Falar em público é um dos maiores desafios para quem necessita ministrar treinamentos e palestras |
Diz o ditado que nos foram dados dois
ouvidos e somente uma boca, pois se deve “mais ouvir do que falar”.
Mas uma grande maioria pouco se importa com esse dito popular e extrapola no falar.
Assim é também em sala de aula. Seguidamente, nós docentes somos instados a
pedir atenção para iniciar a aula ou para retomá-la depois de uma pausa ou do
intervalo. É possível entender alunos e alunas quando procuram trocar informações,
ou até mesmo conhecimentos relacionados às temáticas escolares. Essa qualidade
é característica específica da raça humana. É ela a única na habilidade de ter
criado uma codificação de sons capaz do entendimento entre seus pares.
Mas e na hora de utilizar essa linguagem
para comunicar algo de novo, de inédito, para uma quantidade mais significativa
de pessoas? Na hora de fazer um discurso? Uma palestra? Um treinamento?
A sala de aula é um espaço oportuno para desenvolver a habilidade de falar em público |
Por tudo isso, quando trabalho disciplinas
iniciais do curso técnico em Segurança do Trabalho, procuro desenvolver a
habilidade de falar em público por parte dos alunos e alunas. Tenho estratégias
que vão desde o elogio, o apoio e, inclusive, o desafio. Minha experiência me
mostrou que para cada uma das individualidades há um modo diferente de lidar.
Para alguns há necessidade de afago e muito carinho para esse desenvolvimento.
Para outros, há que se propor desafios e até mesmo provocações. Diante da
reação da plateia, composta por colegas de sala de aula, antes de mais nada, procuro
me colocar como interventor toda vez que percebo demonstrações de “bulyng”
associada às primeiras experiências de oratória.
O Diálogo Diário de Segurança é um momento de sensibilizar os trabalhadores na prevenção de acidentes |
Tenho um orgulho enorme de, ao longo destes
anos, ter desenvolvido esta habilidade em inúmeros alunos e alunas, que
aceitaram e se propuseram a mudar esta realidade de medo e pânico. Alguns
conseguiram mais autonomia ao falar em reuniões e encontros, outros se
libertaram completamente deste complexo e hoje realizam treinamentos e
qualificações nas empresas onde atuam. São profissionais totalmente
independentes e cientes de sua responsabilidade na transmissão de
conhecimentos, seja em industrias de transformação, seja em canteiros de obras.
É o caso da Renata Ascal, minha ex-aluna na
Escola Técnica Cristo Redentor. Desde o início das nossas aulas de Segurança do
Trabalho I insisti aos alunos e alunas que preparassem pequenas apresentações,
no estilo dos Diálogos Diários de Segurança, os tão populares DDS, e que se
desafiassem na proficiência de ministrar conhecimentos como se estivessem no
auditório de uma empresa, ou num canteiro de obras a céu aberto falando com os
trabalhadores.
Como eu já previa, uns se postavam com certa
desenvoltura nesta tarefa, outros nem tanto, e alguns extremamente arredios
querendo até mesmo pedir por uma ajuda da “mãe” nesta hora. Era quando eu
intervia para amenizar a situação e amparar aqueles que mais necessitavam da
minha ajuda. E nesse contingente estava a Renata, bochechas vermelhas e tomada
por uma verdadeira fobia neste momento. Inúmeras vezes chamei-a e disse-lhe que
somente a ela seria possível modificar essa situação. Encorajei-a a assumir
esse desafio e esquecer o que os outros poderiam pensar a seu respeito. Aliás,
essa é a grande preocupação de quem fala em público: o medo da rejeição ou
ficar imaginando o que a plateia estará pensando a seu respeito. Quando essas
preocupações assumem a gerencia de nossa fala, estamos reféns da nossa própria
mente. Nesta hora, se deve direcionar toda a atenção para o conteúdo daquilo
que estamos desenvolvendo, com muita calma e bastante afinco.
E deu certo! A Renata desenvolveu uma
habilidade que parecia impossível até então; depois de várias tentativas e frustrações,
foi aos poucos mostrando tranquilidade e domínio da arte de falar. Surpreendeu
a todos nós nas apresentações que se seguiram.
Formou-se em novembro de 2010 e, terminado o
estágio, foi contratada pela empresa onde estagiou, a Construtora Goldzstein,
uma referencia no segmento da construção civil. Renata hoje realiza
treinamentos para turmas com cerca de 30 colaboradores, entre funcionários e
terceirizados, três vezes por semana. São conhecimentos importantes de
segurança do trabalho para pessoas que trabalham nos 23 canteiros de obras que
a empresa mantém no Estado.
Esta semana, me comoveu um depoimento dela
nas redes sociais a respeito do assunto, pois em grande parte nossa memória
docente é falha no sentido de relembrar peculiaridades do passado. Depois de
ler o relato, rememorei nossas aulas e pude comprovar o quanto o esforço da
Renata foi importante para ultrapassar uma das barreiras que acomete grande
parte dos alunos e alunas no curso técnico em Segurança do Trabalho, a fala em
público.
“Parabéns Renata!
Que seu exemplo sirva de incentivo a todos
aqueles que buscam a superação destas dificuldades”.
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Um comentário:
Parabéns Renata!
Parabéns Jairo!
Uma e outro são briosos vencedores nesse significativo relato. Há muito que aprender com vocês.
attico chassot
http://mestrechassot.blogspot.com
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