18 setembro 2009

O PORQUÊ DA CORRUPÇÃO

Entender a corrupção tem sido uma de minhas preocupações nos últimos meses, essencialmente compreender o que leva o ser humano a buscar vantagens pessoais, em detrimento do bem coletivo. Mas a minha preocupação maior é saber o motivo pelo qual o uso de cargos públicos tem despertado tanta atenção na busca de vantagens pessoais. Será que realmente somos tão péssimos na escolha de nossos representantes no momento de depositar o voto na urna?

Pois bem, quis entender a corrupção depois da indignação ao ouvir trechos das gravações realizadas pela Polícia Federal no caso do Detran gaúcho, a famosa Operação Rodin. Ouvir deputados e “laranjas” combinando situações de troca de favores e distribuição do dinheiro dos exames das carteiras de motoristas é de causar náuseas. As vozes de alguns senhores como José Otávio Germano, Carlos Ubiratan (Diretor da Trensurb), Flavio Vaz Neto (Diretor do DETRAN), Lair Ferst, Antonio Dorneu Maciel (Diretor da CEEE), entre tantos, soam como raposas se escondendo com a presa na boca. O momento mais nauseabundo é quando um dos criminosos liga para o ex-secretário da Segurança Pública do governo Rigotto, José Otavio Germano, no Palácio Piratini e a secretária atende e deixa o telefone em modo de espera. Ao fundo ouve-se o Hino Rio-Grandense, que em bom som alardeia: “Sirvam nossas façanhas de modelo a toda a Terra”.

Há poucos dias atrás, o deputado José Otavio Germano tentava justificar suas conversas ao telefone para o jornalista Antonio Carlos Macedo. Sua tentativa foi considerada pelo jornalista como uma ofensa à inteligência dos ouvintes. Acesse o link http://mediacenter.clicrbs.com.br/templates/player.aspx?uf=1&contentID=76750&channel=232 e escute como foi.

Pois falando em corrupção me debrucei sobre os escritos do professor paulista José Antonio Martins, doutor em Filosofia pela USP e professor do departamento de Filosofia da Universidade Estadual de Maringá. Trazendo uma abordagem histórica a respeito da corrupção, demonstra ele que o crime é muito antigo, tendo em seu bojo momentos na história grega e romana. Mas a sua teoria denota a responsabilidade pela corrupção na escassa participação da população na vida pública. Segundo ele “um diagnóstico quase unânime diz que, quando uma população passa a não mais acompanhar a vida política de sua comunidade, abrem-se as primeiras brechas para o advento da corrupção.” Ressalta ainda que “a corrupção política se instala e se manifesta a partir do vácuo deixado pelo desleixo com as coisas públicas. A pouca preocupação com as coisas públicas denota também, uma excessiva preocupação com o bem estar privado.” Para ele ainda, há a necessidade de conflito na busca de melhorar o uso dos recursos públicos. Portanto, deve a população estar constantemente cobrando o uso adequado desses recursos.

Concordo plenamente com os argumentos do professor José Antonio Martins, pois na medida em que nos afastamos da política e do acompanhamento de como estão sendo utilizados os recursos arrecadados pelo Estado, abrimos mão para que políticos interessados no bem estar privado se locupletem com os recursos alheios. Quem sabe não é isso que vem acontecendo com o povo gaúcho nas últimas décadas, pois ouço muitas pessoas afirmarem que não querem saber de política. Mas do que é feita nossa rotina, se não de constantes políticas? Seja com nossos companheiros, nossos filhos, nossos parentes, nossos amigos. A política existe em todos os cantos. Ou estou errado?

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