Esta semana não
escrevo artigo de minha lavra porque desejo abrir espaço para o Juremir Machado
da Silva, articulista do Correio do Povo que tem minha atenção com frequência,
tendo em vista a coerência de seus argumentos e a pertinência de seus escritos.
Esta semana o Juremir destaca a possível canonização de um santo que pode ser o
nosso “Santo de Casa”. Neste caso, após a aprovação da Santa Sé, podemos dizer que
“Santo de Casa faz Milagre”. A seguir o artigo em todo seu conteúdo, como
publicado no Correio.
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Escritor Alcy Cheuiche escreveu carta de apoio à canonização de Sepé Tiarajú |
Será
encaminhado ao Vaticano um pedido de canonização do índio Sepé Tiaraju como
santo mártir. O escritor Alcy Cheuiche
escreveu uma carta a Dom Liro Vendelino Meurer, bispo da Diocese de Santo
Ângelo, para apoiar a ideia. Começa assim: “Há exatamente quarenta anos, em
novembro de 1975, lançamos na Feira do Livro de Porto Alegre o romance
histórico Sepé
Tiaraju, cuja mais recente edição, bilíngue em
português/alemão, com magníficas fotografias de Leonid Streliaev, tenho o
prazer de entregar em vossas mãos”. Alcy conhece o riscado.
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Monumento homenageia Sepé Tiarajú no município de São Luiz Gonzaga |
“Desde
1970, na pesquisa para embasamento histórico do livro, garimpamos documentação
fidedigna sobre as Missões Jesuíticas no Sul da América em diferentes locais do
Brasil (começando exatamente por Santo Ângelo), Argentina, Paraguai, Uruguai,
Bolívia, Portugal, Espanha, França e Itália. Trocamos correspondência em
francês com o Pe. Clovis Lugon, suíço de Sion, grande conhecedor dos fatos, que
nos deu a honra, mais tarde, de prefaciar o nosso livro, prefácio que
conservamos em suas muitas edições, inclusive em outros idiomas, e também em
Braille e em quadrinhos elaborados pelo saudoso desenhista uruguaio José Carlos Melgar (que ainda nos
acompanhou, em 1995, em Montevidéu, na edição de Sepé
Tiaraju em língua
espanhola)”.
Sepé
Tiaraju, realça Cheuiche, é um “mártir incontestável da fé cristã, cuja morte,
no dia 7 de fevereiro de 1756 selou também o desaparecimento dos Sete Povos das
Missões e logo de toda a obra da Igreja Católica, através da Companhia de
Jesus, que tanto exaltou os nativos guaranis do Sul da América (…) Nunca
existiu neste Planeta uma experiência cristã mais pura e mais longeva do que a
das Reduções Jesuíticas. Um povo que lotava as igrejas ao nascer do sol e
partia para os campos para as tarefas de lavrar, plantar, colher, pastorejar
animais, sempre antecedido por uma banda de música cujos instrumentos eram
fruto do trabalho de seus próprios luthiers. Um povo
que, ao tempo da morte de Sepé Tiaraju, erradicara completamente o
analfabetismo de homens e mulheres, que elegia seus dirigentes, que não
arrastava os mais desfavorecidos à fome e à prostituição”.
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Luthiers são fabricantes de seus próprios instrumentos |
Argumento
final: “Foi para defender essa obra cristã, iniciada em 1610 pelos padres
italianos Giuseppe Cataldino e Simon Macetta, que Sepé Tiaraju tombou como
mártir da Igreja Católica em 1756. Nesse interregno, a cruz protegeu da
escravatura milhares e milhares de guaranis, hoje entregues à sua própria
sorte. Recordo de uma pergunta que me fez um professor alemão, na cidade de
Hannover, em 1997, quando terminei de proferir uma conferência sobre Sepé
Tiaraju: É verdade que existe no Brasil uma cidade com o nome de São Sepé? Sim,
respondi. E como os padres católicos dessa cidade encaram um santo que não foi
santificado? Rezando, certamente, para que um dia o que o povo sonhou se
transforme em realidade. E que possam transportar sua imagem, venerada nas
ruas, para o interior das nossas igrejas”.
Fonte: Correio do Povo - Edição de 07.11.15
Assim, fica a expectativa de que o altar dos santos
católicos e os templos de nossa terra recebam mais um personagem idealizado na
fé cristã, defensor e protetor dos povos de nossa origem, responsável pela vida
de muitos irmãos guaranis. Agora é torcer.
Um comentário:
Meu caro Jairo, desta vez estamos em campos opostos.
Na blogada que entra em circulação na meia noite de domingo para segunda, justifico porque não assinei a petição.
Com estima
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