As obras de Salvador Dali chamaram muito minha atenção. Meu primeiro
contato com o Surrealismo.
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Há tempos tenho notado essa
palavra na boca de muita gente... (Surreal). E como já ultrapassei as seis
décadas de vida, poucas vezes a tinha ouvido antes. Por isso, a estranheza do uso
recorrente me fez intensificar a pesquisa sobre o que ela realmente significa.
Assim, me fui ao léxico (dicionário) com dedicação.
O “Surrealismo" foi um
movimento artístico e literário nascido em Paris na década de 1920. Reuniu
artistas anteriormente ligados ao Dadaísmo e ganhou dimensão mundial. Foi
influenciado pelas teorias de Freud e enfatizou o papel do inconsciente na
atividade criativa. Eu diria, como pouco conhecedor do movimento, foi uma “ideia
muito doida”. Lembro que quando tive contato com as primeiras obras deste período
fiquei impressionado. Era um novo período que objetivava contradizer o “racionalismo”.
Mas, segundo o Houaiss
(dicionário da língua portuguesa), “surreal” é um adjetivo de dois gêneros que
denota estranheza, transgressão da verdade sensível, da razão, ou que pertence
ao domínio do sonho, da imaginação, do absurdo. Também diz ele poder ser um
substantivo masculino que traduz “aquilo que se encontra para além do
real”.
Algumas películas da TV e Cinema na minha adolescência
foram importantes para entender o surreal
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Nos meus tempos de
juventude, para além do real estavam os contos de Grimm e a saga
cinematográfica de O Planeta dos Macacos, bem como alguns seriados como Perdidos
no Espaço e Jornada nas Estrelas. A gente sabia que tudo aquilo não era real,
mas sonhava com um futuro em que aquilo pudesse acontecer de verdade. Isso era
para nós todos “surreal”.
Mas observando alguns acontecimentos
do novo milênio, aos quais o cidadão comum e a imprensa tem se referido como
“surreal”, para nós “Baby Bommers” (nascidos entre as décadas de 1950 e 1960,
saídos das teclas da máquina de datilografia para os teclados do computador)
pode ser considerado inimaginável. Olhemos uma das manchetes recentes aqui da
nossa capital:
“Eletricista é morto a
tiros porque não retirou caminhão da frente da residência de um morador da zona
sul” – Correio do Povo – 25/10/2017.
Eletricista foi morto pelo morador quando fazia manutenção
na rede, porque o veículo bloqueava saída da garagem
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O motivo pelo qual este
crime foi cometido parece denotar que estamos vivendo “tempos bárbaros”, onde o
comedimento e o bom senso parecem ter abandonado algumas pessoas. Tenho também
a impressão de que a quantidade de “injustiças” de que a população tem sido vítima,
pode ocasionar transtornos psicóticos naqueles menos preparados. E isso se
transforma nestes casos “além do real”. Ou seja, “surreal”. Não há como não se
perguntar diante disso, por qual motivo uma pessoa comum seja capaz de tirar a
vida de outra por um motivo tão fútil?
Ainda na semana me deparo
com outra notícia, de fora do nosso Estado, e que no mínimo pode ser também considerada
“surreal”. Senão, vejamos:
“Cliente invade velório e
exige devolução de dinheiro de doces encomendados”. Foi
manchete no “Correio do Estado”, jornal de Campo Grande, capital do Mato Grosso
do Sul. No dia 20 de outubro último, Dayane Cristina Bernardino, confeiteira de
profissão, havia acabado de perder o marido, quando uma cliente invadiu a
capela onde ocorria o velório, exigindo que ela lhe entregasse os doces
encomendados para uma festa naquele dia.
Cliente entra em confronto em velório com confeiteira que acabara
de perder o marido
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Surreal? Prá quem já
conhece o sentido da palavra, sim, muito além do real.
Portanto, parece que
acompanhada de comportamentos muito estranhos para este novo período da
humanidade (século XXI), a palavra “Surreal” veio para ficar.
E acredito que um mundo de “intolerância”
se avizinha para nós que nos consideramos evoluídos e contemporâneos. Estamos a
cada dia resgatando comportamentos do princípio do século XX que contradizem tudo o que é racional. Esta é
a nossa nova era do “Surrealismo”.
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