Promessa
feita, promessa cumprida!
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Renan toma posse da presidência do Senado pela segunda vez |
Na semana que passou anunciei que nesta edição traria um pouco da história deste profissional da política brasileira,
José RENAN Vasconcelos CALHEIROS e da perpetuação do clã nos recônditos da política nordestina. Nascido em setembro de 1955, no distante município de Murici, na zona da mata alagoana, seduzido pelo poder e pelas benesses que dele advém, como a grande maioria de nossos políticos, está no cargo
de Senador desde 1994. Ou seja, são mais de 18 anos na casa legislativa
federal. Até porque, o mandato de senador é de 8 anos.
Já
exerceu a presidência da casa no período de 2005 a 2007, quando renunciou por
denúncias de corrupção, evitando desta forma a cassação do mandato por quebra
de decoro parlamentar. Um dos fatos que mais chamaram a atenção naquela época,
foi a constatação de que o empresário Marcelo Gontijo, da Construtora Mendes
Junior, pagava a pensão e o aluguel da jornalista Mônica Veloso, com quem Renan
tem uma filha fora do casamento. Com a renúncia o caso foi abafado e ficou no
esquecimento, comportamento peculiar dentro do corporativismo que impera nestas instituições.
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Remi Calheiros, irmão de Renan, e Olavo Calheiros Neto, seu sobrinho, são prefeito e vice-prefeito de Murici - AL |
Mas
o que me chamou a atenção, ao pesquisar a vida pregressa do novo presidente do
Senado, foi ver a influência da família Calheiros na região de onde é
originária. Bem ao estilo “coronelista” da ascendência lusitana, a família
Calheiros espalha seus tentáculos por todo território alagoano, com raízes
profundas na pobre Murici das Alagoas. Ali se pode constatar o poder deste
coronelismo, e de como o público se confunde com o privado (ou como o privado se aproveita do público).
Minha
fonte, neste caso, foi o artigo-denúncia “Os donos do Senado”, do Professor
Marco Antonio Villa, da Universidade São Carlos ( disponível em http://oglobo.globo.com/opiniao/os-donos-do-senado-7611301). Segundo o professor, os Calheiros
dominam a prefeitura há mais de uma década. Atualmente, o prefeito de Murici é
o irmão de Renan, Remi Calheiros. E já pela quarta vez ocupa o cargo. O vice na
prefeitura é sobrinho de Renan, Olavo Calheiros Neto. Aliás, o pai e também
irmão de Renan, Olavo Calheiros, é deputado estadual em Alagoas, e ficou famoso
por agredir um integrante do programa CQC, ao ser perguntado sobre o sumiço de
5 milhões de reais da Assembleia Legislativa, de que é acusado. E tem mais. O
filho de Renan, cujo orgulho é possuir o nome de seu progenitor, e por isso se
chamar José Renan Vasconcelos Calheiros Filho, exerce o cargo de deputado
federal na atual legislatura em Brasília, pelo mesmo partido do pai, o PMDB.
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Olavo Calheiros, irmão de Renan, é deputado estadual em Alagoas e agrediu o repórter do CQC |
Mas,
voltemos à Murici dos Calheiros, como ressalta o professor Villa. Possui um
analfabetismo de mais de 40% entre seus 26 mil habitantes e um índice de
pobreza de 74,5% da população, com 41% recebendo mensalmente até um quarto do
salário mínimo. Não seria de surpreender a todos nós que a maioria destas
famílias fossem dependentes dos programas sociais do governo federal, como o
Bolsa Família, cuja ajuda tem resgatado pessoas da miséria extrema. E o
programa em Murici tem o cadastro controlado, como em todo o país, pelo
executivo municipal. Pois foi aí, que me impressionou um dado levantado pelo
professor Villa. O cadastro do Bolsa Família em Murici é controlado por nada
mais nada menos que Soraya Calheiros, esposa do prefeito Remi Calheiros, portanto,
cunhada de Renan Calheiros.
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Renan Calheiros Filho é deputado federal por Alagoas |
Pois
quando ouvi Renan Calheiros em seu discurso de posse como presidente do Senado,
no último dia 04 de fevereiro, me pus a pensar o quanto ainda temos de evoluir na
ciência política, para que nossas escolhas sejam realmente de pessoas
comprometidas com a sociedade e seu bem estar. Ao tomarmos alguns excertos de
sua fala se pode comprovar a diferença substancial entre o discurso e a
prática. E é isso que devemos ter em mente durante a solitária e individual
tarefa de depositar o voto consciente na urna a cada pleito.
1)
Me refiro à reforma tributária e à reforma política. Temas
sempre tão candentes e que, mais do que nunca, merecem prioridade absoluta.
2)
O que iremos discutir aqui nos próximos meses são as
propostas e soluções para um crescimento sustentável, igualitário e justo.
3) Estou certo que nossa
conduta estará pautada, como sempre foi, pelo bem comum e patriotismo na busca
de igualar as oportunidades, continuando a distribuir renda e minimizando a
pobreza.
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Soraya Calheiros, casada com o irmão de Renan e prefeito de Murici, controla o Programa Bolsa-Família no município |
4) Mesmo que estejamos em
situação de menor vulnerabilidade é necessária uma fiscalização permanente para
não perdermos as conquistas da economia dos últimos anos, que beneficiaram
especialmente os mais pobres.
Embora
todo o cuidado nas palavras proferidas durante seu discurso de posse, Renan e o
Senado jamais deram prioridade à reforma política (trecho 1), pois o
corporativismo impede essa pauta. Quanto ao crescimento igualitário e justo (trechos
2 e 3), quem se apossa de recursos públicos no pagamento de despesas pessoais
dificilmente está imbuído de intenções de patriotismo, de igualar
oportunidades, de distribuir renda ou de minimizar a pobreza. E a fiscalização
ressaltada (trecho 4) deveria sim, ser intensificada na correta e responsável
utilização das verbas públicas, principalmente por parte dos nossos representantes
no Congresso Nacional.
Para
quem quiser uma maior aproximação com o senador, aqui vão seus contatos, com dados extraídos da página oficial do senado brasileiro (www.senado.gov.br):
Senador
Renan Calheiros
nome
civil: José Renan
Vasconcelos Calheiros
data de nascimento: 16/09/1955 partido / UF: PMDB / AL naturalidade: Murici (AL) endereço parlamentar: Anexo I - 15º andar telefones: (61) 3303-2261/2263 FAX: (61) 3303-1695 correio eletrônico: renan.calheiros@senador.gov.br |
Um comentário:
Meu caro Jairo!
Ao chimarrear do ultimo domingo de fevereiro, leio teu elucidativo texto acerca do clã Calheiros. O torpe não ê existir esta família. O doloroso ê os senadores brasileiros, mesmo com o protesto de milhões fazê-lo presidente do Senado!
achassot
PS: quando se lê o blogue se instala um fundo "Love" que dificulta a leitura!
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