A morosidade das obras da capital importunam a mobilidade urbana |
Esta
semana pensei em escrever algo a respeito da Semana Farroupilha, ou ainda,
sobre as Eleições, que já começam a fatigar o eleitor com tanta poluição
visual, tanto nas calçadas repletas de cavaletes quanto no som e imagem das rádios
e tvs. Mas preferi trazer um tema que há tempo tenho adiado tratar: aquelas
obras que diariamente me incomodam, principalmente pelo tempo que aí estão e parecem
se arrastar em suas conclusões. E o prefeito Fortunati, nesses tempos de política,
parece ter desaparecido. Tenho uma leve impressão de que a cidade está jogada
às moscas em termos de administração. E as obras que aí estão, clamam por
alguém que assuma esta responsabilidade. Não é mesmo?
Lá se
vão mais de dois meses que a Copa 2014 se encerrou no Brasil. E as obras
prometidas como meios de “mobilidade urbana” para o evento seguem incompletas e
dando dor de cabeça para os moradores de grandes centros urbanos, como Porto
Alegre. Essas obras são de responsabilidade das prefeituras, com recursos do
governo federal. E os argumentos que justificam o atraso das obras parecem ser
igualmente intermináveis. Uma hora é o atraso no repasse de recursos do governo
federal, outra hora é a revisão do cronograma de entrega por causa do mau
tempo. Outro dia fiquei pasmo ao saber que algumas obras haviam atrasado por
causa da falta de areia no mercado local, tendo em vista o protesto das
empresas de dragagem que retiram areia dos rios locais. Um absurdo.
As obras da rua Anita Garibaldi é uma das mais demoradas |
Uma das
obras mais demoradas é a passagem subterrânea na rua Anita Garibaldi sob a
avenida Carlos Gomes. Os comerciantes locais que ainda não quebraram, e que resistem
bravamente, estão desesperados, pois viram as vendas despencar há mais de ano e
não tiveram qualquer alívio nos impostos a serem pagos. Essa obra teve diversas
paralisações no seu transcorrer. Uma destas paralisações ocorreu há mais de
ano, quando uma rocha apareceu no caminho da construtora e foi necessário
inserir um aditivo no contrato. Pasmem...
Outra
obra que parece interminável é o viaduto da avenida Bento Gonçalves. A previsão
de entrega é para 2015, mas já está tendo revisões e parece que o prazo não
será cumprido. Um dos motivos é a revisão do projeto, tendo em vista o exemplo
do que ocorreu em Belo Horizonte, com a queda de um viaduto em construção,
causando a morte de duas pessoas e mais 23 feridas. Segundo o Jornal do
Comércio, em sua edição de 23 de julho passado, o CREA-RS garantiu a
estabilidade e segurança da obra da Bento.
Concluindo
minha avaliação geral sobre as obras intermináveis de Porto Alegre, chamo a
atenção para aquelas do BRT das avenidas Protásio Alves e Carlos Gomes, por
onde irá circular o transporte coletivo da capital. Nestes canteiros de obras o
que menos se vê são trabalhadores em atividade. Raríssimas vezes notei algum
tipo de trabalho nestes locais. E quando se fazem presentes, os trabalhadores
estão sentados, conversando, ou acionando seus telefones móveis, como se tudo
fosse um grande parque de diversões. Fico me perguntando: “Mas onde estão os
gestores destas obras? Quem é o responsável por fazer esse pessoal cumprir suas
responsabilidades?“
Outro
dia me perguntava o “porquê” da morosidade destas obras. Será que há enrustido
nesta malemolência algum interesse extra de uma das partes, prefeitura e
empresa contratada? Sinceramente, me dá a impressão de que há uma predisposição
das empresas contratadas em estender os prazos de entrega. Talvez essa demora
implique em novas negociações do contrato original, impactando no valor final
das obras. Será isso mesmo?
Confesso
a vocês que já me acostumei com essas obras intermináveis, haja vista a duplicação
da BR101 que leva ao litoral catarinense. Lembro bem de inúmeras inaugurações de
trechos, ainda do tempo do governo FHC, que iniciou seu mandato em 1995. Lá se
vão quase vinte anos. E pensar que o presidente Lula também esteve na região Sul
por duas vezes para inaugurar a duplicação da rodovia. Algumas promessas da duplicação,
publicadas no jornal Zero Hora de fevereiro de 2009, olhadas sob a ótica atual
são dignas de piada. Observem:
“Todas as
duplicações previstas para a BR-101 estarão concluídas em junho do ano 2000.”
Eliseu Padilha, ex-ministro dos Transportes
(junho de 1997)
“Posso garantir que, até o final deste ano, a obra estará concluída, desde São Paulo até Osório, no Rio Grande do Sul.”
Fernando Henrique Cardoso, ex-presidente (abril de 2000)
“Espero que as obras de duplicação da BR- 101, no trecho entre Osório e Palhoça, tenham início ainda em 2003, no segundo semestre.”
“Posso garantir que, até o final deste ano, a obra estará concluída, desde São Paulo até Osório, no Rio Grande do Sul.”
Fernando Henrique Cardoso, ex-presidente (abril de 2000)
“Espero que as obras de duplicação da BR- 101, no trecho entre Osório e Palhoça, tenham início ainda em 2003, no segundo semestre.”
Anderson
Adauto, ex-ministro dos Transportes (janeiro de 2003)
“Queremos fazer no menor tempo possível. Talvez ela demore porque é uma estrada difícil de ser feita, talvez demore três anos.
“Queremos fazer no menor tempo possível. Talvez ela demore porque é uma estrada difícil de ser feita, talvez demore três anos.
Luiz
Inácio Lula da Silva, presidente (dezembro de 2004)
Políticos que fizeram previsões equivocadas na conclusão da obra |
Fica então a
pergunta: “Dá mesmo prá acreditar em promessas de políticos? Um bom tema para avaliar
em tempos de campanha.
Um comentário:
Meu caríssimo Jairo,
e as paralisadas obras na Farrapos? Há uma quase eterna necessidade do desvio para chegar ao aeroporto.
Alí as obras não são morosas; são paradas.
Realmente o Fortunati não está nem aí!
Assunto oportuno desta domingueira.
Solidária e sofridamente aplaudo tua blogada
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