25 maio 2013

SUPERANDO O MEDO DE FALAR EM PÚBLICO

Falar em público é um dos maiores desafios
para quem necessita ministrar treinamentos e palestras
Diz o ditado que nos foram dados dois ouvidos e somente uma boca, pois se deve “mais ouvir do que falar”. Mas uma grande maioria pouco se importa com esse dito popular e extrapola no falar. Assim é também em sala de aula. Seguidamente, nós docentes somos instados a pedir atenção para iniciar a aula ou para retomá-la depois de uma pausa ou do intervalo. É possível entender alunos e alunas quando procuram trocar informações, ou até mesmo conhecimentos relacionados às temáticas escolares. Essa qualidade é característica específica da raça humana. É ela a única na habilidade de ter criado uma codificação de sons capaz do entendimento entre seus pares.

Mas e na hora de utilizar essa linguagem para comunicar algo de novo, de inédito, para uma quantidade mais significativa de pessoas? Na hora de fazer um discurso? Uma palestra? Um treinamento?

A sala de aula é um espaço oportuno para desenvolver
a habilidade de falar em público 
É aí que o pânico toma conta das pessoas encarregadas destas atividades, essencialmente quando elas não estão preparadas para tanto. Aliás, a esse respeito já escrevi artigo pertinente. O artigo foi publicado inclusive no Portal www.portaleducacao.com.br com o título “O medo de falar em público” (http://www.portaleducacao.com.br/idiomas/artigos/17103/o-medo-de-falar-em-publico). Neste artigo destaco que “...a grande maioria dos alunos relata que, diante do público, são acometidos de horríveis sensações, desde o medo da exposição inicial – cujo indicador tradicional é o conhecido “friozinho na barriga”, fato comum inclusive entre os mais experientes – até mesmo, o pânico generalizado que toma conta do inexperiente palestrante no momento de enfrentar a plateia”.

Por tudo isso, quando trabalho disciplinas iniciais do curso técnico em Segurança do Trabalho, procuro desenvolver a habilidade de falar em público por parte dos alunos e alunas. Tenho estratégias que vão desde o elogio, o apoio e, inclusive, o desafio. Minha experiência me mostrou que para cada uma das individualidades há um modo diferente de lidar. Para alguns há necessidade de afago e muito carinho para esse desenvolvimento. Para outros, há que se propor desafios e até mesmo provocações. Diante da reação da plateia, composta por colegas de sala de aula, antes de mais nada, procuro me colocar como interventor toda vez que percebo demonstrações de “bulyng” associada às primeiras experiências de oratória.
O Diálogo Diário de Segurança é um momento de sensibilizar
os trabalhadores na prevenção de acidentes

Tenho um orgulho enorme de, ao longo destes anos, ter desenvolvido esta habilidade em inúmeros alunos e alunas, que aceitaram e se propuseram a mudar esta realidade de medo e pânico. Alguns conseguiram mais autonomia ao falar em reuniões e encontros, outros se libertaram completamente deste complexo e hoje realizam treinamentos e qualificações nas empresas onde atuam. São profissionais totalmente independentes e cientes de sua responsabilidade na transmissão de conhecimentos, seja em industrias de transformação, seja em canteiros de obras.

É o caso da Renata Ascal, minha ex-aluna na Escola Técnica Cristo Redentor. Desde o início das nossas aulas de Segurança do Trabalho I insisti aos alunos e alunas que preparassem pequenas apresentações, no estilo dos Diálogos Diários de Segurança, os tão populares DDS, e que se desafiassem na proficiência de ministrar conhecimentos como se estivessem no auditório de uma empresa, ou num canteiro de obras a céu aberto falando com os trabalhadores.        

Como eu já previa, uns se postavam com certa desenvoltura nesta tarefa, outros nem tanto, e alguns extremamente arredios querendo até mesmo pedir por uma ajuda da “mãe” nesta hora. Era quando eu intervia para amenizar a situação e amparar aqueles que mais necessitavam da minha ajuda. E nesse contingente estava a Renata, bochechas vermelhas e tomada por uma verdadeira fobia neste momento. Inúmeras vezes chamei-a e disse-lhe que somente a ela seria possível modificar essa situação. Encorajei-a a assumir esse desafio e esquecer o que os outros poderiam pensar a seu respeito. Aliás, essa é a grande preocupação de quem fala em público: o medo da rejeição ou ficar imaginando o que a plateia estará pensando a seu respeito. Quando essas preocupações assumem a gerencia de nossa fala, estamos reféns da nossa própria mente. Nesta hora, se deve direcionar toda a atenção para o conteúdo daquilo que estamos desenvolvendo, com muita calma e bastante afinco.

E deu certo! A Renata desenvolveu uma habilidade que parecia impossível até então; depois de várias tentativas e frustrações, foi aos poucos mostrando tranquilidade e domínio da arte de falar. Surpreendeu a todos nós nas apresentações que se seguiram.

Formou-se em novembro de 2010 e, terminado o estágio, foi contratada pela empresa onde estagiou, a Construtora Goldzstein, uma referencia no segmento da construção civil. Renata hoje realiza treinamentos para turmas com cerca de 30 colaboradores, entre funcionários e terceirizados, três vezes por semana. São conhecimentos importantes de segurança do trabalho para pessoas que trabalham nos 23 canteiros de obras que a empresa mantém no Estado.

Esta semana, me comoveu um depoimento dela nas redes sociais a respeito do assunto, pois em grande parte nossa memória docente é falha no sentido de relembrar peculiaridades do passado. Depois de ler o relato, rememorei nossas aulas e pude comprovar o quanto o esforço da Renata foi importante para ultrapassar uma das barreiras que acomete grande parte dos alunos e alunas no curso técnico em Segurança do Trabalho, a fala em público.

“Parabéns Renata!
Que seu exemplo sirva de incentivo a todos aqueles que buscam a superação destas dificuldades”.    


Um comentário:

Attico CHASSOT disse...

Parabéns Renata!
Parabéns Jairo!
Uma e outro são briosos vencedores nesse significativo relato. Há muito que aprender com vocês.

attico chassot
http://mestrechassot.blogspot.com