20 setembro 2014

AS INTERMINÁVEIS OBRAS DE PORTO ALEGRE



A morosidade das obras da capital importunam a mobilidade urbana
Esta semana pensei em escrever algo a respeito da Semana Farroupilha, ou ainda, sobre as Eleições, que já começam a fatigar o eleitor com tanta poluição visual, tanto nas calçadas repletas de cavaletes quanto no som e imagem das rádios e tvs. Mas preferi trazer um tema que há tempo tenho adiado tratar: aquelas obras que diariamente me incomodam, principalmente pelo tempo que aí estão e parecem se arrastar em suas conclusões. E o prefeito Fortunati, nesses tempos de política, parece ter desaparecido. Tenho uma leve impressão de que a cidade está jogada às moscas em termos de administração. E as obras que aí estão, clamam por alguém que assuma esta responsabilidade. Não é mesmo?   

Lá se vão mais de dois meses que a Copa 2014 se encerrou no Brasil. E as obras prometidas como meios de “mobilidade urbana” para o evento seguem incompletas e dando dor de cabeça para os moradores de grandes centros urbanos, como Porto Alegre. Essas obras são de responsabilidade das prefeituras, com recursos do governo federal. E os argumentos que justificam o atraso das obras parecem ser igualmente intermináveis. Uma hora é o atraso no repasse de recursos do governo federal, outra hora é a revisão do cronograma de entrega por causa do mau tempo. Outro dia fiquei pasmo ao saber que algumas obras haviam atrasado por causa da falta de areia no mercado local, tendo em vista o protesto das empresas de dragagem que retiram areia dos rios locais. Um absurdo.

As obras da rua Anita Garibaldi é uma das mais demoradas 

Uma das obras mais demoradas é a passagem subterrânea na rua Anita Garibaldi sob a avenida Carlos Gomes. Os comerciantes locais que ainda não quebraram, e que resistem bravamente, estão desesperados, pois viram as vendas despencar há mais de ano e não tiveram qualquer alívio nos impostos a serem pagos. Essa obra teve diversas paralisações no seu transcorrer. Uma destas paralisações ocorreu há mais de ano, quando uma rocha apareceu no caminho da construtora e foi necessário inserir um aditivo no contrato. Pasmem...

Outra obra que parece interminável é o viaduto da avenida Bento Gonçalves. A previsão de entrega é para 2015, mas já está tendo revisões e parece que o prazo não será cumprido. Um dos motivos é a revisão do projeto, tendo em vista o exemplo do que ocorreu em Belo Horizonte, com a queda de um viaduto em construção, causando a morte de duas pessoas e mais 23 feridas. Segundo o Jornal do Comércio, em sua edição de 23 de julho passado, o CREA-RS garantiu a estabilidade e segurança da obra da Bento.
 
Viaduto que desabou em Belo Horizonte matou duas pessoas
Concluindo minha avaliação geral sobre as obras intermináveis de Porto Alegre, chamo a atenção para aquelas do BRT das avenidas Protásio Alves e Carlos Gomes, por onde irá circular o transporte coletivo da capital. Nestes canteiros de obras o que menos se vê são trabalhadores em atividade. Raríssimas vezes notei algum tipo de trabalho nestes locais. E quando se fazem presentes, os trabalhadores estão sentados, conversando, ou acionando seus telefones móveis, como se tudo fosse um grande parque de diversões. Fico me perguntando: “Mas onde estão os gestores destas obras? Quem é o responsável por fazer esse pessoal cumprir suas responsabilidades?“

Outro dia me perguntava o “porquê” da morosidade destas obras. Será que há enrustido nesta malemolência algum interesse extra de uma das partes, prefeitura e empresa contratada? Sinceramente, me dá a impressão de que há uma predisposição das empresas contratadas em estender os prazos de entrega. Talvez essa demora implique em novas negociações do contrato original, impactando no valor final das obras. Será isso mesmo?
 
A duplicação da BR101 já teve várias inaugurações
Confesso a vocês que já me acostumei com essas obras intermináveis, haja vista a duplicação da BR101 que leva ao litoral catarinense. Lembro bem de inúmeras inaugurações de trechos, ainda do tempo do governo FHC, que iniciou seu mandato em 1995. Lá se vão quase vinte anos. E pensar que o presidente Lula também esteve na região Sul por duas vezes para inaugurar a duplicação da rodovia. Algumas promessas da duplicação, publicadas no jornal Zero Hora de fevereiro de 2009, olhadas sob a ótica atual são dignas de piada. Observem:

“Todas as duplicações previstas para a BR-101 estarão concluídas em junho do ano 2000.”
                                                     Eliseu Padilha, ex-ministro dos Transportes (junho de 1997)

“Posso garantir que, até o final deste ano, a obra estará concluída, desde São Paulo até Osório, no Rio Grande do Sul.”
                                                                             Fernando Henrique Cardoso, ex-presidente (abril de 2000)

“Espero que as obras de duplicação da BR- 101, no trecho entre Osório e Palhoça, tenham início ainda em 2003, no segundo semestre.”
                                                                    Anderson Adauto, ex-ministro dos Transportes (janeiro de 2003)

“Queremos fazer no menor tempo possível. Talvez ela demore porque é uma estrada difícil de ser feita, talvez demore três anos.
                                                                            Luiz Inácio Lula da Silva, presidente (dezembro de 2004)   
   
Políticos que fizeram previsões equivocadas na conclusão da obra
Fica então a pergunta: “Dá mesmo prá acreditar em promessas de políticos? Um bom tema para avaliar em tempos de campanha.

Um comentário:

Attico CHASSOT disse...

Meu caríssimo Jairo,
e as paralisadas obras na Farrapos? Há uma quase eterna necessidade do desvio para chegar ao aeroporto.
Alí as obras não são morosas; são paradas.
Realmente o Fortunati não está nem aí!
Assunto oportuno desta domingueira.
Solidária e sofridamente aplaudo tua blogada