Um dos papéis fundamentais deste Blog, desde sua edição inaugural lá
pelos idos de 2007, é levar informação relevante e de utilidade aos meus alunos
dos cursos técnicos em segurança do trabalho. Por isso, tenho tido sempre uma preocupação
de utilizar este espaço para contribuir com a formação dos mesmos.
E nesta semana, quero trazer duas palavras para reflexão e para
entendermos seus significados: o “absenteísmo” e o “presenteísmo”.
A primeira é bem mais conhecida, pois circula em muitas conversas e diálogos
corriqueiros dos cursos da área de saúde. A segunda ainda é pouco conhecida,
mas vem tomando notoriedade na medida em que as doenças ocupacionais tem
preocupado os profissionais de saúde e prevenção. Muito bem, vejamos então.
ABSENTEÍSMO
O Absenteísmo compromete a empresa e o trabalhador |
Absenteísmo é uma palavra com origem no latim, onde “absens”
significa “estar fora, afastado ou ausente”. O absenteísmo consiste no ato de
se abster de alguma atividade ou função.
O absenteísmo nas empresas designa a
tendência dos membros de empresas para se defenderem contra certas deficiências
nas relações laborais faltando ao trabalho (faltar por doença, por exemplo). O
absenteísmo aumenta os custos para a empresa, e dificulta a concretização dos
seus objetivos, afetando a sua eficácia e eficiência. Ele pode ser causado por
doenças, por motivos familiares, motivos pessoais, dificuldades financeiras e
de transporte, falta de motivação, atitudes impróprias da entidade patronal,
etc.
O
absenteísmo revela aos responsáveis pela empresa que o clima que nela existe é
desfavorável, ou seja, que certos indivíduos perturbam a camaradagem de grupo,
que os membros da empresa têm necessidade de um tratamento mais humano ou que
uma errada distribuição dos diversos processos do trabalho leva a uma excessiva
carga laboral em algumas ocasiões, etc.
O Presenteísmo é comum na sociedade pós-moderna |
Em muitas ocasiões, o absenteísmo apresenta causas
sociais ou psíquicas, e não materiais. Por esse motivo, uma das melhores
maneiras de combater o absenteísmo é fomentar as relações humanas dentro da
empresa.
PRESENTEÍSMO
A
pessoa até se interessa por prestar atenção no que está fazendo, mas quando dá
por si, percebe que sua mente está longe, mergulhada em imagens de algum outro
lugar. Isso acontece todos os dias com trabalhadores ou estudantes, e se torna
um distúrbio, conhecido por “presenteísmo”.
Quando
se repete com frequência pode ser considerado um dos sintomas que antecede o
estresse ou a depressão. O desconforto afeta negativamente a produtividade do
profissional, afinal ir todo dia ao trabalho, sentar-se em frente ao computador
e atender as ligações telefônicas não significa, necessariamente, que a pessoa
está ali.
"O incômodo não é considerado uma doença, mas um conceito. Ele pode causar queda no desempenho e na produtividade, além de isolamento social", diz o clínico-geral Marcelo Dratcu, especialista em Medicina Comportamental. Por falta de engajamento, motivação ou por problemas de saúde física e psíquica, o trabalhador pode estar mentalmente e emocionalmente ausente.
"O incômodo não é considerado uma doença, mas um conceito. Ele pode causar queda no desempenho e na produtividade, além de isolamento social", diz o clínico-geral Marcelo Dratcu, especialista em Medicina Comportamental. Por falta de engajamento, motivação ou por problemas de saúde física e psíquica, o trabalhador pode estar mentalmente e emocionalmente ausente.
Dr. Marcelo Dratcu, especialista em Medicina Comportamental |
Esse
é um problema que vem ocorrendo atualmente dentro das empresas e que tem
chamado a atenção daqueles que atuam na área de gestão de pessoas. No entender
de Marcelo Dratcu, a situação atrapalha a produtividade, já que essas pessoas
podem contaminar de forma negativa o desempenho de toda uma equipe.
"O presenteísmo pode causar maior
queda de produtividade do que o absenteísmo (a ausência do profissional na
empresa)", reconhece o
médico, salientando que, o distúrbio é pouco diagnosticado, pois apenas uma
pequena parcela dos trabalhadores busca auxílio. Com efeito, é muito
difícil quantificar as causas e as consequências físicas e emocionais de se
estar "mais ou menos" presente.
ATESTADO MÉDICO E ABSENTEÍSMO
Recentemente,
uma parceria entre a Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) e o
Hospital de Clínicas de Porto Alegre (HCPA) trouxe o tema à discussão, num
vídeo do programa “Grand Round” coordenado pelo Prof. James Fleck. O mesmo está
disponível na última edição da “Revista Proteção” On-Line (www.protecao.com.br) e vale a pena ser
assistido. Prá quem quiser assistir aqui, está à disposição abaixo.
Grand Round, programa refletiu sobre absenteísmo e presenteísmo
Nele os professores Álvaro Roberto Crespo Merlo e Francisco Jorge
Arsego Quadros de Oliveira, professores do serviço de medicina ocupacional do
HCPA, debatem o assunto.
Fontes:
Revista
Proteção – Edição Julho 2015
Um comentário:
Meu caríssimo amigo Jairo,
quando li tua blogada no fim de semana, propus-me trazer outra leitura ao presenteísmo — vinculação exclusiva ao presente, sem enraizamento com o passado e sem perspectivas para o futuro — . Ancoro-me no “Breve Século 20” de Eric Hobsbawm “A destruição do passado — ou melhor, dos mecanismos sociais que vinculam nossa experiência pessoal a das gerações passadas — é um dos fenômenos mais característicos e lúgubres do final do século XX. Quase todos os jovens de hoje crescem numa espécie de presente contínuo, sem qualquer relação orgânica com o passado público da época em que vivem. Por isso os historiadores, cujo ofício é lembrar o que os outros esquecem, tornam-se mais importantes que nunca no fim do segundo milênio”. (Hobsbawm: 1995, p. 13).
É no apossamento das recomendações de Hobsbawm, que nós educadoras e educadores temos também o ofício cometido aos historiadores: lembrar o que os outros esqueceram. É neste espírito que na pesquisa aqui relatada se revisita nossas raízes passadas para encontrar perspectivas para o futuro.
Mais detalhes em: CHASSOT, Attico. A pesquisa de saberes primevos catalisando a indisciplinaridade. p. 115-133, em O Ensino Médio e os Desafios da Experiência: movimentos da prática AZEVEDO, José Clovis; REIS, Jonas Tarcísio (orgs). São Paulo: Fundação Santillana e Moderna, 2014, 237p. ISBN 978-85-63489-22-7; este livro está disponível gratuitamente na rede.
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