08 novembro 2008

E NÓS PROFESSORES? A QUANTAS ANDAMOS?

Como docentes creio que nossa grande obrigação é transformar a escola num ambiente propício ao resgate do conhecimento e ao exercício contínuo da reflexão. E isso só será possível se formos capazes de mobilizar nosso alunos para uma nova atitude pedagógica, uma atitude onde se façam redes de conhecimento. Essas redes devem ser constituídas de estratégias de abordagem, onde teoria e prática estejam sempre se entrecruzando no ambiente da sala de aula. É dessa forma que tenho procurado conduzir minha atitude docente, algumas vezes obtendo sucessos, pela resposta positiva que recebo na avaliação de grande parte dos alunos, outras vezes cometendo certos deslizes, pela sensação de insatisfação que observo em alguns semblantes. Mas, na autocrítica que costumo fazer, creio que o saldo é positivo e, por isso, não devemos desistir facilmente de buscar uma nova forma de atuar.


Certo dia desses, me deleitava com um artigo de um pedagogo sobre a realidade da educação atual em nosso país, trazendo uma reflexão sobre a deficiência comprovada pelas avaliações do MEC. Dizia ele que imaginassemos a existência de uma máquina do tempo, onde profissionais de séculos passados pudessem nos visitar em pleno raiar do século XXI. É bem provável que um engenheiro ficaria pasmo ao observar o avanço tecnológico do processo da arquitetura pós-moderna, onde as grandes obras da atualidade tomam formas espetaculares em menos de um mês, tal a dinâmica imprimida na velocidade da construção civil. Da mesma maneira, podemos imaginar a visita de um cirurgião do passado a um hospital de transplantes de nossos dias. Ficaria tresloucado diante de tantas novidades, de tantas inovações nos métodos adotados pela atual medicina. Mas e se recebessemos a visita de um professor de séculos passados? Qual a reação esperada deste profissional cuja maior atribuição é incutir e sensibilizar os aprendizes na busca de novos conhecimentos? É bem provável que ficaria decepcionado.

A pedagogia é uma das áreas em que menos se observaram transformações desde que o modelo atual foi implantado ainda na Idade Média, adotando modelo baseado nos preceitos da religião católica. O modelo que conhecemos da sala de aula utilizada em nossos tempos ainda é aquele que preponderava nos mosteiros medievais, onde era costume o castigo e a repreensão em casos de mau comportamento. E de lá para cá, pouca coisa mudou. A disposição das mesas e cadeiras, a lousa defronte ao conjunto de alunos disciplinadamente acomodados em seus lugares e a tradicional nominação dos discentes para verificar suas presenças ou ausências, isso tudo é cópia do passado distante.

Mas será realmente que não houveram mudanças neste tempo todo? Será que desde o século XIV a escola continua igualzinha como era?

Ah, sim! Houve mudanças. Por exemplo: já não se usa a "palmatória" para castigar aqueles mais insolentes que ousavam afrontar o professor. Também já não existe aquele degrau mais alto onde o professor se posicionava para mostrar a hierarquia da sala de aula. Os alunos também não se levantam em sinal de respeito quando o professor adentra o recinto. Mas de resto, alguns continuam escrevendo intermináveis conteúdos no quadro negro e aterrorizando pupilos com ameaças de avaliações e reprovações. Aliás, alguns desses pupilos até que merecem um pequeno "terrorismo" de vez em quando, diante de tamanha falta de comprometimento e dedicação.

Pois bem. Quando anteriormente comentei sobre a necessidade de a escola ser revista, estou ciente de que também nós necessitamos rever nossas posturas e nossa forma de agir. Só assim teremos uma escola realmente transformadora e ciente de seu papel na formação de cidadãos comprometidos com o futuro.

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