13 fevereiro 2016

EM BUSCA DE UM CULPADO

O mosquito Aedes Aegypti, responsável pela
Dengue, Chicungunha e agora Zika
As notícias sobre o mosquito vindo da Terra dos Faraós não é nenhuma novidade entre nós. Este sábado inclusive será de ações coordenadas para combater a praga que assola nosso país, o chamado Dia “D”. O minúsculo inseto já preocupa o poderoso presidente americano Obama, que resolveu investir pesado na descoberta de uma vacina para amenizar as doenças provocadas pelo vetor, ainda mais que o verão na Terra do Tio Sam se aproxima.

Mas uma outra notícia, esta semana, colocou em polvorosa a comunidade científica panamericana, e até mesmo, internacional. Principalmente por pressupor uma causa díspar de tudo aquilo que as autoridades sanitárias brasileiras tem afirmado como motivo para a ocorrência da “microcefalia”, esse comprometimento do desenvolvimento cerebral em nascituros. Pesquisadores argentinos divulgaram relatório esta semana em que chamam a atenção para um componente químico denominado “Piriproxifeno”, utilizado na composição de um larvicida recomendado pelo Ministério da Saúde do Brasil para ser adicionado em tanques de água potável de regiões com saneamento básico carente. O componente fabricado pela Sumitomo Chemical, um parceiro da Monsanto, começou a ser utilizado em 2014 na região nordeste, segundo os pesquisadores.

A microcefalia tem sido atribuída ao vírus da Zika, coisa que
os pesquisadores argentinos contestam
Para os pesquisadores, outras epidemias de “zika” ao redor do mundo não acometeram mulheres grávidas e nem foram associadas a problemas congênitos em recém-nascidos. Portanto, a doença de cuja responsabilidade as autoridades brasileiras tem imputado ao vírus transmitido pelo mosquito pode não ser a verdadeira causa da “microcefalia”. Mas sim, com o “Piriproxifeno” adicionado à água consumida pela população das regiões com déficit de saneamento básico.

Segundo o jornal The New York Times de 03 de fevereiro, dos 404 casos de microcefalia examinados no Brasil, apenas 17 tinham relação com o vírus da zika, sendo assim um percentual irrelevante para atribuir a ele essa responsabilidade.

A utilização do Piriproxifeno inibe o ciclo evolutivo do mosquito na água,
mas pode trazer consequências prá quem consome 
Observando a ação deste larvicida da Sumitomo utilizado na água de abastecimento, nota-se que ele inibe o ciclo de vida do mosquito, como explica a ilustração. Ele altera o processo de desenvolvimento desde a larva, passando pelo estágio da pupa até a fase adulta, assim gerando más formações em mosquitos em desenvolvimento e matando ou incapacitando-os. Segundo os cientistas, o produto age como um hormônio juvenil de inseto, e tem o efeito de inibir o desenvolvimento das características do inseto adulto (por exemplo, asas e genitália externa madura) e o desenvolvimento reprodutivo.

O Piriproxifeno foi adicionado em vários locais, inclusive
na água de abastecimento de comunidades
A organização médica argentina PCST comentou que “As más formações detectadas em milhares de crianças de mães grávidas que vivem em regiões onde o Estado brasileiro adicionou o “piriproxifeno” à água potável não são coincidências, muito embora o Ministério da Saúde coloque a culpa por este dano diretamente no vírus da zika”. Os pesquisadores destacam ainda que “o “zika” tem sido tradicionalmente tomado como uma doença benigna que nunca antes esteve associada com defeitos de nascimento, mesmo em áreas onde ele infecta 75% da população”.

Portanto, podemos estar atribuindo culpa a um agente que não possui tanta responsabilidade assim, embora não possa ser desprezado. Podemos estar lidando com uma desmedida incompetência das autoridades sanitárias locais que, ao imputar a culpa ao mosquito, tentam criar uma “cortina de fumaça” para encobrir a verdadeira causa da microcefalia, a irresponsabilidade de quem indicou o uso deste agente químico que pode tornar deficiente grande parte de uma geração de brasileiros.

Fontes consultadas:
www.panoramalivre.wordpress.com acesso em 13.02.2016
The Ecologist – Acesso em 10.02.2016

Um comentário:

Attico CHASSOT disse...

Salve, Jairo!
Muito bom teu blogue aderir à campanha pela eliminação do Aedes.
Oportuno, especialmente, teu alerta a informações desencontradas ou equivocadas.
Que não tarde uma vacina.
A admiração do
attico chassot
www.professorchassot.pro.br