Para se
ter uma visão mais abalizada de uma realidade, a melhor alternativa é tomar uma
certa distância desta realidade. Na medida em que traçamos comparativos com
outros cenários é que se pode perceber mais aprofundadamente características que
ainda não eram percebidas. Foi o que ocorreu comigo, com relação ao tabagismo,
quando deixei o RS para morar em outros estados do país.
O cigarro possui cerca de 4.700 substâncias tóxicas |
Fiquei
impressionado com a quantidade de fumantes no Rio Grande do Sul, principalmente
mulheres, quando pude comparar com lugares onde morei, como em Blumenau na região
do Vale do Itajaí, como em Curitiba na região metropolitana e Londrina no norte
paranaense e também no Distrito Federal, em Brasília. Só então pude ter a dimensão
da realidade que as pesquisas hoje comprovam. O Rio Grande do Sul é o estado campeão
em doenças respiratórias e suas consequências. Logicamente que alguns otimistas
poderão justificar isso pelo clima frio e outros porens. Mas em Curitiba também
se tem um clima bastante agressivo em termos de temperatura.
Por
isso, faço na edição de hoje referência à matéria de capa do jornal Zero Hora a
respeito do assunto.
O câncer de pulmão mata pelo menos 2.843 pessoas por ano, entre homens e mulheres, no Rio Grande do Sul. O número (registrado pelo Ministério da Saúde em 2009) é 40,4% maior do que de mortes causadas por acidente de trânsito (2.025, em 2011) e 71,5% maior do que de homicídios (1.657, também no ano passado).
No
mundo, as estatísticas são ainda mais alarmantes. Por dia, o equivalente a toda
a população de Porto Alegre — cerca de 1 milhão e meio de pessoas — perdem a
vida pelo mesmo motivo. O Rio Grande do Sul lidera o ranking brasileiro de
casos, sendo o Estado com maior números de mortes — 23 por cada cada 100 mil
habitantes.
O câncer de pulmão é principal causa de mortes |
O oncopneumologista Guilherme Costa, coordenador da Comissão de Câncer de Pulmão da Sociedade Brasileira de Pneumologia e Tisiologia (SBPT) afirma que uma das prováveis causas para os altos índices seja o clima frio da região sulista.
— Em
baixas temperaturas, é comum que as pessoas procurem formas de se aquecer, e o
fumo é uma delas — diz o especialista.
O presidente da Fundação Sul-Americana para o Desenvolvimento de Novos
Medicamentos Contra o Câncer e vice-presidente da Sociedade Latino-Americana de
Cancerologia, Gilberto Schwartsmann, concorda que a relação com o fumo é
responsável pela esmagadora maioria dos casos diagnosticados, e que há um forte
apelo da indústria tabagista para banir as campanhas de conscientização.
— A
indústria do tabaco faz um forte lobby e subsidia uma série de ações em
Brasília para neutralizar as campanhas — afirma.
Considerada
rara no início do século XX, a doença se tornou um grave problema de saúde
pública nos últimos 50 anos. O impacto é tanto que leva o estado brasileiro a
investir, por ano, quase R$ 21 bilhões. A conclusão é da pesquisadora Márcia
Pinto, da Fiocruz, que fez um estudo mapeando os custos de doença relacionadas
ao tabaco. A pesquisadora explica que esse valor é financiado pela sociedade,
com o pagamento de seus impostos:
— Esses
custos são financiados por quem fuma e quem não fuma. Esse valor poderia ser
investido, por exemplo, na ampliação do acesso das crianças a vacinas ou na
compra de quimioterápicos para o SUS.
RS tem maior número de mulheres fumantes no país |
Como o estudo é pioneiro no país, não há comparativo local para saber se o valor é elevado demais. Sabe-se apenas que, em países como China e Estados Unidos, os investimentos são próximos a US$ 30 bilhões por ano.
Impacto
na saúde e na economia
A
expectativa da pesquisadora é de que o governo possa dar seguimento à pesquisa
e invista na atualização dos dados. Outra proposta é incluir na próxima
pesquisa os custos indiretos do tabagismo, relativos à perda da produtividade
do fumante ou ex-fumante no mercado de trabalho.
— O
fumante que se aposenta precocemente, ou sai do mercado, ou deixa de produzir
riqueza para o país — explica Márcia.
A
pesquisadora também concorda que a forte presença da indústria do tabaco no Rio
Grande do Sul pode ter influência na adoção de medidas de controle
anti-tabagismo. Porém, apesar das estatísticas negativas, é preciso considerar
o fato de que, com as medidas de controle como a proibição de publicidade na
televisão e no verso das carteiras de cigarro, bem como a restrição do fumo em
locais fechado, fez cair o número de fumantes no Brasil.
Segundo
dados do Instituto Nacional do Câncer (Inca), nos anos 80, 32% dos adultos
fumavam, e em 2007, esse número caiu para 17%. A expectativa é que a cada ano
baixe 0,3% o numero de fumantes.
— Isso
vai fazer que tenha uma redução importante nos casos de câncer de pulmão, se as
pessoas continuarem aderindo as campanhas — alerta Schwartsmann.
Doença
poderia ser rara
O envelhecimento precoce é um dos malefícios |
Não há medida mais eficaz para evitar o câncer de pulmão do que não fumar, já que o consumo de derivados do tabaco está na origem de mais de 80% dos casos da doença. Ou seja: se não fosse o fumo, essa poderia ser uma enfermidade rara. Comparados com os não fumantes, os tabagistas têm cerca de 20 a 30 vezes mais risco de desenvolver câncer de pulmão.
Manter alto consumo de frutas e verduras também é recomendado. Deve-se evitar, ainda, a exposição a certos agentes químicos (como o arsênico, asbesto, berílio, cromo, radônio, urânio, níquel, cádmio, cloreto de vinila, gás de mostarda e éter de clorometil), encontrados principalmente em indústrias.
Exposição
à poluição do ar, infecções pulmonares de repetição, deficiência e excesso de
vitamina A, doença pulmonar obstrutiva crônica (enfisema pulmonar e bronquite
crônica), fatores genéticos (que predispõem à ação carcinogênica de compostos
inorgânicos de asbesto e hidrocarbonetos policíclicos aromáticos) e história
familiar de câncer de pulmão também favorecem ao desenvolvimento desse tipo de
câncer.
AS
ESTATÍSTICAS REVELAM QUE OS FUMANTES COMPARADOS AOS NÃO FUMANTES APRESENTAM UM
RISCO...
• 10 vezes maior de adoecer de câncer de
pulmão
• 5 vezes maior de sofrer infarto
• 5 vezes maior de sofrer de bronquite crônica e enfisema pulmonar
• 2 vezes maior de sofrer derrame cerebral
• 5 vezes maior de sofrer infarto
• 5 vezes maior de sofrer de bronquite crônica e enfisema pulmonar
• 2 vezes maior de sofrer derrame cerebral
SE PARAR DE FUMAR AGORA...
• após 20
minutos sua pressão sangüínea e a pulsação voltam ao normal
• após 2 horas não tem mais nicotina no seu sangue
• após 8 horas o nível de oxigênio no sangue se normaliza
• após 2 dias seu olfato já percebe melhor os cheiros e seu paladar já degusta a comida melhor
• após 3 semanas a respiração fica mais fácil e a circulação melhora
• após 5 A 10 anos o risco de sofrer infarto será igual ao de quem nunca fumou
• após 2 horas não tem mais nicotina no seu sangue
• após 8 horas o nível de oxigênio no sangue se normaliza
• após 2 dias seu olfato já percebe melhor os cheiros e seu paladar já degusta a comida melhor
• após 3 semanas a respiração fica mais fácil e a circulação melhora
• após 5 A 10 anos o risco de sofrer infarto será igual ao de quem nunca fumou
Fonte: Jornal
Zero Hora (RS) – 16.06.2012 e www.cancer.org.br
(acesso em 16.06.12)
Um comentário:
Meu caro Jairo,e ainda vemos gente fumando. Isso não parece crível. São suicidas e homicidas!
Parabéns pela parceria com a Autosafety,
Sucessos!
Attico chassot
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