31 julho 2011

O PLÁGIO NA ESCOLA

Não é de hoje que nós professores cada vez mais nos deparamos com cópias e plágios nos trabalhos escolares. É bastante difícil e constrangedor assumir uma postura repressora nestes casos. É patente a constatação de inúmeros plágios na apresentação de trabalhos em sala de aula, quando despudoradamente alunos e alunas se apropriam, ao contrário de se empenharem em pesquisa aprofundada. E um grande facilitador tem sido a rede mundial, que ao disponibilizar uma quantidade enorme de material, mesmo que alguns totalmente descartáveis pela falta de conteúdo e os horríveis erros que agridem a língua pátria, favorece imensamente o popular “copia/cola”. Este assunto já foi tema deste blog em 2008, sob o título “A insensatez do Copia-Cola”. (http://profjairobrasil.blogspot.com/2008/07/insensatez-do-copia-cola.html)

Neste momento, depois de observar nas últimas aulas grande quantidade de cópias, retomo o assunto. Mas agora sob outra ótica, depois de ler o artigo do consultor Ryon Braga. Vejam o que diz esse especialista em pesquisas e estudos de mercado no setor de educação e pioneiro no Brasil em marketing aplicado ao setor educacional.

A cruzada contra o plágio e a cópia de trabalhos da Internet tem movimentado intensamente professores, escolas e faculdades em todo o mundo. A Universidade de Oxford, na Inglaterra, obriga seus alunos a assinarem, na matrícula, um documento que permite que a universidade tome medidas drásticas, como a expulsão, se o aluno for pego plagiando em algum trabalho.

Em todo o mundo encontramos intensas manifestações de docentes e especialistas em educação, repudiando o plágio em trabalhos acadêmicos e incentivando o uso de medidas punitivas severas contra o estudante plagiador. Softwares especializados em identificar textos plagiados foram criados em diversos países e um Congresso Mundial sobre o tema é realizado a cada dois anos - "Plagiarism Conference", que este ano será na Universidade de Northtumbria em Londres.

No Brasil já existe até um site na Internet "em defesa da integridade acadêmica"- o Plágio.Net, que chega até a emitir um "Certificado antiplágio" e listar as medidas necessárias para evitá-lo.

Compreender a questão da responsabilidade e da ética (ou falta de) envolvida no plágio é consenso de todos os educadores. Orientar melhor os estudantes para esta questão também. O que não é consenso é a compreensão das causas do problema.

Transferir integralmente para o estudante a responsabilidade sobre o plágio é um erro que vem sendo cometido sistematicamente por educadores de todo o mundo, incapazes que são de compreender a mudança que a tecnologia da informação trouxe para a relação ensino/aprendizagem.


Em momento algum podemos deixar de considerar o erro cometido pelo estudante ao copiar um trabalho e assinar
como seu, nem tampouco eximi-lo da responsabilidade de tal ato. O que pretendo mostrar é que o professor também é co-responsável pelo plágio de seu aluno e merece igualmente ser responsabilizado por tal ato.

Se um estudante recebe uma nota zero quando seu professor descobre que o trabalho que foi entregue por ele é copiado da Internet, este professor também merece uma nota zero por ter sido incapaz de formular uma proposta de trabalho que impedisse a copia literal.

Por exemplo: se um professor da disciplina de teoria geral da administração pede a seus alunos que escrevam um texto sobre o Taylorismo e, percebe que parte de seus alunos simplesmente copiaram o texto do primeiro site sobre o assunto que encontraram na Internet, este professor merece mais a nota zero do que os alunos que plagiaram. Ele merece ze
ro porque poderia ter facilmente evitado o plágio e não o fez. Poderia ter pedido aos alunos que descrevessem os princípios Tayloristas utilizados na Farmácia do Zé, ou na Padaria do Manoel, ou ainda qualquer outra contextualização que exigisse que o aluno compreendesse o significado do Taylorismo e tivesse que descrevê-lo, de forma aplicada, em um contexto real, praticamente impossível de ser copiado que qualquer lugar na Internet.

Se evitar o plágio por parte dos estudantes é tarefa fácil para o professor, porque então isso não acontece na prática e, ao contrário, vemos uma verdadeira guerra punitiva aos plagiadores?

A resposta a esta questão não é tão simples, mas ousaria dizer que a base do problema reside na falta de preparo dos docentes para uma nova realidade de ensino/aprendizagem que a tecnologia proporciona. O acesso universal à informação exige um novo tipo de professor. Exige alguém preparado para compartilhar, orientar, construir junto e até aprender com seus alunos.

Um comentário:

Attico CHASSOT disse...

Meu caro Jairo,
como membro da tribo de teus leitores, ratifico minha pertença em momentos que sou um alienígena em terra onde não falo e nem sei ler a língua. Tenho dificuldades para tomar um metrô ou perguntar onde posso encontrar água. Sentir-se ‘o outro’ também não é trivial.
Obrigado pelos alertas ao plágio na escola
Um abraço prenhe de admiração e agradecimentos desde a linda Saint Petersburgo,
attico chassot