AOS MEUS ALUNOS E ALUNAS NO DIA DO TST

A edição desta semana é dedicada aos meus alunos e alunas de segurança do trabalho, área do ensino técnico onde há mais de nove anos tenho me envolvido na atividade docente. E depois de todo este tempo, posso afiançar-lhes que tenho muito gosto por ela, e um enorme prazer quando observo o resultado final: alunos e alunas tornando-se profissionais responsáveis pela saúde e segurança de milhares de trabalhadores. Não há coisa mais edificadora para um profissional da educação do que ver projetado em seus pupilos o resultado daquelas horas de convivência na sala de aula.

Algumas coisas que hoje trago aqui já foram ditas em sala de aula, e repetidas até mesmo em palestras e falas que tive durante os últimos meses. Mesmo assim, acredito que elas sejam pertinentes nesta data especial, 27 de novembro, Dia do Técnico de Segurança do Trabalho.

Esta semana tive duas oportunidades fantásticas de contato com meus alunos e alunas. A primeira ocorreu em um seminário sobre Mercado de Trabalho ocorrido na Escola Unipacs de Esteio, na terça-feira, dia 22, onde busquei enfatizar a importância do desafio que é assumir esta responsabilidade: cuidar da saúde e integridade física dos trabalhadores. Depois, na quinta-feira, dentro da SIPAT da Escola Factum, onde juntamente com meus colegas Janaína Sostisso, Dorleãs Fernando e Luciano Bessauer, analisamos o livro “Análise de Acidentes do Trabalho fatais no RS”, obra da Superintendência do Trabalho e Emprego do RS, publicada em 2008, e que também foi tema de minhas palestras em escolas de Buenos Aires, durante minha viagem de intercâmbio com o Prof. Daniel Mainero do Instituto Superior de Ciências de La Salud. 

Em vários momentos destas oportunidades ressaltei a importância da profissão. Afirmei que o TST dentro da hierarquia da empresa e no contexto em que se insere profissionalmente não é mais um funcionário qualquer. Quando é contratado ele se coloca como exemplo a ser seguido, como uma referencia para os demais. E, como tal, necessita adotar uma postura que não seja contraditória com a expectativa que os demais tem a seu respeito. Num exemplo corriqueiro, se o ônibus da empresa, que transporta os funcionários diariamente de volta aos seus lares, estiver estacionado aguardando os passageiros, talvez o TST deva ser o último a acessar o veículo. Cabe a ele dar o exemplo de que não se deve correr em direção ao ônibus.

Outro ponto importante na vida de um TST é a postura ética e responsável, de forma a criar simpatia e respeito dos trabalhadores. Um técnico que diz o que bem quer e não encara as situações diárias com comprometimento, e que muitas vezes realiza brincadeiras e adota posturas pueris frente à realidade da empresa, pode ter sérios problemas de prosperar em sua carreira. A credibilidade só vai ser possível se houver uma demonstração de que sua preocupação com a segurança dos trabalhadores é realmente verdadeira.

Cada empresa possui sua política interna. E quando o recém contratado passa a fazer parte do quadro funcional, ele ainda está excluído desta política. Por isso, é muito conveniente que haja um período de adaptação. É muito comum no início de carreira, logo após a contratação, que o profissional seja assediado pelos colegas para emitir pareceres ou opiniões a respeito dessa política. Convém que nestes primeiros momentos se faça uso maior da audição do que da fala. Nunca se deve falar, principalmente se for pra falar mal, de algo que não se conhece, simplesmente para contentar algum curioso ou para mostrar que se tem opinião própria. Não esqueçamos que toda a empresa possui o que o pessoal chama de “rádio peão”, e que nela os fatos andam na velocidade da luz. Lembro aqui de um TST que, ao ser perguntado se sabia de um aumento que a empresa concederia no próximo mês, resolveu demonstrar conhecimento (pra não ficar pra trás) e respondeu que era de 15%. No mesmo dia foi demitido ao final da tarde, pois toda a área de produção passou a comentar que a empresa daria 15% de aumento, pois o TST havia confirmado lá no “chão de fábrica”.

Outra competência que o TST deve ter é a persuasão; ou seja, o poder de convencimento. E como se adquire isso? Pela busca constante do conhecimento e somente por ele. Para conscientizar e sensibilizar o trabalhador, a argumentação é ferramenta fundamental. Ninguém acredita em alguém que gagueja na hora de falar ou que demonstra incerteza no que diz. Falar com convicção e demonstrando fidúcia naquilo que está afirmando é uma forma de conquistar respeito e confiança de quem está ouvindo. Por isso, estar permanentemente atualizado com a legislação e com as novidades da profissão é fundamental. E para isso é necessário dedicar preciosos momentos de pesquisa e leitura minuciosa. Somente nestes cinco últimos anos mais de 20 normas regulamentadoras foram revisadas de forma aprofundada e 4 novas foram criadas. Se você deixar de consultar suas fontes por um período demasiado é certo que poderá “pagar micos” em público por causa disso.

Por fim, a profissão é desafiadora e uma das que mais traz realização para quem milita na área. Um Técnico de Segurança do Trabalho que procura implementar uma política de segurança fundamentada em procedimentos seguros bem elaborados; buscando a participação dos colaboradores, da CIPA, a contribuição de experiências externas trazidas pelo permanente contato com colegas e outros profissionais; trazendo novidades para discutir junto às outras áreas de trabalho, buscando sempre contribuir e solidarizar-se com as questões de saúde e segurança, preocupado com o crescimento da empresa de forma harmônica com a segurança é uma figura marcante. É deste profissional que estamos falando neste momento e que merece realmente ser valorizado e parabenizado neste dia especialmente a ele dedicado.

A todos os Técnicos de Segurança do Trabalho, ex-alunos e ex-alunas, que passaram por nossos bancos de escola nestes últimos anos, a minha sincera homenagem. Parabéns a todos! E que o futuro seja promissor em reconhecer a dedicação e empenho que fizeram vocês profissionais de destaque nesta aurora do novo milênio.