Muitos de meus alunos recém chegaram à idade adulta e, por consequência, poucas vezes se depararam com reformas na língua pátria. Mas, para mim e alguns colegas que transitam pelos meandros da escrita e da fala em público, e que já ultrapassaram meio século de existência, estas mudanças parecem rotineiras de dez em dez anos. Não é mesmo?Agora, 2009 adentra com mais uma reforma ortográfica da língua portuguesa. Uma reforma que como o próprio nome preconiza, muda somente a forma de escrever, sem que se altere qualquer som ou maneira de expressão. Por isso, a "lingüiça" pode perder o trema, mas continua com seu som característico na locução, "linguiça". Mas não é só isso. Vejamos então:
ALFABETO
O alfabeto da língua portuguesa passa a ter 26 letras, com a inclusão oficial do k, w e y.
ACENTUAÇÃO
As paroxítonas com ditongos abertos tônicos éi e ói, como "idéia" e "paranóico" perdem o acento agudo. Palavras como crêem, dêem, lêem e vêem também perderão o acento, assim como as paroxítonas com acento circunflexo no penúltimo o do hiato oo(s) (vôo, enjôo).Palavras homógrafas (com a mesma grafia, mas com pronúncia diferente) como pára, pêlo, pélo e pólo também não serão mais acentuadas.
Palavras paroxítonas cujas vogais tônicas i e u são precedidas de ditongo decrescente, como "feiúra" e "baiúca", também não levarão acento.
TREMA
O trema será totalmente eliminado das palavras portuguesas ou aportuguesadas, como "cinqüenta" e "tranqüilo". A única exceção fica por conta de nomes próprios estrangeiros, como "Müeller", por exemplo.
HÍFEN
As novas regras para o hífen são as que têm causado mais dúvidas. Alguma dificuldade por advir de umas tantas mudanças no uso de hífen. Mas, se considerarmos que este sempre foi um domínio de zonas obscuras, os usuários podem até vir a sentir-se aliviados com a possibilidade de alguma simplificação.
O hífen não será mais empregado em prefixos terminados em vogal seguidos de r ou s. Neste caso, dobra-se o r ou o s. Exemplos: antirreligioso, antissocial e minissaia.
O hífen será utilizado com os prefixos hiper, inter, super seguidos de palavras iniciadas por r, como "hiper-resistente". O sinal também será utilizado em prefixos terminados em vogal como ante, contra e semi seguidos de vogal igual ou h no segundo termo. Exemplos: micro-ondas, anti-higiênico e pré-histórico.
Mas as alterações não são só essas. Não se aflijam meus queridos e minhas queridas num primeiro momento, pois as duas formas vão ser consideradas corretas (ou válidas) por um período de quatro anos. Os revisores de texto, além de atentos, devem estar apavorados. E eu sou um destes que a partir de agora estará dormindo com o "manualzinho" da nova ortografia. Faço parte de uma equipe do SENAI do Rio Grande do Sul, onde a grafia correta determina a qualidade dos impressos. E nos próximos meses estaremos sempre recebendo e tecendo críticas, uma forma pedagógica de nos corrigirmos até que as novas regras estejam definitivamente incorporadas à nossa escrita. Então, já terão passado cerca de dez anos e uma nova reforma ortográfica provavelmente estará sendo aprovada.
Para aqueles que quiserem se apropriar um pouco mais das novas regras, aconselho acessar o link abaixo, que detalha um pouco mais sobre o assunto.
http://www1.folha.uol.com.br/folha/educacao/ult305u441414.shtml
Melhor ainda é adquirir a publicação do Jornal Folha de São Paulo
"Escrevendo Pela Nova Ortografia"
Autor: Instituto Antônio Houaiss e José Carlos de Azeredo (Coordenação e assistência técnica)Editora: Publifolha
Páginas: 136
Quanto: R$ 19,90
Onde comprar: nas principais livrarias, pelo telefone 0800-140090 ou no site da Publifolha
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