O QUE ESPERAR DE 2014

Não estou sem assunto prá começar 2014. Se vasculhar o baú midiático vou

Luiz Fernando Veríssimo

encontrar uma quantidade enorme de temas. E o final de 2013 e início de 2014 nos reservou muitas reflexões: prisões de políticos, Copa do Mundo de futebol, manifestações de junho e muito mais. Mas queria me inspirar em alguma coisa bem humorada para meus leitores, de forma a tornar mais palatável esta estreia.

E fui encontrar no talento do escritor Luiz Fernando Veríssimo coisas que só podiam ter sua assinatura.

Começando o ano novo, diz ele que tem gente estudando a tabela da Copa do Mundo para ver se há possibilidade de a final ser entre Brasil e Uruguai, como em 1950. Diz ainda que as duas seleções se enfrentaram muitas vezes depois daquela derrota que está atravessada na garganta de uma geração. Para ele, uma desforra depois de 64 anos, valendo outro título e no mesmo palco do crime anterior seria ideal. E ele não descarta essa possibilidade, pois

Brasil X Uruguai podem disputar uma final outra vez

“O time do Uruguai não está mal. Vários dos seus jogadores brilham na Europa. O Forlan, melhor jogador da última Copa, parece ter esquecido seu futebol num quarto de hotel da África do Sul, mas pode muito bem só estar esperando esta Copa para voltar a ser o que foi. Enfim, estaria tudo pronto para uma catarse coletiva. Ou para outra tragédia, claro.”

E o Veríssimo foi sublime em comentar a recente investida de nosso conhecido senador e presidente do Congresso Nacional no uso dos jatinhos da FAB para assuntos de cunho doméstico (outra vez: já havia utilizado este recurso em festa de parentalha tempo atrás). Com tamanha desfaçatez, Renan Calheiros ressarciu os cofres públicos somente depois de experimentar a pressão popular. Mas para nosso escritor, isso tudo é uma injustiça com o nobre senador. Afirma ele que

Renan Calheiros: novamente o abuso dos recursos públicos

“Todo esse falatório sobre a sua ida num jato da FAB para fazer um implante de cabelos no Recife, e desperdício de dinheiro público e blablabá, e ninguém se lembrou de fazer a pergunta que realmente interessa: o implante foi bem-sucedido? Li que o resultado só começará a aparecer com o tempo. Quer dizer, vamos pelo menos esperar para ver como fica o homem, antes de falar em desperdício”.

Por fim, gostei muito do que escreveu ele a respeito do julgamento do STF em relação ao mensalão. Ao eleger Personalidades do Ano, como fiz também na blogada da semana passada, trouxe como destaques empatados em segundo lugar na sua escolha, Joaquim Barbosa e Neymar. Diz Luiz Fernando Veríssimo sobre os dois:

“O presidente do STF é visto por uns como herói, por outros como um Grande Inquisidor fora de época. A maioria vai esperar para ver como o STF se comporta no julgamento do mensalão de Minas e dos cartéis de São Paulo – se é que haverá julgamentos. Há quem diga que só será possível confiar na justiça brasileira cem por cento quando, numa pelada entre times de presos no pátio da Papuda, o PT e o PMDB jogarem cada um com onze. Quanto ao Neymar, não é verdade que o Messi se machucou providencialmente, para sair do time e não ser comparado com ele. Mas é certo que Neymar foi o brasileiro com melhor atuação no ano, em qualquer atividade.”

Uma pelada no presídio da Papuda pode reunir PT x PSDB

Por ter cometido um equívoco no artigo abordando o julgamento do mensalão, onde citou o PMDB como adversário do PT na Papuda, esta semana ele se penitenciou no mesmo periódico. Disse que quando citou o PMDB, quis dizer na verdade, PSDB. Assim destacou: “Não tenho nem a desculpa do "m" e do "s" estarem lado a lado no teclado, e eu ter errado a pontaria por milímetros. Foi patetice mesmo. Desculpe, PMDB.”

Prá começar o ano, nada melhor que a habilidade e a competencia deste grande escritor brasileiro, e que, mesmo cometendo equívocos, é capaz de transformar em obra prima aquilo que escreve. Um Feliz 2014 a todos e a todas.