26 outubro 2013

CANDIDATOS DE OCASIÃO, OUTRA VEZ


Mais uma vez os Candidatos de Ocasião aparecem
Mais um ano eleitoral se aproxima. Embora tivéssemos mergulhado no século passado em uma ditadura militar que nos alijou da escolha de representantes, posso lhes afirmar que já possuo um certa experiência neste quesito. Já fui inclusive mesário, tão logo retomamos a escolha direta de representantes municipais e estaduais. Lembro bem de quando fui convocado para trabalhar na seção eleitoral da escola municipal Duque de Caxias, ali na esquina da rua Monte Castelo com a Clemente Pinto. Era o tempo ainda do escrutínio em voto papel, onde se podia marcar a caneta o candidato preferido, ou por protesto anular e votar em branco.

Mas não é desta experiência que desejo falar. Quero sim tratar dos candidatos, principalmente nestas etapas nacionais em que se escolhem nossos representantes do Legislativo estadual e federal. E o que mais vi em minha vida de eleitor foi o que costumo chamar de “candidatos de ocasião”, aqueles que dão as caras somente quando há um momento propício para tanto. E é aí que mora o perigo, e que o povo acaba vítima de um grande engodo. Principalmente candidatos que se valem dos meios de comunicação de massa. E tem de tudo: cronistas esportivos do óbvio, comentaristas de notícias conduzidas, animadores de programas policiais e tantos outros.

O eleitor gaúcho aposta nos Candidatos midiáticos de Ocasião
E há uma rede local poderosa e capaz de formar uma plêiade de pretendentes com estas peculiaridades. Há tempo o povo gaúcho tem se deixado influenciar pelos candidatos oriundos desta rede, que tecem promessas de uma vida totalmente dedicada às políticas públicas. Mas o que realmente lhes preocupa, tão logo assumem o cargo pretendido é a defesa da rede que lhes apoiou, bem como, retribuir os favores que lhes emprestaram os patrocinadores.

Podemos elencar inúmeros “lacaios” locais que fizeram do estado gaúcho um dos mais mal representados de nosso país. Entre tantos, constam personagens como Mendes Ribeiro, Antonio Brito, Yeda Cruzius, Sergio Zambiasi e, por último, Ana Amélia Lemos. Sem contar ainda Mendes Ribeiro Filho e Paulo Borges, o homem do tempo. E não para por aí. Em breve teremos novidades que posso antecipar. As já anunciadas candidaturas de Lasier Martins, comentarista que tomou um cartão vermelho do Ministério Público por antecipar a propaganda eleitoral, e a de André Machado, outro jornalista que apresenta o Chamada Geral. Vem aí também, Paulo Brito a deputado estadual, aquele locutor esportivo que me faz cochilar mesmo num clássico gre-nal pegado. Também se preparem para o lançamento do gremista convicto Cacalo e, quem sabe, até mesmo, toda a turma do programa esportivo Sala de Redação da rádio Gaúcha. Não estranhem toda esta constelação querendo uma "boquinha", respaldados pela maior rede de comunicação da região, mesmo que dissimuladamente ela insista em renegá-los.

E para encerrar este alerta, quero que vejam o que diz o jornalista e crítico Marco Aurelio Weissheimer, autor do Blog “RsUrgente”.
Vem aí mais uma "leva" de Candidatos de Ocasião

“Regularmente, a RBS produz seminários, séries de reportagens, grandes campanhas para apontar problemas, fazer diagnósticos e apresentar soluções para o Estado. Não há nada de errado nisso. O que é questionável é fazer tudo isso omitindo da população as suas próprias escolhas, crenças e responsabilidades. E a RBS é uma organização que tem data de nascimento, história e, portanto, passado: apoiou a ditadura, o golpe civil-militar que derrubou o governo presidente João Goulart, as privatizações (da saúde, inclusive), o discurso do Estado mínimo (na saúde também), os desertos verdes, o valor sagrado do mercado, foi contra o desarmamento e, no início, combateu iniciativas como o Orçamento Participativo, o Fórum Social Mundial. A linha editorial dos veículos do grupo está sempre pronta a apontar as mazelas do setor público e a silenciar sobre a responsabilidade do setor privado pelos problemas estruturais do país. Não é acaso que, na página de Zero Hora na internet, a editoria de Economia apresente na seção “O Rio Grande que dá certo” apenas “cases” do setor privado. Não há uma linha sequer sobre algo vindo do setor público que esteja “dando certo”.
A maior rede de comunicação do Sul combateu iniciativas de governos de oposição
Nossa história é feita de nossas escolhas. Ao omitir as suas escolhas e as suas respectivas responsabilidades, a RBS alimenta aquele que pode ser um dos piores pesadelos para uma democracia: a aversão pela memória e pela história. A empresa, assim como muitas outras no país, tem uma dívida pesada com a democracia brasileira. Já que parece disposta a antecipar a campanha eleitoral, poderia também anunciar já quem são seus candidatos e candidatas e seus respectivos programas.”

Por isso tudo se pode depreender o grande erro que comete o eleitor menos avisado ao proporcionar crédito aos “candidatos de ocasião” da maior rede de comunicação local, mesmo que ela afirme reiteradamente não possuí-los. Abra o olho e fique atento nestas eleições 2014. 

Um comentário:

Attico CHASSOT disse...

Muito estimado e colega Jairo,
muito bem mostrado qual o maior partido político do Rio Grande do Sul: PRBS.
Está é uma blogada histórica que devia fazer parte de um "Manual de Educação Política."
Com admiração,
attico chassot