O desemprego, segundo o IBGE, atingiu mais de 13 milhões de trabalhadores |
O título desta semana bem poderia ser alusivo à obra de engenharia que serpenteava as profundezas do terreno próximo à Penitenciária de Porto Alegre, preparando a maior fuga da história gaúcha. Mas não é...
Não sou nenhum especialista para analisar em detalhes a crise que sobre nós se abate, crise de moral, de segurança, econômica e tudo mais. Mas me atrevo na condição de pai, marido e cidadão fazer algumas ponderações a respeito, fruto de minhas analogias frente ao que leio e observo junto aos meios de comunicação, e da realidade que vivencio no meu dia a dia. Perdoem se esta semana estou amargo e radical, mas não havia mais como segurar.
Não sou nenhum especialista para analisar em detalhes a crise que sobre nós se abate, crise de moral, de segurança, econômica e tudo mais. Mas me atrevo na condição de pai, marido e cidadão fazer algumas ponderações a respeito, fruto de minhas analogias frente ao que leio e observo junto aos meios de comunicação, e da realidade que vivencio no meu dia a dia. Perdoem se esta semana estou amargo e radical, mas não havia mais como segurar.
O cenário atual é
preocupante, caótico e, até mesmo, estarrecedor. O país não dá sinais de recuperação.
Agoniza como um paciente “entubado” num leito de UTI. As sistemáticas denúncias
de corrupção e desvio de dinheiro público levaram o Brasil a um descrédito
total, sem que qualquer investidor externo manifeste interesse nas
oportunidades da nossa economia, a não ser agiotas oportunistas que vem para cá aplicar
em papéis bancários com as taxas mais altas do mundo, haja vista os atuais
juros estratosféricos do cartão de crédito e do cheque especial.
O cenário atual da economia brasileira é desalentador |
E como explicar tudo
isso que acontece? Vamos ver se consigo...
O número de
desempregados é um dos mais altos de que se tem notícia. Chegamos a uma cifra
de quase 13 milhões de brasileiros, 12% da população economicamente ativa. Ou
seja, aqueles que normalmente estariam no mercado de trabalho, o que
desconsidera a população idosa e infantil. Empresas cada vez mais demitindo ou
reduzindo seus quadros, resultado da fraca demanda da economia, quando o poder
aquisitivo se dilapidou e as compras não acontecem, enfraquecendo a atividade
industrial. E todas as engrenagens sequenciais reduzem velocidade, as
embalagens, os transportes e, por consequência, o comércio em geral.
Com o desemprego em
alta, inúmeras pessoas não sabem onde conseguir recursos para pagar as contas.
Elas vão se acumulando e aos poucos se cortam aquelas despesas consideradas
desnecessárias, se é que na classe pobre isso possa existir. Partem então para
as atividades informais, em que não há certeza do final de mês. Às vezes dá, às
vezes não; e como viver com essa dúvida?
A sociedade brasileira é uma das mais excludentes do mundo |
Numa sociedade
excludente como a nossa, de viés capitalista extremado, onde diuturnamente se
propaga através do marketing apelativo dos meios de comunicação o principio de
que, “ter” vale mais do que “ser”, a maioria dos jovens acaba acreditando no
mundo fascinante e ilusório das redes sociais. E aqueles de frágil formação
familiar e, muitas vezes alijados da sólida orientação ética e moral, como o são
grande parcela dos jovens, principalmente os da periferia, sucumbem aos apelos
temerários do lucro fácil e da vida superficial e efêmera.
E é aí que está
muitas vezes o cerne da violência social, que a cada dia chega mais perto da
nossa porta, da nossa casa, da nossa família. Violência essa que se faz
presente grande parte no comércio ilegal das drogas, no furto e roubo de
veículos para subtração de peças ofertadas no comércio informal, na subversão
do aparelho do Estado cada vez mais incapaz de suas obrigações com a população,
no envolvimento dos desocupados com agentes oportunistas que não exigem
qualificação, mas oferecem inúmeras oportunidades, diante da carência de alguém
que os escute e os ampare.
Não bastasse tudo
isso, como paliativo, a sociedade se entrincheira em condomínios aparelhados de cercas
elétricas, câmeras de segurança e centrais de monitoramento, sem saber mais o
que fazer. Aos poucos os corpos vítimas da violência se empilham nas ruas,
tombados na luta diária das rotinas numa tentativa de provar que a
escalada dessa brutalidade ainda tem solução.
O sistema prisional
abarrotado não comporta mais detentos, demonstrando que algo deu errado nas últimas
décadas. E os três poderes de um governo falido, se perguntam diante da
incompetência generalizada se há "alguma luz no fim do túnel”.
Além do mais, temos
uma elite que sempre viveu de costas para seu país, desde o domínio lusitano
pós Cabral [não este do Rio, preso agora em Bangu, mas aquele de 21 de abril]; uma elite predadora que sempre se locupletou dos recursos da nação, mas que
habita com a família no exterior e lá contabiliza seus lucros. Comprove-se a
grande quantidade de abastados que, sob a alegação da insegurança e do excesso
de tributos, tem como endereço principal a Quinta Avenida, em Nova Iorque. Pois
é essa elite que, em qualquer lugar sério do mundo, deveria somar esforços com
as demais classes para tornar o país mais justo.
A elite brasileira quase sempre virou as costas para o país |
Observem que não falei da classe política brasileira especificamente, porque dessa nada mais se espera, a não ser visitarem o complexo carcerário de Curitiba. Isso se os novos indicados não propuserem uma "Operação Abafa" na Lava-Jato.
Todas essas reflexões, somadas a uma constatação da escassez de matrículas em cursos de formação profissional, formação esta que poderia trazer um alento para quem como eu acredita no futuro, apontam um assombroso horizonte para os próximos meses deste 2017.
Todas essas reflexões, somadas a uma constatação da escassez de matrículas em cursos de formação profissional, formação esta que poderia trazer um alento para quem como eu acredita no futuro, apontam um assombroso horizonte para os próximos meses deste 2017.
Tomara eu seja mesmo
um profeta do caos e da catástrofe; e podem me acusar mais adiante, se assim
acharem conveniente. Que eu esteja redondamente enganado nas reflexões desta
semana. Torço também para isso. Acreditem.
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