31 julho 2010

VOCÊ É MANO OU DUNGA?

Para que um profissional tenha sucesso no meio corporativo é imprescindível que seja bem aceito. E isso quer dizer: ser bem aceito pelos colegas, ser bem aceito pelos superiores hierárquicos, ser bem aceito pelos subordinados, ser bem aceito pelos terceirizados, e assim por diante. Ah! Você acha que isso é política?

E você não gosta de política? Chame como quiser... Mas a política é uma estratégia que convive em nossa rotina, e ninguém consegue viver sem ela. Duvida? Então vamos lá... Como é que você consegue se relacionar com seus amigos? Como é que você se relaciona com sua esposa, esposo, namorada, namorado? Como é que você se relaciona com seus filhos e filhas? Como é que você se relaciona com sua sogra ou sogro? Como é que você se relaciona com seus pais? Meus queridos, usando a ciência política...

Por todos esses exemplos é que muitas vezes alguns profissionais não conseguem êxito nas trajetórias profissionais. Ou seja, por não saberem lidar politicamente com suas rotinas. Já ouviu falar que muitas vezes você deve ceder em alguns pontos para aquinhoar sucessos no futuro? Isso é política!!!

Num traço comparativo, gostaria de relembrar fatos recentes que reiteram minha teoria em relação à política no desempenho profissional. Duas realidades relacionadas ao futebol brasileiro estiveram em destaque nos últimos meses, e que demonstram a profunda diferença entre uma atuação eivada de política e outra marcada pela falta de polimento e de política. E essas realidades tem nome: Dunga, técnico da seleção brasileira demitido logo após a Copa da África do Sul, e Mano Menezes, técnico do Corinthians convidado a assumir o cargo em aberto. Ambos são gaúchos, nascidos no interior do estado do Rio Grande do Sul e pela origem poderiam possuir o mesmo comportamento quando submetidos à pressão em seus ambientes de trabalho. Mas o que se observa é um antagonismo de comportamentos.

O primeiro, Carlos Caetano Bledorn Verri, Dunga, nasceu em Ijuí em 31 de outubro de 1963 e possui descendência alemã e italiana. O segundo, Luiz Antonio Venker de Menezes, Mano Menezes, nasceu em Passo do Sobrado em 11 de junho de 1962, é formado em Educação Física e teve uma trajetória meteórica no futebol brasileiro, desde seu sucesso no XV de Novembro de Campo Bom que levou até a Copa do Brasil, e depois a frente do Grêmio e do clube paulista.

Mas numa coisa todos concordam, no comportamento essas duas figuras possuem diferenças enormes. A saída de Dunga do comando da seleção brasileira parece ter trazido um alívio à Comissão Técnica, submetida a um regime de terror durante a Copa, cujo reflexo também se estendeu aos jogadores da seleção. E isso ficou bem evidente pelos parcos comentários que poderiam lamentar sua saída depois do fraco desempenho do futebol brasileiro. Já a saída de Mano Menezes do clube paulista foi marcada por despedidas emocionadas, sem contar o choro incontido do presidente corintiano aos destacar o excelente trabalho realizado pelo treinador a frente do clube. Convenhamos, são duas realidades totalmente opostas. A mim sempre pareceu, desde a época do Grêmio, que Mano Menezes fora um profissional polido, comedido em seus comentários e muito senhor de suas atitudes. Já no meu entender, o técnico Dunga, possui um perfil mais ajustado ao de instrutor de uma academia de polícia americana, daquelas dos filmes tradicionais da SWAT, onde os policiais em treinamento rastejam sob as laçadas de um chicote e se enlameiam no barro para cumprir todas as tarefas comandadas pelo sargentão imponderável. Diria mais ainda: Dunga tem muito a ver com um Capataz de Invernada Campeira de CTG gaúcho que conheci em minha juventude quando freqüentava rodeios no interior gaúcho.

Sei que alguns leitores podem discordar de minha leitura a respeito desses comportamentos. Mas tenho também a certeza de que muitos irão concordar comigo que, se levarmos esses exemplos para a esfera profissional, se há de tomar cuidado em nossas atuações no ambiente corporativo, seja no comportamento, seja na política adotada em nossos relacionamentos. Afinal, os exemplos estão aí para serem analisados e seguidos (ou não).

Se quisermos que nossa trajetória seja marcada e lembrada como uma saga de sucesso, e que reste o lamento por parte da empresa em ter perdido um grande profissional, é bem capaz de que devamos adotar uma postura Mano Menezes. Mas, se quisermos ser esquecidos ou lembrados por aquelas atitudes radicais tomadas de maneira impetuosa e impulsiva, os exemplos também estão por aí. A escolha é de cada um. Mas, que a política é parte importante no relacionamento interpessoal e com as diversas áreas de nossa vida, disso não há dúvidas. E que atire a primeira pedra aquele que nunca fez uso dela, mesmo que inconscientemente.

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