09 setembro 2017

EDUCAÇÃO: NÚMEROS RELUZENTES, REALIDADES INDIGENTES

Ricardo Boechat foi um dos convidados
do SINEPE RS 
A primeira semana de setembro que se encerra neste sábado teve marcas muito gratificantes de conhecimento acumulado. E uma delas ocorreu na terça-feira, dia 05, quando me fiz presente no evento do SINEPE – Sindicato do Ensino Privado do Rio Grande do Sul. O evento ocorreu no prédio 40 da PUC RS. Ali compareci sob os auspícios da Faculdade Factum para ouvir um “Talk Show” com o jornalista Ricardo Boechat, ancora do Jornal da Rede Bandeirantes. E o tema não podia fugir à nossa angústia diária: as denúncias de corrupção e as possibilidades para as eleições de 2018.

Neste cenário brasileiro trágico, Boechat iniciou destacando o quanto a sociedade brasileira tem modificado sua preferencia pelas informações da política. Segundo ele, ao abastecer o carro num posto de combustível foi indagado por um frentista: ”Mas você viu aquele Lewandowski? Será que ele tem razão?”. E ao adentrar o mercado pra comprar carne, veio o açougueiro lhe dizer: “Mas aquele Gilmar Mendes não dá pra aguentar, não é mesmo?” Isso demonstra que o povo tomou gosto pela informação.
A educação tem números reluzentes e realidades indigentes
Num segundo momento, o jornalista disse que as manifestações de 2013 definiram o impeachment, e causaram um “racha” de ideologias que se mantem até hoje. Para ele, o conflito está adormecido e deverá retornar em 2018, independentemente do “repolho” que seja eleito presidente nas eleições.
A educação é um componente fundamental na mudança do país, para Boechat, embora a pública esteja praticamente “destroçada”, principalmente por causa da realidade social atual. Neste momento ele destacou uma frase do senador Cristovam Buarque sobre a educação: “A Educação tem números reluzentes e realidades indigentes”. E o professor, profissional relevante neste segmento, consegue tão somente "sobreviver", tendo em vista os baixos salários e a falta de apoio. 
Numa crítica ácida sobre a realidade atual, o palestrante referiu que muito se tem falado de uma “educação do futuro”. Mas para ele, grandes valores se perderam da “educação do passado”, como algumas práticas importantes e uma postura de respeito à figura de referência em sala de aula: o professor. 
Para Boechat "as quadrilhas organizadas se apoderaram
dos espaços públicos"
Ao tratar da situação atual da sociedade brasileira, Boechat destacou que “o grande inimigo desta sociedade é o Estado Brasileiro, porque se apoderou com suas quadrilhas muito bem organizadas dos espaços públicos e fez deles sua propriedade”. Um destes exemplos atuais é a privatização da Eletrobrás, em busca de recursos para estancar as mazelas que o próprio Estado gerou com suas despesas. Segundo o jornalista, “É como vender a casa prá proteger o filho que vai prá boate todas as noites!”. 
Quase ao término, foi perguntado pela Irmã Cecília de uma escola local sobre o “Pacto Federativo”, que traga os recursos nacionais, e ao redistribui-lo deixa os municípios com o “pires na mão”, fazendo com que os prefeitos tenham que mendigar em Brasília. Boechat afirmou que a realidade brasileira se compõe de um “modelo piramidal”, em que a responsabilidade e a pressão popular na execução das políticas públicas e a arrecadação e os gastos públicos se mostram como figuras invertidas. (modelo abaixo)
Como o jornalista enxerga o Pacto Federativo brasileiro 
Ainda sobre o Pacto Federativo, o jornalista ressaltou que para cumprir o que foi pactuado com estados e municípios, “o problema não é o que está no papel”, mas sim no comprometimento dos políticos e na sensibilização humana dos resultados que se quer. E isso não acontece com a classe política neste momento. Há certamente interesses individuais em detrimento do coletivo, e os crimes de corrupção também se dão em âmbito estadual e municipal.
Ao se despedir, Boechat agradeceu o convite e destacou a alegria de retornar ao Rio Grande do Sul e novamente falar aos dirigentes de escolas e professores do ensino privado. Foi um evento gratificante que valorizou a semana.      

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