24 julho 2009

A FORMAÇÃO POR COMPETÊNCIAS

Muito se tem falado nos últimos tempos sobre Competências. Escrevi há cerca de dois anos um artigo sobre o tema (Los Nuevos Desafios por las Competencias) e que foi publicado em versão na língua espanhola na Revista Iberoamericana de Educação. Também pode ser acessado pelo link http://www.rieoei.org/opinion40.htm.

Para aqueles que gostam de indicações de leituras para aprofundamento, indico a coletânea de artigos reunidos por Phillipe Perrenoud e Mônica Gather Thurler em "As Competências para ensinar no século XXI". A obra reúne muito bons textos a respeito da questão.

O tema das competências é um pouco controverso e suscita muitas dúvidas ainda no meio docente. Por isso, quero publicar aqui um artigo que recebi da Diretora Pedagógica da Escola Técnica Cristo Redentor, pedagoga e mestre em educação, Teresinha Piccinini. Por inúmeras vezes me demonstrou ela sua preocupação com a atuação docente em tempos de se buscar a formação de competências em nossos alunos. E numa dessas vezes, forneceu-me essa leitura que acredito ser bastante ilustrativa sobre uma nova forma de encarar o ensino profissionalizante. Boa leitura a todos!

O PROCESSO DE FORMAÇÃO DAS COMPETÊNCIAS

As competências são adquiridas por meio de esquemas cognitivos e afetivos que interagem com o meio. Todos os atributos que dão sustentação à competência podem e devem ser desenvolvidos por iniciativa do profissional, bem como pela disponibilização de recursos adequados por parte da instituição para a educação continuada. O ser humano tem condições de absorver novas competências ou ampliar as já existentes, desde que ocorram estímulos internos ou externos para o seu pleno desenvolvimento.

Para sermos profissionais competentes, torna-se necessário que tenhamos o conhecimento atualizado sobre o assunto/trabalho, a habilidade requerida para o exercício funcional, a atitude adequada à atividade e a energia motivacional suficiente para nos impulsionar à ação. Reiteramos que a competência resulta em uma ação integrada desses quatro atributos, de forma efetiva e prática.

Exemplificando:

Um professor que possui excelentes conhecimentos sobre sua disciplina, que domina totalmente o assunto a ser abordado, mas ao qual falta a didática para transmitir o conteúdo da matéria aos seus alunos não é competente em sua função, mesmo que tenha um bom relacionamento com eles.

Um neurocirurgião que participa regularmente de congressos e seminários e possui conhecimentos atualizados sobre o que tem de mais avançado em medicina em sua área de atuação, mas ao qual falta a destreza manual durante o ato da cirurgia, também não pode ser considerado competente.

Um professor que tenha o grande dom de ensinar, com habilidades inerentes à atividade acadêmica, mas que esteja com conhecimentos defasados e ultrapassados, não se enquadra no time de profissionais competentes.

Um neurocirurgião copm habilidade no ato de manusear os equipamentos cirúrgicos, mas cujos conhecimentos estão arcaicos, não pode ser considerado competente.

Um professor que detém bons conhecimentos, com habilidades adequadas para transmitir o que sabe, mas que tem problemas de relacionamento com seus alunos, com certeza, não será caracterizado, nos dias atuais, como um profissional competente.

Um neurocirurgião conseguiria levar a contento, com eficácia, um ato cirúrgico em que fosse indolente e grosseiro com a equipe composta por anestesista, instrumentador, médico assistente e enfermeiro? A sua atitude poderia comprometer as ações dos outros profissionais, prejudicando o resultado desejado.

O professor, o médico ou qualquer outro profissional precisa estar motivado para exercer a profissão escolhida, canalizando energia suficiente para uma ação eficaz. Pessoas desmotivadas, apáticas e desanimadas para o exercício de suas atividades terão poucas chances para demonstrar os demais atributos da sua competência.

Podemos ter várias competências, desde que tenhamos condições para desenvolvê-las e aprimorá-las. O que hoje é exigido para a realização perfeita de uma determinada atividade poderá transformar-se, resultando em novas exigências no futuro.

Nenhum comentário: