24 fevereiro 2017

UMA LUZ NO FIM DO TÚNEL


O desemprego, segundo o IBGE, atingiu mais de 13 milhões de trabalhadores
O título desta semana bem poderia ser alusivo à obra de engenharia que serpenteava as profundezas do terreno próximo à Penitenciária de Porto Alegre, preparando a maior fuga da história gaúcha. Mas não é...

Não sou nenhum especialista para analisar em detalhes a crise que sobre nós se abate, crise de moral, de segurança, econômica e tudo mais. Mas me atrevo na condição de pai, marido e cidadão fazer algumas ponderações a respeito, fruto de minhas analogias frente ao que leio e observo junto aos meios de comunicação, e da realidade que vivencio no meu dia a dia. Perdoem se esta semana estou amargo e radical, mas não havia mais como segurar.

O cenário atual é preocupante, caótico e, até mesmo, estarrecedor. O país não dá sinais de recuperação. Agoniza como um paciente “entubado” num leito de UTI. As sistemáticas denúncias de corrupção e desvio de dinheiro público levaram o Brasil a um descrédito total, sem que qualquer investidor externo manifeste interesse nas oportunidades da nossa economia, a não ser agiotas oportunistas que vem para cá aplicar em papéis bancários com as taxas mais altas do mundo, haja vista os atuais juros estratosféricos do cartão de crédito e do cheque especial.

O cenário atual da economia brasileira é desalentador
E como explicar tudo isso que acontece? Vamos ver se consigo...

O número de desempregados é um dos mais altos de que se tem notícia. Chegamos a uma cifra de quase 13 milhões de brasileiros, 12% da população economicamente ativa. Ou seja, aqueles que normalmente estariam no mercado de trabalho, o que desconsidera a população idosa e infantil. Empresas cada vez mais demitindo ou reduzindo seus quadros, resultado da fraca demanda da economia, quando o poder aquisitivo se dilapidou e as compras não acontecem, enfraquecendo a atividade industrial. E todas as engrenagens sequenciais reduzem velocidade, as embalagens, os transportes e, por consequência, o comércio em geral.

Com o desemprego em alta, inúmeras pessoas não sabem onde conseguir recursos para pagar as contas. Elas vão se acumulando e aos poucos se cortam aquelas despesas consideradas desnecessárias, se é que na classe pobre isso possa existir. Partem então para as atividades informais, em que não há certeza do final de mês. Às vezes dá, às vezes não; e como viver com essa dúvida?

A sociedade brasileira é uma das mais excludentes do mundo
Numa sociedade excludente como a nossa, de viés capitalista extremado, onde diuturnamente se propaga através do marketing apelativo dos meios de comunicação o principio de que, “ter” vale mais do que “ser”, a maioria dos jovens acaba acreditando no mundo fascinante e ilusório das redes sociais. E aqueles de frágil formação familiar e, muitas vezes alijados da sólida orientação ética e moral, como o são grande parcela dos jovens, principalmente os da periferia, sucumbem aos apelos temerários do lucro fácil e da vida superficial e efêmera.

E é aí que está muitas vezes o cerne da violência social, que a cada dia chega mais perto da nossa porta, da nossa casa, da nossa família. Violência essa que se faz presente grande parte no comércio ilegal das drogas, no furto e roubo de veículos para subtração de peças ofertadas no comércio informal, na subversão do aparelho do Estado cada vez mais incapaz de suas obrigações com a população, no envolvimento dos desocupados com agentes oportunistas que não exigem qualificação, mas oferecem inúmeras oportunidades, diante da carência de alguém que os escute e os ampare. 

O tráfico de drogas é um dos elementos da violência
Não bastasse tudo isso, como paliativo, a sociedade se entrincheira em condomínios aparelhados de cercas elétricas, câmeras de segurança e centrais de monitoramento, sem saber mais o que fazer. Aos poucos os corpos vítimas da violência se empilham nas ruas, tombados na luta diária das rotinas numa tentativa de  provar que a escalada dessa brutalidade ainda tem solução.

O sistema prisional abarrotado não comporta mais detentos, demonstrando que algo deu errado nas últimas décadas. E os três poderes de um governo falido, se perguntam diante da incompetência generalizada se há "alguma luz no fim do túnel”.

Além do mais, temos uma elite que sempre viveu de costas para seu país, desde o domínio lusitano pós Cabral [não este do Rio, preso agora em Bangu, mas aquele de 21 de abril]; uma elite predadora que sempre se locupletou dos recursos da nação, mas que habita com a família no exterior e lá contabiliza seus lucros. Comprove-se a grande quantidade de abastados que, sob a alegação da insegurança e do excesso de tributos, tem como endereço principal a Quinta Avenida, em Nova Iorque. Pois é essa elite que, em qualquer lugar sério do mundo, deveria somar esforços com as demais classes para tornar o país mais justo. 

A elite brasileira quase sempre virou as costas para o país
Observem que não falei da classe política brasileira especificamente, porque dessa nada mais se espera, a não ser visitarem o complexo carcerário de Curitiba. Isso se os novos indicados não propuserem uma "Operação Abafa" na Lava-Jato. 
  
Todas essas reflexões, somadas a uma constatação da escassez de matrículas em cursos de formação profissional, formação esta que poderia trazer um alento para quem como eu acredita no futuro, apontam um assombroso horizonte para os próximos meses deste 2017.

Tomara eu seja mesmo um profeta do caos e da catástrofe; e podem me acusar mais adiante, se assim acharem conveniente. Que eu esteja redondamente enganado nas reflexões desta semana. Torço também para isso. Acreditem.

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