As notícias dos jornais nos deixam atônitos a cada dia |
No mundo em que vivemos ocorrem fatos que nos deixam
atônitos. Os comentários de que o mundo está no fim são muito comuns. A situação
iminente de falta de água em muitos países, a exploração ilimitada dos recursos
naturais sem trégua pelo consumismo exacerbado, os casos de corrupção denunciados
em todas as esferas de poder e as barbáries de grupos radicais extremistas no
mundo árabe nos fazem pensar que estamos realmente numa situação irreversível.
Mas, por outro lado, há notícias capazes de tornar
nosso cotidiano esperançoso de um futuro melhor. Como eu ouvia ainda esta
semana o cantor brega e bem humorado Falcão destacar em um programa de entrevistas;
dizia ele que música brega é que nem colesterol, tem a boa e a ruim. Eu acredito que as notícias também se assemelham ao colesterol, tem as boas e tem
as ruins. Basta que saibamos escolher.
Pois o avanço tecnológico me impressiona cada vez
mais, quando ele se mostra capaz de interferir em nossas vidas de forma
incontestavelmente benéfica. Lembro muito bem quando tomei conhecimento da
importante contribuição do físico alemão Wilhelm Roentgen, na descoberta do
raio-x. Imaginem se tivéssemos de abrir um paciente para saber se houvera algum
tipo de fratura? Pois o raio-x nos possibilitou enxergar a parte interna da
estrutura esquelética, sem a necessidade de qualquer intervenção.
Cirurgias minimamente invasivas, cada vez mais frequentes |
E destas interferências que a tecnologia faz em nossas
vidas, o uso dela para melhorar a saúde da população é o que mais me empolga. Quando
li a respeito das primeiras cirurgias não invasivas, realizadas através de equipamentos
especiais, posso garantir-lhes que fiquei extasiado. Aqueles médicos ali
pareciam crianças brincando em seus videogames. E todas as vantagens do
processo: sem contaminação, com reduzida margem de erro e praticamente sem incisões.
Uma coisa muito fantástica. A novidade marcava o fim do uso indiscriminado do
bisturi, e daquelas suturas que levavam o paciente a convalescer por mais de
semana num leito, com o risco de infecção durante a cicatrização. O paciente
realiza a cirurgia e horas depois pode sair caminhando do hospital.
O cirurgião John Meara estudou a estrutura óssea do crânio de Violet Pietrok antes da cirurgia |
Pois agora outra novidade tem chamado a atenção. Outro
tipo de tecnologia está sendo utilizada em prol da saúde humana e até mesmo
animal. O uso da impressora de três dimensões, mais conhecida como impressora
3D. A ciência médica tem se utilizado da tecnologia para simular intervenções e
planejar procedimentos antes mesmo que eles ocorram. Um exemplo disso foi a
notícia veiculada esta semana no New York Times: “Impressão em 3D evita
surpresas na mesa de cirurgia”. O cirurgião John Meara, do Hospital Infantil de
Boston, simulou um processo cirúrgico de uma menina de 2 anos de idade, portadora de uma malformação rara chamada “fenda facial de Tessier”. Fazendo
uso da impressora 3D, ele pode compreender com maior precisão a estrutura óssea
da menina através de um modelo tridimensional criado pelo colega Peter
Weinstock. Outros três modelos em 3D possibilitaram ainda que ele girasse o modelo
de crânio e o cortasse e manipulasse, de modo a definir a melhor maneira de
aproximar os globos oculares durante a cirurgia e no tratamento posterior.
O colombiano Diego toca guitarra graças à prótese feita pela impressora |
Para mostrar ainda a importância que a impressora vem
tomando nos últimos anos, a revista Tecmundo publicou reportagem em que um
menino colombiano que perdeu a mão direita ao nascer, teve implantada recentemente
uma prótese no local, para que pudesse realizar um grande sonho: tocar
guitarra. E o modelo saiu de uma impressora 3D.
Também, a medicina veterinária tem se utilizado da tecnologia
para reabilitar animais. O jornal da BBC publicou esta semana que quatro empresas
costarriquenhas vão financiar uma prótese para um tucano que foi maltratado por
jovens naquele país. E a tecnologia para a criação da prótese terá na impressora
3D seu grande recurso. Os Estados Unidos tem se utilizado em grande parte da
impressora para reabilitar animais como águias e pinguins.
Portanto, vez por outra temos de selecionar o que lemos, dando importância não somente para tragédias e barbáries.
Quem sabe não possamos escolher qual tipo de colesterol realmente queremos, o
LDL que pode entupir os vasos sanguíneos e desencadear problemas cardiovasculares,
ou o HDL, que leva o excesso de colesterol para o fígado para ser eliminado
pelo intestino. No caso das notícias, podemos vê-las também assim.
Fontes: Veja (09.02.14), Folha de São Paulo (07.02.15), Tecmundo (03.02.15)
Um comentário:
Meu caro Jairo,
faço minha chegada semanal a teu blogue em meio ao recesso carnavalesco. Tu apresentas nesta semana um mundo de quase de ficção científica. Comparo com flashes dos desfiles, ali aparece também um mundo no qual a palavra fantasia ganha nova dimensão.
As ficções de Júlio Verne que encantavam nossa adolescência se esboroam em realidades onde é cada vez mais tênue o limite do real e do imaginário.
Realmente somos todos mais ou menos ciborgues!
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