09 dezembro 2017

VIVENDO EXTREMOS


O brinquedo Montanha Russa permite vivenciar as 
forças centrífugas e centrípetas
Em meus tempos de Ensino Médio, quando por primeira vez tive contato com as Ciências Exatas, uma das coisas que mais me intrigava eram alguns modelos antagônicos da Física, por exemplo. E uma delas eram as pressões sofridas por um corpo por causa de movimentos circulares, tanto no sentido de puxar para o centro da trajetória quanto no sentido de empurrar para fora. Eram as chamadas “Força Centrípeta”, que puxa para dentro, e “Força Centrífuga”, que empurra para fora.
Depois, quando me envolvi com o Desenho Técnico, outros elementos construtivos se sobressaíam e também me catalisaram: as superfícies “côncavas” e as superfícies “convexas”. Em termos de uso para lentes, por exemplo, o resultado é fantástico, pois uma amplia a imagem e outra comprime. Enquanto a superfície côncava se curva para dentro, a convexa se curva para fora. Uma questão de “Ótica” enquanto ciência. 
Na ciência Ótica as lentes Côncava e Convexa ampliam e reduzem imagens 
Mas porque estou aqui hoje destacando estes conhecimentos científicos, que muitos de vocês certamente pouco valor vão debitar? Quero lhes dizer que com isso aprendi a analisar “os extremos”: força centrípeta X força centrífuga; superfície côncava X superfície convexa. 
Mas e onde está a importância de tudo disso? 
Pois bem, na medida em que a idade foi avançando percebi a existência destes extremos também na vida da sociedade. Ou seja, na vida social podemos comprovar essa mesma realidade. Nesta semana, dois eventos que tomaram as notícias nacionais me remeteram àquela época em que me envolvi com estas questões de Física e de Ótica. 
A esposa do ex-governador Sérgio Cabral, presos no RJ, recebeu um
anel de cerca de 400 mil reais de propina de empreiteiro
A primeira foi o depoimento do empreiteiro Fernando Cavendish relatando a compra, a pedido do governador Sergio Cabral, de um anel de 220 mil euros (cerca de 846 mil reais) para presentear a primeira dama carioca, sua esposa Adriana Anselmo. Um valor que espanta qualquer um de nós mortais que vive correndo atrás da sobrevivência dia após dia.
Mas como sempre, assim como esse caso absurdo do anel presenteado, havia o “convexo”, ou a “força centrípeta”; ou ainda, o outro extremo. 
Na mesma semana, na capital de Goiás, dona Celina Lopes Teixeira, dona de casa desempregada e há dez anos sofrendo de dor de dente, apanhou um alicate e num ato de desespero pela dor sofrida tomou uma atitude radical: arrancou os dois dentes que lhe incomodavam. Fez isso depois de perambular por inúmeras unidades médicas da capital goiana sem conseguir atendimento. 
Desesperada pela dor
dona Celina Lopes Teixeira arrancou os dentes
com um alicate
Imediatamente essas duas notícias me remeteram ao passado e àquele aprendizado sobre “os extremos”. O anel da mulher do ex-governador Sérgio Cabral, recebido em forma de propina e os dentes arrancados em desespero por dona Celina Lopes Teixeira me fizeram lembrar do côncavo e do convexo, da força centrífuga e da força centrípeta. 
Pois nestas duas notícias da semana, ali estavam os “extremos”... Imaginem fazermos uma “experiência bizarra” para ver o resultado; o que diria dona Celina se fosse presenteada com um anel de quase quatrocentos mil reais, e a mulher do ex-governador, se diante de imensa dor fosse obrigada a arrancar os dentes por falta recursos financeiros e de atendimento na rede pública? 
Pois bem, isso fica mesmo somente na minha imaginação... Não sei se na de vocês também...

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