22 novembro 2008

O POLÊMICO SISTEMA DE COTAS

Leio neste momento uma obra da escritora e historiadora Emilia Viotti da Costa. Este livro já em sua oitava edição, rememora o advento da abolição da escravidão no Brasil, ao final do século XIX; mais especificamente aquele conjunto de leis, passando pela Lei do Ventre Livre, de autoria do Barão do Rio Branco, pela Lei do Sexagenário e finalmente a abolição propriamente dita, pela caneta da reconhecida Princesa Isabel.

A leitura da obra de Viotti da Costa traz à tona o enorme sofrimento de um segmento de nossa sociedade, e que ainda hoje paga dividendos por não ter sido incluído nas oportunidades proporcionadas a outros segmentos. O continente africano, além de ter ofertado a maioria da mão-de-obra que construiu nosso país desde o tempo colonial, ainda foi vilipendiado novamente pelo Neocolonialismo. Para quem não conhece esta fase da história, o Neocolonialismo é o processo de exploração econômica e dominação política estabelecido pelas potências capitalistas emergentes ao longo do século XIX e início do século XX, que culminou com a partilha da África e da Ásia, envolvendo inicialmente Reino Unido, França e Bélgica, Alemanha e Estados Unidos, e posteriormente, Itália, Rússia e Japão. Estes países se apossaram das reservas de matéria-prima (recursos minerais e naturais) da África e da Ásia para abastecer suas indústrias.

Ou seja, não é de hoje que estas populações se vêem exploradas pelo Ocidente. E a dívida que os povos ocidentais possuem com estas populações está longe de ser sanada. Portanto, algumas medidas há muito se faziam necessárias. Dentre elas, creio eu, o sistema de cotas adotado em nosso país. É claro que não se faz justiça de um dia para o outro neste caso. Entendo que o correto não seria ofertar vagas nas universidades públicas para estes descendentes, deixando de fora alunos que estariam em melhores condições de evolução. Mas, não há como se aguardar que esta realidade se altere simplesmente por uma evolução temporal.

Por isso, o sistema de cotas é uma forma de atenuar as desigualdades que mantem em condições díspares cidadãos de estratos distintos, acelerando o processo de inclusão social de grupos à margem da sociedade, dentro eles, os de cor negra. Desde tempos históricos sendo motivo de discriminações, só agora surge esta alternativa capaz de proporcionar um pouco mais de oportunidades à raça negra, à qual tanto sacrifício foi imposto desde a formação do país.

É esta minha reflexão em homenagem aos alunos, amigos e colegas negros, com os quais compartilho o ambiente da educação, nesta semana em que se comemora o Dia da Consciência Negra. Que os novos tempos proporcionem mais oportunidades a todos e que sejamos mais solidários em dividir o que possuímos.

Um comentário:

Anônimo disse...

Mandei um recado pelo outro link, mas não sei se foi enviado ou não. Fiquei na dúvida de onde comentar agora, favou clarear minhas idéias :)