prazo, acredito que os políticos britânicos precisam

repensar alguns aspectos de sua estratégia de cortes. Jovens trabalhadores frequentemente atuam como melhores mediadores em conflitos como este do que a própria polícia", avalia o professor.

Juventude desanimada


Apesar de os tumultuadores no Reino Unido aparentemente não terem nada contra o que protestar, muitos deles enfrentam atualmente dificuldades semelhantes às de outros jovens em várias outras partes da Europa.


Para o sociólogo Simon Teune, do Centro de Ciências para Pesquisas Sociais em Berlim, os distúrbios violentos em Londres, assim como recentes protestos de jovens em Madri, Lisboa e em Atenas, mostram acima de tudo o sentimento dest

as pessoas de que foram enganadas com relação a seu futuro. E ligado a isso está ainda a percepção de que a democracia representativa não os representa.

Para Teune, o desemprego entre os que têm menos de 30 anos é um dos fatores que aumenta a insatisfação. Ele lembra que na Espanha cerca de 40% dos jovens estão fora do mercado de trabalho. E os que estão empregados recebem salários muito baixos.


Na recessão de 2008/09, o desemprego no Reino Unido

cresceu com maior intensidade entre quem tinha 16 e 24 anos de idade. Segundo dados de maio deste ano da Agência Nacional de Estatísticas do Reino Unido, 19,7% dos que procuram emprego nesta faixa etária estão desempregados. Estes 644 mil rapazes e moças respondem por quase um quinto dos desempregados britânicos.


"A lacuna entre os jovens britânicos mais ricos e os mais pobres está criando uma 'subclasse jovem', que tragicamente sente que não tem futuro", declarou em maio Martina

Milburn, diretora-executiva do Prince's Trust, organização ligada ao príncipe Charles que ajuda jovens desempregados. "Não podemos simplesmente ignorar esta brecha", alerta ela.

De acordo com uma pesquisa

da organização realizada entre 2.300 jovens, os mais pobres tinham três vezes mais chance de passar o resto das suas vidas em um emprego sem perspectiva, ou mesmo viver com salário-desemprego, do que os mais abastados.

Sem surpresas


Também o sociólogo Michael Hartmann afirma não estar surpreso com os acontecimentos em Londres. "Se não acontecesse agora, ocorreria daqui a alguns seis meses. O atual governo de David Cameron adotou as medidas de austeridade mais duras do que as implantadas em qualquer outro país desenvolvido nos últimos meses. Justamente no segmento mais pobre da população muitos serviços públicos serão suprimidos", afirma Hartmann.

"A falta de perspectivas que já existia em algumas partes de Londres está ainda maior. E quando os jovens veem que não têm mais qualquer chance, qualquer faísca basta para acender o barril de pólvora", avalia.


O embaixador britânico na Alemanha, Peter Torry, admite que as medidas de austeridade implementadas recentemente pelo governo do Reino Unido foram bastante duras, mas ele acredita que o comportamento criminoso dos manifestantes é oportunista. "Temos que enfrentar isso," disse Torry nesta quarta-feira (10/08). "Mas não há explic

ação para o que estamos vendo, isto é pura criminalidade", destacou.

Da mesma forma que esses fatos assolam países do continente europeu, num momento em que a crise econômico-financeira que mergulhou a Grécia, Espanha e Portugal numa enorme recessão, e que parece

estar muito distante de ser solucionada, também aqui corremos o mesmo risco. Na situação atual em que vive o Brasil, talvez possamos temporariamente aceitar que a situação está sob controle. Mas nunca afirmar que o risco inexiste. Temos uma população jovem em busca de colocação no

mercado e que sonha com perspectivas de um futuro melhor e promissor. Todavia, quando esse futuro demora a chegar e as oportunidades não surgem, corre-se o mesmo risco do que hoje ocorre em Londres. Mesmo que os denominados “baderneiros” não realizem saques em supermercados e farmácias em busca de alimentos, mas que atacam lojas de grife em busca de roupas e tênis de marca. Isso não pode ser considerado, como quer a Scotland Yard e o Parlamento Britânico, tão somente um movimento de baderna e afronta à ordem instituída. Mais do que isso, parece o inicio de uma Revolução Social, tal qual outros países outrora viram deflagrar, com conseqüências inesperadas e que pode também desembarcar por aqui em breve.

DIA DOS PAIS: HOMENAGEM A QUEM SEMPRE ME

CONDUZIU PELOS BONS CAMINHOS

DESSA VIDA

Tenho a grande satisfação de contar ainda com a presença de meu pai (82 anos), compartilhar dificuldades e alegrias, ouvir sábios conselhos e admirar sua experiência. Agradeço à Deus essa possibilidade. Meu Pai, hoje é teu dia. Parabéns e que eu continue tendo essa alegria de tê-lo por muito tempo. Essa foto é do ano passado (2010), quando em Cacequi passamos muito frio, mas contei com o calor da companhia tua.

Um comentário:

Attico CHASSOT disse...

Meu caro Jairo,
tuas colocações acerca das ‘ansiedades do tempo presente’ catalisada pelos recentes acontecimentos de Londres e outras cidades do Reino Unido são densas. Dá-te conta que me escapei por pouco.
Mas mais importante desta blogada é a homenagem que fazes a teu pai.
Parabéns ao filho que ainda pode fruir do ‘calor’ ofertado pelo pai.
Com admiração

attico chassot