25 janeiro 2013

TRANSGREDINDO A SALA DE AULA


 O nosso maior pedagogo, Paulo Freire, destacou em sua Pedagogia do Oprimido:

“O educador já não é o que apenas educa, mas o que, enquanto educa, é educado, em diálogo com o educando que, ao ser educado, também educa. Ambos, assim, se tornam sujeitos do processo em que crescem juntos e em que os argumentos de autoridade já não valem. (...) Já agora ninguém educa ninguém, como tampouco ninguém se educa a si mesmo: os homens se educam em comunhão, mediatizados pelo mundo.”

         Inspirados pelo grande mestre brasileiro da educação, nesta quinta feira passada, dia 24 de janeiro, mais uma atividade pedagógica diferenciada teve lugar na Escola FACTUM de Ensino Superior e Técnico, em Porto Alegre. Nesta escola estou atuando como docente na disciplina Gestão de Segurança e Logística, que é conteúdo integrante do Curso de Especialização em Construção Civil para alunos já formados e público externo. Na intenção de enriquecer a disciplina, resolvi convidar a colega Consultora, Gestora Ambiental, Professora e Técnica de Segurança do Trabalho Eveline Theisen Simanke para uma Aula Temática sobre “Acidentes de Trabalho na Construção Civil e a Dinâmica do Setor”, nome sugerido por mim neste caso.

Aula Temática na Escola FACTUM
         Explico porque do nome e da atividade inusitada. Da atividade, creio que sempre é possível ultrapassar os limites da sala de aula e do cômodo ambiente das quatro paredes, com personagens severa e rotineiramente posicionados, alunos e professor. Fico desesperado com este lugar comum e me ponho a pensar como revolucionar (e porque não dizer "transgredir") um pouco tudo isto. Sobre o título da atividade, “Aula Temática”, pensei que a ela pudesse ficar agregado o assunto “acidente de trabalho”, suas causas e a investigação, bem como, a “dinâmica do setor” da Construção Civil, pois diferentemente do ambiente da Indústria de Transformação corriqueira, ali não há rotina. Cada dia é uma realidade distinta.

         Mas para tratar desta temática, já que a aula tinha esse intuito, tematizar a questão acidente de trabalho e a realidade do setor da Construção Civil, eu necessitava de alguém competente para tal. E não tive qualquer dúvida de que meu convidado deveria ser a Profª. Eveline.

         Fiquei extremamente satisfeito quando ela, convidada por mim, imediatamente aceitou. Eu tinha certeza da sua competência e habilidade par esta empreitada.

Eveline ("Nina") é também Consultora em Segurança
         A Eveline, ou “Nina”, como é conhecida nas obras onde atua como consultora na área de Segurança do Trabalho, inclusive conduzindo alunos e alunas da Escola Técnica Cristo Redentor como orientadora de estágio, iniciou sua fala de provocação com perguntas pontuais: Como Acontecem? Porque Acontecem? Com Quem Acontecem? Fazia referência aos Acidentes de Trabalho.

         Inicialmente demonstrou o quanto nossa realidade da prevenção está eivada de preconceitos em relação ao trabalhador, o elo mais fraco da corrente. A primeira pergunta que surge no momento do evento fatídico normalmente é: “De quem é a Culpa do Acidente?” Quando deveria ser: “Quais são as Causas do Acidente?”

         Na questão da culpabilidade reducionista, o acidentado é pré-julgado e a ele atribuído um “descuido” durante as atividades, eliminando dessa forma a responsabilidade da pessoa jurídica. Eveline relembrou os ultrapassados conceitos de Ato Inseguro e Condição Insegura como causas de acidentes.

         Para ilustrar a sua abordagem, destacou alguns acidentes recentes da Construção Civil ocorridos no Estado e os motivos que os geraram, tais como, quedas, choque elétrico e soterramento. A cada um deles elencou inúmeras causas, demonstrando todo seu conhecimento tecnológico e um bom arcabouço de argumentação sobre cada evento. Citou ainda, com riqueza de pormenores, um Acidente Gravíssimo de que foi testemunha quando realizava auditoria em um de seus clientes, salientando inclusive todos os aspectos de segurança que foram negligenciados pela empresa no desenrolar das atividades, tais como: inexistência de projetos específicos,  economia na aquisição de acessórios adequados e a falta de treinamento dos trabalhadores entre outros.

         Mais adiante, destacou as características da realidade de um Canteiro de Obras, e as dificuldades vivenciadas por um profissional Técnico de Segurança do Trabalho naquele local. Aproveitou ainda para traçar o perfil necessário a estes profissionais no dia-a-dia destas empresas: a dedicação, a questão ética, a reciclagem e atualização constantes e o cuidado com os preconceitos.
Prof. Jairo Brasil e Profa. Eveline Theisen

         Por fim, respondeu a inúmeras perguntas dos presentes e salientou comportamentos que muitas vezes acometem os profissionais da prevenção, como o descaso, a incredulidade, a acomodação e o derrotismo. Segundo ela, quem for tomado por estas situações deve repensar a sua escolha profissional, pois a tarefa de lidar com vidas humanas não admite tais condutas.

         Sem dúvidas, foi uma noite de muito aprendizado. Todos nós aprendemos muito com a Eveline e com as questões e reflexões trazidas pelos presentes: alunos, alunas, ex-alunos, ex-alunas e convidados. Isso me faz cada vez mais convencido de que o espaço da sala de aula deve ser um grande laboratório na busca de novas formas de se fazer a educação, e de transformar o conhecimento num grande prazer. 

2 comentários:

Attico CHASSOT disse...

A Nina & ao Jairo, a admiração pela coragem de inovar freirianamente!
achassot

Anônimo disse...

top [url=http://www.001casino.com/]casino online[/url] coincide the latest [url=http://www.casinolasvegass.com/]online casino[/url] unshackled no set aside hand-out at the foremost [url=http://www.baywatchcasino.com/]baywatchcasino.com
[/url].