
Certo dia desses, me deleitava com um artigo de um pedagogo sobre a realidade da educação atual em nosso país, trazendo uma reflexão sobre a deficiência comprovada pelas avaliações do MEC. Dizia ele que imaginassemos a existência de uma máquina do tempo, onde profissionais de séculos passados pudessem nos visitar em pleno raiar do século XXI. É bem provável que um engenheiro ficaria pasmo ao observar o avanço tecnológico do processo da arquitetura pós-moderna, onde as grandes obras da atualidade tomam formas espetaculares em menos de um mês, tal a dinâmica imprimida na velocidade da construção civil. Da mesma maneira, podemos imaginar a visita de um cirurgião do passado a um hospital de transplantes de nossos dias. Ficaria tresloucado diante de tantas novidades, de tantas inovações nos métodos adotados pela atual medicina. Mas e se recebessemos a visita de um professor de séculos passados? Qual a reação esperada deste profissional cuja maior atribuição é incutir e sensibilizar os aprendizes na busca de novos conhecimentos? É bem provável que ficaria decepcionado.
A pedagogia é uma das áreas em que menos se observaram transformações desde que o modelo atual foi implantado ainda na Idade Média, adotando modelo baseado nos preceitos da religião católica. O modelo que conhecemos da sala de aula utilizada em nossos tempos ainda é aquele que preponderava nos mosteiros medievais, onde era costume o castigo e a repreensão em casos de mau comportamento. E de lá para cá, pouca coisa mudou. A disposição das mesas e cadeiras, a lousa defronte ao conjunto de alunos disciplinadamente acomodados em seus lugares e a tradicional nominação dos discentes para verificar suas presenças ou ausências, isso tudo é cópia do passado distante.
Mas será realmente que não houveram mudanças neste tempo todo? Será que desde o século XIV a escola continua igualzinha como era?
Ah, sim! Houve mudanças. Por exemplo: já não se usa a "palmatória" para castigar aqueles mais insolentes que ousavam afrontar o professor. Também já não existe aquele degrau mais alto onde o professor se posicionava para mostrar a hierarquia da sala de aula. Os alunos também não se levantam em sinal de respeito quando o professor adentra o recinto. Mas de resto, alguns continuam escrevendo intermináveis conteúdos no quadro negro e aterrorizando pupilos com ameaças de avaliações e reprovações. Aliás, alguns desses pupilos até que merecem um pequeno "terrorismo" de vez em quando, diante de tamanha falta de comprometimento e dedicação.
Pois bem. Quando anteriormente comentei sobre a necessidade de a escola ser revista, estou ciente de que também nós necessitamos rever nossas posturas e nossa forma de agir. Só assim teremos uma escola realmente transformadora e ciente de seu papel na formação de cidadãos comprometidos com o futuro.
Nenhum comentário:
Postar um comentário