A produção de carvão concentra grande quantidade de trabalho escravo |
Por inúmeras vezes fiz uso
deste espaço para falar de uma chaga que assola grande parte dos trabalhadores
neste país: o trabalho escravo. Um país como o nosso, acostumado desde seus primórdios
ao uso e abuso de mão de obra sem a devida valorização, desenvolveu alguns
mecanismos nas ultimas décadas que frearam em parte esta exploração.
E os auditores fiscais do
Ministério Público do Trabalho foram responsáveis pelo resgate de enorme
quantidade destes trabalhadores, principalmente em fazendas e trabalhos no meio
rural, onde é possível acobertar das autoridades fiscais por causa da distancia
um sem número de injustiças e trabalho degradante. Some-se ainda a isso, a
falta de conhecimento de seus direitos pelos próprios trabalhadores.
Trabalhos desenvolvidos no meio rural são os que mais concentram trabalho escravo |
Muitos são obrigados ainda
hoje a trabalhar pela comida, ou então assumem dívidas impagáveis junto à elite
de coronéis que os contratam, quando não são submetidos ao cárcere para que fiquem
impossibilitados de denunciar estes maus tratos.
Mas outra coisa ainda deve
ser enfatizada quando se trata de falar do trabalho escravo: “grande parte das
denuncias tem sua origem em terras de propriedade de destacados representantes
da política nacional, deputados federais e senadores!” Para se ter uma ideia,
na “Lista Suja” publicada recentemente, constava o nome do tio do senador
Ronaldo Caiado, com trabalho degradante na produção de carvão no interior de
Goiás.
Senador Ronaldo Caiado teve parentes envolvidos na Lista Suja |
E agora, envolvido nas
maracutaias que a Operação Lava-Jato descobriu, e em busca de votos que possam
frear uma possível condenação, o presidente corrupto da república faz uso de
seu poder para amenizar as denuncias de trabalho escravo. Ao invés de estar ao
lado do povo, se mancomuna com a “bancada ruralista” com benefícios que
acobertem as irregularidades em troca de votos que o livrem do Supremo Tribunal
Federal.
Agora, para que seja
considerado “trabalho escravo”, tudo deve passar pela lente do Ministro do Trabalho
antes de ser publicado oficialmente.
Indignados com a postura da
presidência da república, bem como do Ministério do Trabalho, os auditores
fiscais do MPT paralisaram as ações de fiscalização em 21 estados da federação no
último dia 18 de outubro. O ato foi motivado pela publicação da Portaria 1.129/2017
que determina que “jornadas extenuantes e condições degradantes, a partir da
agora, só serão consideradas condições análogas à escravidão se houver restrição
de liberdade do trabalhador”. Uma vergonha, em pleno século XXI.
A declaração sínica do Ministro Gilmar Mendes indignou muitos brasileiros |
E para demonstrar que não somente
os Poderes Executivo e Legislativo estão deteriorados atualmente no Brasil, o
Ministro do Supremo Tribunal Federal, Gilmar Mendes, numa demonstração de enorme
“cinismo” declarou em entrevista que também se submete a “trabalho exaustivo” quando
atua no STF e no TSE ao mesmo tempo, mas que não considera isso um “trabalho
escravo”.
Um verdadeiro absurdo. Basta que se veja o comprovante de rendimentos deste senhor. E além do salário de Ministro, possui carro com motorista particular, segurança 24 horas, plano de saúde de carreira e outras bonificações do cargo. Gilmar Mendes também é dono de uma Faculdade de Direito em Brasília.
Mas, como diz meu velho Pai: "Melhor
ouvir isso do que ser surdo!!! Ou não?"
Um comentário:
Muito estimado colega e amigo Jairo,
tu e eu temos o mesmo assunto em nossos blogares no terceiro fim de semana e terminamos da mesma maneira: nos referimos um e outro a declaração mais hilária, e até obscena do Ministro do STF Gilmar Mendes (aquele cujo voto é quase sempre contrário aos interesses nacionais).
Vibrando com sintonizar contigo, convido teus leitores a ver em mestrechassot.blogspot.com.br que Gilmar Mendes realmente não faz trabalho escravo.
Um bom domingo
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