Um dia para reflexão |
Mas o que mudou de lá para cá?
Se estivesse vivo
ainda, José Antônio Lutzenberger traria à tona novamente seu Manifesto
Ecológico Brasileiro, lançado na Associação Gaúcha de Proteção ao Ambiente
Natural (AGAPAN) exatamente no dia 08 de novembro de 1976. Ou seja, há 39 anos.
O manifesto é documento atualíssimo, tratando de temas que nos levam a crer na
impossibilidade de imaginar um futuro promissor para a humanidade.
Tanto ele quanto
James Lovelock, cientista britânico autor da Teoria de Gaia, destacam o desequilíbrio
do planeta e as reações advindas deste comportamento irresponsável do ser
humano frente aos recursos naturais. Lovelock propõe em sua teoria que a vida
na Terra tem função ativa na manutenção das condições para sua própria existência.
Para ele, as reações do planeta às acoes humanas podem ser entendidas como uma
resposta auto-reguladora desse imenso organismo vivo, Gaia, que sente e reage
organicamente. A emissão de gás carbônico, de clorofluorcarbonetos (CFC), de
desmatamentos dos biomas importantes como a floresta amazônica, a concentração de
renda, o consumismo e a má distribuição de terras podem causar sérios danos ao
grande organismo vivo e aos outros seres vivos, inclusive ao ser humano. Por
conta disso, há aumento do efeito estufa, a intensificação de fenômenos climáticos,
o derretimento das calotas polares, a chuva ácida, a miséria e a exclusão humana.
Lutzemberger
em seu manifesto destacava o comportamento da sociedade industrial
estabelecida. Dizia que “a ideologia da
Sociedade Industrial, com sua adoração incondicional da máquina e da produção,
é uma religião fanática, com fervor missionário e força de convicção como nunca
houve na história da Humanidade. Esta religião se considera a única verdadeira
e não admite divergências; com todos os meios procura impor-se. Sua imagem e
incentivos são tais que todos querem aderir, raros são os que ainda se negam”.
E o que vemos hoje em dia
é a continuação sistemática de um comportamento irreverente e despreocupado com
relação ao futuro da humanidade. Parece que o que mais interessa mesmo é o
momento atual, o prazer da vida vivida de forma intensa e sem limites. Observem
o comportamento de algumas pessoas nos shopping centers, transitando por ali
buscando atonitamente saciar suas volúpias consumistas. Aliás, é tudo que
propagam as agencias de marketing e publicidade, como medicamento eficaz para
uma sociedade acometida de neuroses de individualidade e extremo egoísmo.
Mas quem recomenda estas panaceias
tem o interesse financeiro do lucro às custas de qualquer medida, mesmo que
tragam impacto negativo sobre os recursos naturais escassos que ainda nos
restam. Basta contemplar a riqueza das toneladas de lixo que se recolhem
diariamente nas grandes capitais. Só para se ter uma ideia, o brasileiro produz
em média por dia um quilo de lixo. Em 2013 foram contabilizados o desperdício
de 76 milhões de toneladas de embalagens, restos de alimentos e outros
materiais. Disso tudo, pelo menos 30% poderiam ter sido reciclados ou
reaproveitados.
Pouca coisa mudou no comportamento humano das últimas décadas |
Algumas escolas tem
buscado tratar a questão de forma transdisciplinar, como recomenda nossa
politica nacional de educação. Mas no meu modo de ver, há uma certa ineficácia nestas
ações. Observo docentes mal orientados, mesmo que com certa dedicação,
realizando oficinas de reciclagem de materiais, fazendo uso de garrafas pet,
tampas de refrigerantes e outros materiais. Mas a partir da tradicional
Política dos 3Rs, acredito que o mais importante para que consigamos uma transformação
no comportamento da sociedade, é a intensificação no primeiro R – Reduzir. A redução
do consumo é um fator comportamental que pode levar os sujeitos a trabalhar de
forma crítica a aquisição de bens supérfluos e descartáveis de forma
desnecessária, evitando assim o desperdício e, por consequência, preservando os
recursos naturais em prol das futuras gerações. Só assim poderemos pensar num
dia 05 de junho em que se tenha algo a comemorar.
Um comentário:
Meu caro Jairo,
eu no meu blogue mestrechassot.blogspot.com relativo a data que celebras esta semana evoquei meu pai, que certamente foi um ambientalista, quando esta palavra talvez não figurasse na sua cartilha.
Tu trazes hoje a nossa memória o nome de dois dos maiores ícones: James Lovelock e José Lutzenberger.
Obrigado pelos alertas que fazes nesta edição semanal de teu blogue.
A admiração de
attico chassot
Www.professorchassot.pro.br
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