Torcida brasileira aguardava ansiosa o "hexa" no Brasil |
Mesmo que eu quisesse
abordar outro tema na edição desta semana, não poderia me eximir daquele que
está ainda rendendo comentários e publicações em todos os diários. E isso, prá nós
que escrevemos habitualmente, traz uma certa ansiedade. Escrever e traçar algum
prognóstico antecipado, pode nos levar ao erro. Então vou deixar de fazer previsões
sobre quem ganha e quem perde neste final de semana. Desta forma, evito a “flauta!” costumeira.
A partida deste sábado, que
estabelece o terceiro colocado, não parece mobilizar a população, pois aquele
envolvimento inicial se frustrou pelo desastroso resultado da partida das semifinais.
A humilhação foi extrema e demonstrou o quanto nosso “escrete” verde-amarelo,
como dizia o saudoso Nelson Rodrigues, estava frágil.
Alemães e argentinos disputam o título da Copa no Brasil |
A mim, pelo menos, parece
que a partida de domingo, que decide a Copa, será mais interessante, colocando em
confronto duas grandes forças do futebol, uma de alma latina e outra com a
tradição das melhores escolas europeias. Quanto aos torcedores brasileiros, alguns
vão fazer torcida pelos alemães, principalmente em lugares onde há uma tradição
histórica de imigração, como em nosso estado. Outros estarão simpáticos à nossa
coirmã de Mercosul, a Argentina, mesmo que isso a aproxime de nosso inédito penta
campeonato com um “tri”. Muito melhor do que o “tetra” alemão, pensam alguns. Honestamente,
estou torcendo pela Argentina, pois sou mais simpático aos nossos vizinhos.
Talvez até por amizades que desenvolvi nestes últimos tempos com pessoas da
terra do tango, e que me fizeram conhecer melhor o verdadeiro espírito
portenho.
Mas e a nossa seleção? Que
fim terá depois desta Copa?
Alguns jogadores talvez
jamais vistam a “amarelinha” novamente, como Fred, que foi lançado aos “leões”
na última partida. Saiu vaiado, assim como nosso treinador. A tragédia do “Mineiraço”
parece ter se transformado num evento jamais esquecido. Mais que o “Maracanaço”
de 1950, a goleada por sete ficará na história do futebol brasileiro, como um troféu
da humilhação.
Pai consola o pequeno torcedor na arquibancada do Mineirão |
Eu também me arrisco a uma
análise do “apagão” daquele trágico 08 de julho, mesmo reconhecendo não possuir
as habilidades dos profissionais do esporte. Mas, como tenho visto tanto
curioso emitindo pareceres a respeito, mais um não fará muita diferença. Não é
mesmo?
Bem, prá mim tudo começa
quando ganhamos a Copa das Confederações, competição que a FIFA utiliza como
teste da infraestrutura do país sede. Ali houve uma percepção, errônea pode-se
dizer, de que o time estava pronto para ganhar o mundial. Algumas seleções europeias
que participaram, nos induziram ao erro de que não havia nenhuma equipe acima
de nossa seleção. A goleada sobre a Espanha foi um exemplo.
Outra coisa que fragilizou
nossa seleção foi o acometimento que a mesma teve de uma exacerbada “emoção”,
fazendo com que a “razão” fosse sobrepujada nos momentos cruciais. O cântico do
hino nacional a plenos pulmões nos estádios por onde atuou, levou, tanto
torcedores quanto jogadores, a estágios de euforia nacionalista. Parecia que só
isso já seria suficiente para vencermos nossos adversários.
Passada a fase
classificatória, aos trancos e barrancos, fomos para as “oitavas”, já esperando
cantar o hino nacional agora com mais vigor e fazer a seleção atropelar a
seleção chilena. E veio o desespero depois dos 90 minutos. Uma prorrogação de
mais meia hora demonstrou que não éramos tão bons assim. Decidimos nos pênaltis
de forma trágica, com o coração na boca. E o time brasileiro, ao final, estava
virado só em lágrimas e comoção geral. Como se fora o jogo da nossa vida.
A emoção tomava conta da torcida e jogadores durante o hino nacional |
Enquanto isso, a Alemanha
ia chegando “fechadinha”. Ganhava de 1x0 quando precisava, empatava e ia pros pênaltis.
E ia chegando, fazendo uso da “razão” numa competição que não admite erros,
principalmente na fase de “mata-mata”.
E veio a Colômbia! Outra
vez, com muita “emoção”, cantamos o hino nacional ainda mais forte. Bem
disputada, com o adversário jogando a responsabilidade para cima de nós, a Colômbia
deu trabalho. Além de nos tirar o craque em que apostávamos todas as fichas prá
fazer a diferença na competição. O placar de 2x1 nos levava para a semifinal
contra a Alemanha.
Então veio a fatídica terça-feira,
08 de julho. Estádio tomado completamente, hino cantado em uníssono, emoção a
flor da pele. E uma grande preocupação, a ausência de Neymar, em quem, até mesmo os
colegas de vestiário, se depositava desde o início grande confiança na
resolução de nossos problemas. Uma jogada de gênio, um lance de craque, poderia
mudar o curso da história. Todos ali agora, até mesmo os jogadores, mais
angustiados que confiantes pelo desempenho da seleção. Como iriam reagir diante de uma potência como a Alemanha? Ainda mais sem a genialidade de nosso maior craque?
Início de jogo! Apita o árbitro! E o que
se viu a partir dos momentos iniciais foi inimaginável em todos os tempos. Certamente,
uma vergonha que jamais será esquecida e entra para a história. Depois de
Muller marcar aos 11 minutos, os atacantes alemães, como se estivessem
passeando em campo, iam decretando um gol atrás do outro: Klose, aos 23
minutos; Kross, aos 24 e aos 26, e Khedira aos 29. Em menos de 10 minutos o
placar somou 4 gols, deixando atônitos os brasileiros. Goleiro e zagueiros se
entreolhavam buscando alguma explicação. O resto nem precisa contar. Vou lhes poupar.
Hummels: "Decidimos respeitar o anfitrião" |
Nesta sexta-feira, leio a
declaração do zagueiro alemão Mats Hummels ao jornal inglês “Daily Mirror”.
Destaca ele que a seleção alemã durante o intervalo se reuniu e os jogadores
decidiram “tirar o pé” e respeitar o “anfitrião”. Disse Hummels: “Ficou bem
claro que teríamos de continuar concentrados, jogar de forma séria e procurar
não humilhar a seleção brasileira. Quando se está em campo, temos de mostrar
respeito pelo adversário e foi muito importante que assim tenha sido, sem
embarcar em brincadeiras ou algo do gênero. Não queríamos ridicularizar o
Brasil”.
Portanto, o que foi ruim,
poderia ter sido pior, não fosse a elegância e o uso da razão por parte de
nossos adversários. Isso talvez tenha faltado desde o início na preparação
de nossa seleção. Fica a lição do equilíbrio, onde razão e emoção
devem andar juntas e iguais proporcionalmente, sem que prepondere qualquer uma das duas. Caso contrário, dá no que deu.
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