15 janeiro 2011

DUAS EMOÇÕES

Durante nossas vidas, muitas vezes somos tomados pela emoção. Não é verdade? E essa emoção pode ter um fundo de alegria, satisfação, realização ou também de tristeza, desconsolo e decepção. Por vezes somos acometidos de grande alegria, por coisas que nos alegram, satisfazem e realizam. Outras vezes nos perturbam coisas que entristecem, desconsolam e decepcionam. E diante dessas emoções as lágrimas são muito comuns, sejam de alegria, sejam de tristeza. E as lágrimas são vidros dos olhos que se partem e deixam fluir o cristal liquefeito da emoção.

PRIMEIRA EMOÇÃO

Pois esta semana vivi dois desses momentos, bastante emocionantes e ambíguos, permeados de alegria e tristeza. Um deles por conta de uma grande obra da Prefeitura Municipal de Porto Alegre, do qual participo desde 2008 com muita satisfação; um projeto da FASC (Fundação de Assistência Social e Cidadania) que qualifica pessoas em situação de risco para o mercado de trabalho. A convite da Professora Marisa Stolnik e indicado pela engenheira Tânia Appel Pereira, que conheci na Escola Unipacs de Esteio, quando era coordenador do Curso Técnico de Segurança do Trabalho daquela escola, pude estar em contato nestes últimos anos com os alunos do projeto. O Projeto RAP qualifica moradores de albergues da capital gaucha, em cursos acompanhados de Bolsa, uniforme e alimentação. RAP significa Reinserção na Atividade Produtiva, e forma essas pessoas em profissionais de pintura, eletricidade, segurança patrimonial e construção civil.

Na abertura do Projeto desse ano de 2011, que aconteceu nesta última terça-feira, dia 11 de janeiro, foi emocionante ver os futuros alunos uniformizados e escutando o coordenador do projeto Frei Juarez. Trabalho há mais de oito anos como professor em turmas do Ensino Técnico, e me emocionei com tamanha atenção demonstrada pela grande maioria. Estavam todos extasiados com tamanha oportunidade, por certo pensando o quanto poderiam adquirir de conhecimento para buscar a independência no mercado de trabalho.

Tenho muito orgulho de fazer parte desse Projeto há três anos. Ele nos mostra que temos muito a contribuir no desenvolvimento da sociedade, oportunizando melhores condições de vida a pessoas que não tiveram um caminho tão fácil na vida. As imagens que aqui estão disponíveis mostram a atenção e alegria dessas pessoas.

SEGUNDA EMOÇÃO

Na tarde quente e abafada em que iniciava minha participação neste que é o terceiro Projeto RAP, não imaginava que a noite reservava uma triste emoção para todos nós brasileiros: a maior tragédia natural ocorrida no Brasil até então. A região serrana do Rio de Janeiro foi surpreendida na noite de terça para quarta-feira por uma chuva torrencial que resultou na morte de mais de 500 pessoas, números contabilizados até o momento (15 de janeiro). As imagens apresentadas na mídia impressionam e chocam. O resgate de uma moradora num dos municípios atingidos da região, que tentava também salvar seu cachorro, parece uma cena surreal. As ruas e residências em muitos lugares simplesmente desapareceram, numa cena que mais se assemelha a um campo de batalha.
A natureza dá mostra de sua potencialidade nessa hora e comprova que pouco pode o homem contra a sua fúria. A solução para que se evite a repetição dessas tragédias está em políticas públicas que evitem a ocupação de encostas e o desmatamento irresponsável.

Na verdade, esses fenômenos atmosféricos não são recentes. Eles existem desde que o planeta se formou, em menor ou maior intensidade. O que difere são os tempos em que eles acontecem. Antigamente não tínhamos uma devastação tão grande da cobertura vegetal, e é sabido que essa cobertura é responsável pela fixação das encostas. Mesmo assim, em algumas áreas ocorriam deslizamentos significativos. Entretanto, havia uma ocupação menos intensa dessas áreas por parte da população. Atualmente, com a expansão das áreas ocupadas pela população, muitas cidades estão sujeitas a estas catástrofes, principalmente quando o interesse financeiro imobiliário supera a preocupação com os habitantes.

Para lembrar mais recentemente, tragédias dessa envergadura tem sido constante em nosso país. Basta lembrar há pouco tempo atrás a cidade de Blumenau e o Morro do Baú, em Ilhota, Santa Catarina, que veio abaixo soterrando uma centena e meia de moradores.

Cabe agora chorar os mortos mais uma vez, e ouvir as promessas das autoridades, tal como sempre acontece nesses momentos. Talvez mais tragédias como essas sejam necessárias até que se desperte as autoridades para implementarem programas de ocupação de áreas de forma responsável.

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