A profissão de Técnico em Segurança do Trabalho segue em alta no mercado |
Enquanto esta semana o Conselho Federal de
Medicina se contrapõe às ações do governo em buscar fora do país os médicos de
que tanto necessita para interiorizar a saúde pública, trato de ver o mesmo
assunto pela ótica da segurança do trabalho. Até porque, constantemente alunos
e alunas me questionam sobre as oportunidades de trabalho na profissão. Minha experiência
em termos de oportunidades me garantem que essa profissão continua “bombando”,
pra usar uma expressão bem atual.
Mas alguns alunos duvidam e se mostram incrédulos
diante da minha afirmação. Só pra se ter uma ideia, o que acontece com a
segurança do trabalho é o mesmo que acontece com outras profissões técnicas. As
empresas tem ofertado muitas oportunidades, até porque a legislação tem se
mostrado cada vez mais exigente e os órgãos de fiscalização intensificam suas ações,
impulsionados pelas cobranças da sociedade e principalmente quando se mobiliza
depois de tragédias como a de Santa Maria. Mas, da mesmo forma que em outras
áreas, há profissionais que deixam as escolas com algumas carências em termos
de conhecimento. Com isso não quero responsabilizar escolas e professores, até
porque também estou envolvido nesta tarefa de formação.
O interior dos Estados possui demandas para a profissão prevencionista |
Uma das disciplinas que ministro nestes
cursos é introdutória aos Riscos Ambientais, preparando-os para o entendimento
e a elaboração do PPRA – Programa de Prevenção de Riscos Ambientais
posteriormente. Como são alunos e alunas que estão estreando na carreira
prevencionista, costumo chamar a atenção para o curto tempo de um ano e meio na
formação de um profissional em segurança do trabalho. Saliento o quanto é
primordial que não deixem somente ao professor a responsabilidade de buscar o
conhecimento, mas que também sejam protagonistas desta formação, criando
habilidades e competências através da dedicação às leituras técnicas e o
despertar da curiosidade, embora eu creia que a nós docentes cabe esta última
tarefa. Eça de Queiroz, escritor português de grande expressão, autor de obras
como “Os Maias”, costumava dizer que “a curiosidade, instinto de complexidade
infinita, leva por um lado a escutar atrás das portas e por outro a descobrir a
América.” Talvez seja isso que se espera de nossos alunos e alunas, que ao
despertarem a curiosidade a respeito dos temas prevencionistas possam se
capacitar para as inúmeras oportunidades oferecidas pelo mercado de trabalho. E
disso eu não tenho nenhuma dúvida, pois a curiosidade faz com que busquemos
incessantemente respostas para nossas suspeitas da verdade.
Mas, similar à questão dos médicos, que
tomei como mote inicial desta edição, muitas oportunidades estão a disposição dos
recém formados profissionais no interior dos Estados. E falo “dos Estados”
porque isso ocorre não somente aqui no Rio Grande do Sul, mas em outros também.
Tenho observado a oferta de vagas em longínquas paragens, e sem candidatos que
as preencham. Tal como Juscelino Kubsticheck interiorizou o desenvolvimento do
país ao encravar a nova capital em pleno cerrado brasileiro, é necessário
que busquemos estas oportunidades e “interiorizemos” a segurança do trabalho.
Um de meus alunos, há cerca de quatro anos
atrás, quando todos os colegas prospectavam estágio próximo à capital, evitando
deixar o conforto da cidade grande, se propôs a realizar seu estágio numa cidade a mais ou
menos seiscentos quilômetros de casa. Foi aprender a profissão na prática
em um canteiro de obras na Usina de Machadinho, uma hidrelétrica em construção na divisa entre o Rio Grande do Sul e Santa Catarina. E foi com
a cara e a coragem. Me procurou na Escola e disse: “Professor Jairo! Será
que tu podes acompanhar este meu estágio?”. Notei em seus olhos um brilho diferente, do tipo de quem está catalisado por um desafio. Na época eu acompanhava alguns
alunos em estágio e propus que o acompanhasse à distancia, via Skype, já que
seria impossível viajar duas vezes por mês para a localidade. Todavia, ele
visitava sua casa uma vez por mês na capital. Então, combinei com ele que, nesta oportunidade, deveria
me trazer um relatório das atividades, e com a assinatura do Técnico em Segurança do Trabalho da
Construtora, para que nos reuníssemos e discutíssemos detalhes do aprendizado.
Também disponibilizei meu telefone para que fizesse contato em qualquer momento
que fosse necessário. O estágio foi um sucesso, e hoje este ex-aluno é um destacado profissional em empresa da região metropolitana. Ou seja, tivemos ali uma experiencia de "interiorização" do estágio.
Portanto, o desafio está lançado! São inúmeras
oportunidades de trabalho que se apresentam pelo interior do Brasil afora. Você
que está em vias de se tornar mais um profissional da área, não tem interesse
em fazer parte desta “interiorização” da segurança do trabalho? Ou também vamos
esperar que as empresas busquem fora do país estes profissionais, para que
depois se mobilizem as representações de classe, de forma a evitar esta importação?
Um comentário:
Meu caríssimo Jairo! Tua blogada semanal surge na esteira de outra discussão polemica: a importação de médicos já que os nativos não desejam se inferiorizar. Sobram nos grandes centros e faltam em pequenas cidades!
Parece que quanto aqueles importantes 'novos' profissionais: os técnicos em segurança ocorre afortunadamente o inverso. Seria desejável que as pessoas se conscientizassem do quanto viver no interior ê mais saudável!
com continuada admiração,
attico chassot
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