19 dezembro 2015

POR QUÊ O RIO GRANDE ESTÁ QUEBRADO...

O ano termina com a autoestima do gaúcho em baixa
Nesse encerrar de 2015, quando as festas de final de ano se aproximam, gostaria de fazer um exercício de reflexão sobre o estado de penúria em que se encontra nosso outrora glorioso Rio Grande do Sul. Parece que realmente sobraram somente o cavalo, com o xergão sobre o lombo suado e ferido, e o cavaleiro, de pés descalços e a bombacha rota das lides campeiras.

Então, o gaúcho que outrora se orgulhava das qualidade desta terra, se pergunta:

“Por que o Rio Grande está quebrado? Por que os salários de servidores públicos não são pagos em dia? Por que os recursos arrecadados com impostos são insuficientes para manter os serviços essenciais?”

Representantes que buscam se preservar
à frente dos movimentos de lutas sindicais no Estado
Não é difícil descobrir os motivos que levaram nosso pago maravilhoso a esta condição. A incompetência e o atraso com que as diversas administrações públicas lidaram e lidam com os recursos disponíveis levaram o Rio Grande a este caos. E isso tem algumas explicações. Dentre elas os ditos defensores dos direitos dos servidores públicos estaduais. Qualquer iniciativa em prol da modernização teve sempre o rechaço de organismos e sindicatos empedernidos, retrógrados e anacrônicos; sindicalistas profissionais formados nas bases do anarquismo antiquado, daquele anarquismo onde a negociação não existe nem como ponto inicial de um novo paradigma. São verdadeiros sanguessugas do serviço público, que sobrevivem (e muito bem) das ações contra o Estado em defesa das categorias, e que se perpetuam nestes cargos cambiando posições de comando vez por outra.

Residência oficial do superintendente do DAER em
Santa Cruz do Sul
Por conta disso, hoje temos vários órgãos públicos ineficientes e, que consomem a maioria dos recursos do Estado, inclusive pagando salários exorbitantes e mantendo benesses que faria qualquer empresa privada abrir falência em menos de um mês. Tudo em nome do denominado “Direito Adquirido”. O processo falimentar efetivo do Estado só não se dá porque sempre há uma fonte que sacia a fome insaciável deste monstro chamado “Máquina Pública”. Isso porque o dinheiro que ali se aplica é originário de fonte inesgotável, os impostos dos cidadãos. Se falta dinheiro, se aumentam estes impostos.

Colônia de Férias do DAER em Cidreira 
Recentemente, o jornal Zero Hora trouxe uma reportagem especial sobre um destes órgãos, capaz de deixar qualquer administrador de empresa privada de cabelos em pé. Reunidos em uma única empresa, tudo aquilo capaz de demitir qualquer profissional de gestão: incompetência, privilégios, altos salários, ineficiência e desperdício. O nome da empresa: DAER – Departamento Autônomo de Estradas de Rodagem.

Criado em 1937 para tomar conta e dar manutenção nas rodovias estaduais, o DAER representa hoje tudo aquilo que se pode comprovar sobre a inoperância e incompetência do serviço público. Dificilmente você conhece alguma estrada estadual que esteja em boas condições de uso. O órgão possui hoje cerca de 1.378 funcionários na ativa, sendo que o dobro deste número já está aposentado. Imaginem isso como impacto na folha de pagamento do Estado. 

O DAER em números
O DAER também ostenta um vasto patrimônio de imóveis no RS, como residenciais oficiais para engenheiros e casas de veraneio para funcionários. Mais de 300 imóveis são casas de moradia, onde existem ainda ginásios poliesportivos, alojamentos, apartamentos e até Centros de Tradições Gaúchas. Tudo em pleno funcionamento. Só o que não funciona mesmo é o serviço de manutenção das rodovias. Para se ter uma ideia, há 17 residências oficias de superintendentes do órgão, cujo valor ultrapassa a casa de dezenas de milhões. Dentre elas, uma que fica no centro de Bento Gonçalves e outra no centro de Santa Cruz do Sul, pertinho do pavilhão da Oktoberfest.

O patrimônio público dilapidado
Mas o que impressiona mesmo é o maquinário do DAER, um patrimônio abandonado que espelha o verdadeiro espírito administrativo que imperou desde a sua fundação. Praticamente o que ocorreu foi um desmonte do patrimônio, tornando impossível o verdadeiro objetivo do órgão; ou seja, a construção e manutenção de estradas. Não é difícil percorrer o Estado e encontrar terrenos que acomodem veículos e máquinas sucateados e abandonados. Estão ali a mostrar o que foi feito do dinheiro da população gaúcha nestes anos todos.

Ou seja, se não houver um empenho e uma mobilização geral em prol da modernização da arcaica e antiquada máquina pública gaúcha, só restará à população assumir a cada ano o passivo da incompetência com seus suados impostos. Ou até chegarmos a um estado de insolvência tal que leve àquelas insurreições históricas da era colonial, e que aprendemos nas aulas de história do Ensino Fundamental: Cabanagem, Revolta dos Mascates, Conjuração Baiana, Inconfidência Mineira, etc. e tal. 

Ou quem sabe outra Revolução Farroupilha? Só que agora em prol do povo gaúcho, e não de uma minoria fazendeira do charque. É esperar prá ver...   

Um comentário:

Attico CHASSOT disse...

Muito estimado colega e amigo Jairo!
Será que continua presente no hino a afirmação: “E sirvam de exemplos nossas façanhas a toda terra”? Que façanhas realizamos neste 2015 que está no ocaso.
Ontem, ouvi em um noticioso que 230.000 (o numero é algo como este. Não recordo com exatidão) fizeram empréstimo no Banrisul para receber o 13º salário;
Não se precisaria outra mostra de um xergão esfarrapado (obrigado por me reavivares uma palavra de minha infância que talvez escrevo a primeira vez) que este para falar da penúria gaúcha.
E, não podemos nos iludir que troca de ano vá melhorar nossa situação.
Não sei bem o que significará dizermos ‘Feliz ano novo!’.
Obrigado pela reflexão,
attico chassot
mestrechassot.blogspot.com