25 julho 2010

LEITURA E INTERNET

Alevantamento de peso acessivo. Expressões como esta são respostas encontradas em questões de provas finais de nossos cursos técnicos. O que deveria ser um dos riscos ergonômicos do qual decorrem problemas na coluna, em função da suspensão de cargas excessivas, torna-se uma aberração da língua pátria. E esses absurdos cada vez mais se tem observado em sala de aula e em trabalhos de pesquisa solicitados. A maioria dos alunos não possui o hábito da leitura. Sequer tomam algum periódico corriqueiramente para ter ciência do que acontece pelo mundo afora. E isso torna o estudante de certa forma adepto da alienação, com uma falta de conhecimento geral da realidade político, social e econômica. Sem contar o desconhecimento de palavras e expressões importantes. Por conseqüência, não consegue tecer qualquer comentário sobre determinados assuntos, porque desconhece-os e convive com a superficialidade das notícias frugais, tais como, as cenas do futebol regional e seus atletas e o dia-a-dia dos “ditos” famosos, personalidades que a mídia televisiva endeusa e valoriza com vistas às campanhas mercadológicas incentivadoras do mercado de consumo.

Falando da importância da leitura, o professor Renato Bernhoeft cita a seguinte história como exemplo do que ocorre com muitos jovens atualmente.

Na véspera do aniversário de um jovem, ele se encontra com um amigo, que é apreciador de bons livros e leitor contumaz. O amigo lhe diz muito entusiasmado:

- Quero te fazer uma surpresa no seu aniversário. Vou presenteá-lo com um livro.

O outro amigo, muito constrangido, responde:

- Obrigado, mas eu já tenho um.

Esta historia é um retrato muito real e triste da nossa realidade no que se refere ao hábito da leitura. E é importante registrar que esta situação não é particular das pessoas com menor poder aquisitivo. O analfabetismo cultural, decorrente da falta do hábito da leitura permeia toda a sociedade brasileira. Mesmo entre pessoas com um perfil social de maior poder aquisitivo a iniciativa de comprar, e mais ainda, ler um livro, é também muito rara.

A alienação é maior com aqueles que costumam utilizar a informática e suas páginas de relacionamento, tais como, as páginas do Orkut, o bate-papo do MSN e do Skype e, muito recentemente, o Twitter, de forma costumeira e quase religiosa. Ou seja, não sabem acessar o computador sem se escravizar com esses conteúdos. Aliás, as bibliotecas das Escolas tem se ressentido constantemente com alunos que utilizam o ambiente de pesquisa, agora com disponibilidade de computadores para tanto, de forma inadequada. O computador também tem se tornado um obstáculo ao cultivo da boa leitura e da escrita razoável. A facilidade que encontra o usuário da Internet ao pesquisar, e a quantidade de conteúdos disponíveis desvia a atenção de muitos precoces pesquisadores. Há que se ter muita disciplina para não se envolver pelas múltiplas chamadas marqueteiras que aparecem na tela. Confesso a vocês que também sofro muito nos acessos que faço a rede mundial. Sinto-me instigado pelas manchetes e por aqueles anúncios piscantes. Manter o foco é um desafio para qualquer usuário.

Alguns conteúdos disponibilizados na Internet são indescritíveis, e porque não dizer, medíocres, pois chegam a beirar o ridículo. Textos mal construídos e carregados de informações inverídicas são comuns nestes espaços. E quando o aluno serve-se desses conteúdos para trabalhos de pesquisa, o resultado final é caótico, pra não dizer trágico.

Na verdade, os conteúdos de credibilidade na rede mundial estão depositados em páginas de reconhecida credibilidade, e que muitas vezes, o aluno não acessa por desconhecer esses espaços. São páginas de órgãos públicos, periódicos de renome nacional e internacional, cursos superiores que disponibilizam suas publicações docentes e discentes entre outros. Mas, como reconhecer esses conteúdos de credibilidade e acessa-los para buscar informações relevantes?

Aqui entra o papel do professor. Orientar os alunos de como utilizar adequadamente a rede mundial e fazer pesquisa de conteúdos confiáveis. Lembrando ainda que a pesquisa não se faz tão somente utilizando a Internet, mas que também a disponibilidade de literaturas como revistas, jornais e livros fazem parte de um arsenal a disposição do aluno. E o que se tem observado é uma negligencia acentuada em relação a esses meios de pesquisa. Falou em pesquisar, a maioria dos alunos imagina que só a Internet viabiliza essa atividade. Talvez esse seja o maior motivo do baixo índice de leitura dos alunos, e conseqüentemente, da péssima construção de textos e do desconhecimento de certos conteúdos.

Bons tempos aqueles dos ditados e das redações que a professora de português cumpria religiosamente no antigo Curso Primário. O aprendizado de palavras difíceis, escritas com Ç ou com SS ou ainda com X ou CH, era reforçado quase todas as semanas.

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