28 outubro 2017

UM NOVO SURREALISMO

As obras de Salvador Dali chamaram muito minha atenção. Meu primeiro
contato com o Surrealismo.
Há tempos tenho notado essa palavra na boca de muita gente... (Surreal). E como já ultrapassei as seis décadas de vida, poucas vezes a tinha ouvido antes. Por isso, a estranheza do uso recorrente me fez intensificar a pesquisa sobre o que ela realmente significa. Assim, me fui ao léxico (dicionário) com dedicação. 

O “Surrealismo" foi um movimento artístico e literário nascido em Paris na década de 1920. Reuniu artistas anteriormente ligados ao Dadaísmo e ganhou dimensão mundial. Foi influenciado pelas teorias de Freud e enfatizou o papel do inconsciente na atividade criativa. Eu diria, como pouco conhecedor do movimento, foi uma “ideia muito doida”. Lembro que quando tive contato com as primeiras obras deste período fiquei impressionado. Era um novo período que objetivava contradizer o “racionalismo”. 


Mas, segundo o Houaiss (dicionário da língua portuguesa), “surreal” é um adjetivo de dois gêneros que denota estranheza, transgressão da verdade sensível, da razão, ou que pertence ao domínio do sonho, da imaginação, do absurdo. Também diz ele poder ser um substantivo masculino que traduz “aquilo que se encontra para além do real”.      
Algumas películas da TV e Cinema na minha adolescência
foram importantes para entender o surreal 

Nos meus tempos de juventude, para além do real estavam os contos de Grimm e a saga cinematográfica de O Planeta dos Macacos, bem como alguns seriados como Perdidos no Espaço e Jornada nas Estrelas. A gente sabia que tudo aquilo não era real, mas sonhava com um futuro em que aquilo pudesse acontecer de verdade. Isso era para nós todos “surreal”. 
Mas observando alguns acontecimentos do novo milênio, aos quais o cidadão comum e a imprensa tem se referido como “surreal”, para nós “Baby Bommers” (nascidos entre as décadas de 1950 e 1960, saídos das teclas da máquina de datilografia para os teclados do computador) pode ser considerado inimaginável. Olhemos uma das manchetes recentes aqui da nossa capital: 
“Eletricista é morto a tiros porque não retirou caminhão da frente da residência de um morador da zona sul” – Correio do Povo – 25/10/2017.
Eletricista foi morto pelo morador quando fazia manutenção
na rede, porque o veículo bloqueava saída da garagem
O motivo pelo qual este crime foi cometido parece denotar que estamos vivendo “tempos bárbaros”, onde o comedimento e o bom senso parecem ter abandonado algumas pessoas. Tenho também a impressão de que a quantidade de “injustiças” de que a população tem sido vítima, pode ocasionar transtornos psicóticos naqueles menos preparados. E isso se transforma nestes casos “além do real”. Ou seja, “surreal”. Não há como não se perguntar diante disso, por qual motivo uma pessoa comum seja capaz de tirar a vida de outra por um motivo tão fútil?
Ainda na semana me deparo com outra notícia, de fora do nosso Estado, e que no mínimo pode ser também considerada “surreal”. Senão, vejamos:
“Cliente invade velório e exige devolução de dinheiro de doces encomendados”. Foi manchete no “Correio do Estado”, jornal de Campo Grande, capital do Mato Grosso do Sul. No dia 20 de outubro último, Dayane Cristina Bernardino, confeiteira de profissão, havia acabado de perder o marido, quando uma cliente invadiu a capela onde ocorria o velório, exigindo que ela lhe entregasse os doces encomendados para uma festa naquele dia.
Cliente entra em confronto em velório com confeiteira que acabara
de perder o marido
Surreal? Prá quem já conhece o sentido da palavra, sim, muito além do real.
Portanto, parece que acompanhada de comportamentos muito estranhos para este novo período da humanidade (século XXI), a palavra “Surreal” veio para ficar. 
E acredito que um mundo de “intolerância” se avizinha para nós que nos consideramos evoluídos e contemporâneos. Estamos a cada dia resgatando comportamentos do princípio do século XX que contradizem tudo o que é racional. Esta é a nossa nova era do “Surrealismo”.       

Nenhum comentário: