12 setembro 2010

UM PERFIL DOS CANDIDATOS AO PIRATINI

Conforme havia prometido na semana passada, trago nesta edição do blogue um perfil dos candidatos ao Palácio Piratini nestas eleições de 2010. São nove candidatos, sendo três deles
nascidos na capital e a grande maioria nascida no interior do Estado: um de Ivoti, dois de Santana do Livramento e dois de São Borja. A única candidata ao governo e de origem paulista, é a governadora atual, que concorre à reeleição. Um décimo candidato está impedido de participar. É José Guterres do PRTB, que foi considerado INAPTO pelo Tribunal Regional Eleitoral. Não se sabe o motivo, pois não existe referência na mídia pesquisada.

Abaixo segue o perfil de cada um, para que o Eleitor tenha uma orientação da trajetória de cada um.

CANDIDATO: AROLDO MEDINA - 44

PARTIDO: PRP – Partido Republicano Presidencialista

Nascido em Santana do Livramento, Aroldo Medina é de família tradicionalista e apegado a valores familiares. Sua atuação política teve início como presidente do Grêmio Estudantil na escola e, depois, do Diretório Acadêmico na universidade.

Durante quatro anos, Medina serviu na Força Aérea Brasileira (FAB). Em 1986, começou carreira na Brigada Militar, na qual atualmente tem o cargo de major. Com formação em Jornalismo, também trabalha como professor de história na polícia há 25 anos.

No
governo de Germano Rigotto, exerceu o cargo de chefe da Defesa Civil do Estado. Pela segunda vez, Medina concorre a governador. Suas principais bandeiras são a segurança e a educação, assuntos que norteiam seu plano de governo. Este ano, concorre pela coligação Despertar Farroupilha, uma aliança entre o PRP e o PTC, que tem João Rodrigues, candidato a vice, como representante na majoritária.

CANDIDATO: PEDRO RUAS – 50

PARTIDO: PSOL – Partido Socialismo e Liberdade

No seu quarto mandato como vereador de Porto Alegre, é a primeira vez que o advogado trabalhista Pedro Ruas se lança candidato a governo do Estado. Aos 54 anos, o líder do PSOL na Câmara defende seu partido como o único que luta efetivamente contra a corrupção.

É um dos fundadores do P
DT, ao lado de Leonel Brizola. Foi secretário de Obras e Saneamento no governo Olívio Dutra e secretário da Indústria e Comércio de Cachoeirinha na gestão de José Stédile.

Divorciado, pai de dois filhos, declara-se um amante de cinema. Caso eleito, duas são as principais preocupações: questionar a dívida do Estado com o governo federal e combater a corrupção. É otimista em relação ao crescimento do PSOL na disputa eleitoral:

- Quando se chega aos 10%, tudo pode acontecer.

CANDIDATO: YEDA CRUSIUS – 45

PARTIDO: PSDB – Partido da Social Democracia Brasileiro

A professora paulista Yeda Crusius costuma dizer que desembarcou no Rio Grande do Sul como "brinde". Era 1970 quando, recém-casada, Yeda chegou ao Estado que iria governar décadas mais tarde acompanhando o marido, Carlos Crusius, contratado pela UFRGS. Mas não demorou para que a jovem economista virasse uma referência no meio acadêmico ao publicar, em mimeógrafo, indicadores que antecipavam a recessão que se avizinhava.

Foram os primeiros passos de uma caminhada que tornou essa paulistana de 66 anos uma pioneira da política gaúcha. Alçada pela popularidade conquistada com seus comentários econômicos na TV, Yeda foi eleita três vezes deputada federal, entre 1994 e 2002, e teve uma curta experiência de quatro meses, em 1993, como ministra do Planejamento do governo Itamar Franco.

Depois de duas tentativas frustradas de se eleger prefeita de Porto Alegre, Yeda tornou-se, em 2006, a primeira mulher a governar o Rio Grande do Sul, graças a uma surpreendente reviravolta na eleição. Era o ápice de uma vocação estimulada desde cedo. Ao lado do pai, Francisco Rorato,Yeda convivia com caciques como o futuro presidente Jânio Quadros e o governador de São Paulo, Adhemar de Barros.

A eleição para o Piratini foi a consagração da carreira política de Yeda, mas também a sua maior fonte de dor de cabeça. Fustigada pela oposição (e até pelo vice Paulo Feijó), enfrentou denúncias — não comprovadas — de corrupção, enriquecimento ilícito e sofreu até agressões pessoais. Yeda não é religiosa. Diz que aprendeu a se abastecer de energia na relação com as pessoas.

Ao optar pela política, Yeda já se preparava para enfrentar a falta de liberdade que vem com o poder. O cerco a sua casa em julho de 2009 — um dos alvos das denúncias de seu governo, no período em que enfrentava duas CPIs na Assembléia — foi um marco do que define como resistência. Ali falou a avó que precisou passar mais tempo com os netos para ajudá-los a superar as marcas do episódio. Aliás, Yeda sente-se melhor avó do que mãe. Deixa de lado vaidades femininas, como fazer as unhas, para ficar mais tempo com as crianças.

Yeda é uma pessoa determinada, define seu ex-secretário Erik Camarano. O tamanho da resistência da ex-chefe, diz ele, é proporcional às dificuldades. Só uma vez Yeda chorou em público as dores dos ataques sofridos. Foi quando ouviu a senadora Kátia Abreu (DEM-TO) afirmar que um navio precisava enfrentar o mar, e não ficar preso no porto.

CANDIDATO: HUMBERTO CARVALHO – 21

PARTIDO: PCB – Partido Comunista Brasileiro

Depois de concorrer a vice-prefeito da Capital em 2008, Humberto Carvalho é o candidato do PCB na corrida pelo Palácio Piratini. Aos 67 anos, atuou como promotor e procurador de Justiça por três décadas. Formado em Direito, passou a exercer a advocacia sindical quando se aposentou do Ministério Público. Também integra as direções nacional e estadual do PCB.

Nas horas vagas, o candidato toca música erudita ao piano, e MPB e chorinhos na flauta transversal. Autor de um livro de poesias, Carvalho se define um "poeta bissexto" porque não costuma escrever poesias com frequência.

Casado há 41 anos com Carmen e pai de três filhos, passou a infância e parte da juventude em Santana do Livramento, onde deu os primeiros passos na política ainda estudante.

CANDIDATO: JOSÉ FOGAÇA – 15

PARTIDO: PMDB – Partido do Movimento Democrático Brasileiro

Em um Estado que historicamente teve como figuras-chave políticos interioranos voltados para os problemas de um Rio Grande agrário e produtor, o ingresso de José Fogaça na carreira política representou uma circunstância singular. Fogaça se apresentou desde o início como o candidato que representava uma juventude de formação e aspirações urbanas.

José Alberto Fogaça de Medeiros nasceu em Porto Alegre em 13 de janeiro de 1947. Estudou no Colégio Santa Inês e cursou o Clássico no Colégio Rosário. Formou-se em Direito pela PUCRS. O gosto pelos livros garantiu que desse aulas de reforço para os colegas. Daí, começou a carreira como professor de português e literatura. Ao mesmo tempo, fez os primeiros contatos com os jovens protagonistas de uma cena artística e teatral gaúcha fervilhante nos anos 1970. Foi quando realizou as primeiras parcerias musicais que lhe renderam projeção como compositor.

Em 1971, Fogaça estrelou um quadro com dicas sobre Língua Portuguesa no Jornal do Almoço, na então TV Gaúcha. Mais tarde, em 1974, integrou a equipe do programa Portovisão, da TV Difusora de Porto Alegre, e participou, na Rádio Continental, do programa Opinião Jovem.
Foi eleito deputado estadual em 1978 e deputado federal em 1982. Teve papel de liderança na campanha das Diretas Já em 1984 e, em 1986, foi eleito senador pelo Rio Grande do Sul - cargo que ocuparia por dois mandatos. No início dos anos 2000, trocou o PMDB pelo PPS e tentou, sem sucesso, um terceiro mandato no Senado. Retirou-se da vida política e manteve uma coluna semanal em Zero Hora. Em 2004, elegeu-se prefeito de Porto Alegre, interrompendo um ciclo de 16 anos de administrações do PT. Pouco antes de tentar - e obter - a reeleição, em 2008, anunciou sua saída do PPS e o retorno ao PMDB.

Casado com a cantora Isabela, Fogaça tem quatro filhos. Os três primeiros seguem carreira artística: Gustavo, 36 anos, é roteirista, produtor e diretor de TV, além de artista de hip-hop. Carmela, 33, é atriz. Ambos são filhos do primeiro casamento de Fogaça, com a antropóloga Ione Maria C
arvalho. Com Isabela, Fogaça tem o filho Martim, 22 anos, músico, e Francesca, 10 anos.

CANDIDATO: JULIO FLORES – 16

PARTIDO: PSTU – Partido Socialista dos Trabalhadores Unidos

Pelo PSTU, o professor Julio Flores, 51 anos, já foi candidato a vereador, prefeito, deputado, senador e governador do Rio Grande do Sul. Em 2010, seu nome estará nas urnas mais uma vez, na disputa pelo Palácio Piratini. O principal objetivo: afirmar o partido e as ideias socialistas.

Formado pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), dá aulas de ciências e matemática em três escolas - duas municipais e uma estadual. Atualmente, cursa bacharelado em Física na UFRGS. Em uma união estável, pai de um adolescente de 16 anos, Julio Flores define-se como um sujeito tranquilo, em busca da revolução socialista.

Natural de São Borja, é um apreciador da arte, da poesia - em especial de Fernando Pessoa - e não dispensa o que considera a boa música: jazz e M
PB.

CANDIDATO: CARLOS SCHNEIDER – 33

PARTIDO: PMN – Partido da Mobilização Nacional

O ivotiense Carlos Schneider, 55 anos, quer quebrar paradigmas. É por isso que faz investidas eleitorais desde 2000.

Duas vezes candidato a prefeito de Novo Hamburgo, onde vive há mais de três décadas, concorre ao Piratini pela segunda vez. Schneider quer mudar o sistema tributário do país e conferir maior autonomia às unidades da federação. Preocupação ligada à atividade que exerce em paralelo com a política: é consultor tributário, formado em Direito, cursando a pós-graduação.

Nas horas vagas, estuda História do Direito e cultura gaúch
a, viaja pelo Rio Grande do Sul e se dedica à família. Atuante no Movimento Tradicionalista Gaúcho, foi vice-líder do CTG Terra Nativa. A vida partidária começou no Partido Socialista Cristão. Em 2007, mudou para o Partido da Mobilização Nacional (PMN).

CANDIDATO: MONTSERRAT MARTINS – 43

PARTIDO: PV – Partido Verde

O médico psiquiatra Montserrat Martins, 51 anos, sabe que tem poucas chances de se eleger governador do Estado, mas acredita firmemente na eleição de Marina Silva para a Presidência. Formado em Medicina e Direito, estudou também Comunicação. Nos anos 80 foi filiado ao PT. Em 2002, interessou-se pelo Partido Verde e criou o projeto Agenda 43, direcionado ao desenvolvimento sustentável.

Divorciado, é pai de dois filhos e vive em união estável. Dedica parte do dia ao trabalho no Juizado da Infância e da Juventude, onde lida com jovens infratores. Vê como projetos importantes para o Estado a despoluição da bacia do Guaíba, o investimento na malha ferroviária e o incentivo a tecnologias que não agridam o ambiente. Lembra que a preocupação ambiental do partido considera o equilíbrio das relações humanas.

CANDIDATO: TARSO GENRO – 13

PARTIDO: PT – Partido dos Trabalhadores

Para a maioria dos políticos, papéis secundários são a senda do anonimato, mas Tarso Genro tem a habilidade de transformá-los em grandes oportunidades. O são-borjense de 63 anos demonstrou isso pela primeira vez duas décadas atrás, quando, apesar da já longa militância política, ainda tinha um currículo eleitoral modesto, limitado a um mandato como vereador em Santa Maria e uma candidatura à Câmara Federal, na qual conquistara apenas a suplência.

Então, em 1988, ele encarou a posição de vice de Olívio Dutra na eleição para a prefeitura de Porto Alegre. Em 1990 foi lançado candidato a governador. Foi o menos votado, mas abriu o caminho para a sucessão a Olívio na Capital. Virou prefeito em 1993.

Essa habilidade para conquistar espaços tornou-se, às vezes, motivo de desgosto. Quando se candidatou a prefeito, por exemplo, Tarso inaugurou uma tradição petista de ungir candidato ao Paço Municipal o vice do pleito anterior. Dessa forma, Raul Pont, o companheiro de chapa de Tarso, foi o nome do partido na eleição de 1996 e venceu. Seu vice, José Fortunati, passou a ser visto como o candidato natural para sucedê-lo. Mas Tarso entrou na disputa e foi às urnas. Eleito, virou prefeito pela segunda vez em 2001. Fortunati acabou deixando o partido. Em 2002, Tarso deixou a prefeitura antes de completar a metade do mandato e disputou com Olívio Dutra a vaga de candidato ao Piratini. Mais uma vez, Tarso levou a melhor, mas o embate provocou estremecimentos no partido.

Derrotado, Tarso teve então a segunda oportunidade de converter uma posição secundária em plataforma de lançamento. O presidente Lula convidou-o a criar e comandar o Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social. Tarso conseguiu dar uma visibilidade e uma importância ao conselho que ele nunca mais teria, credenciando-se para assumir três ministérios sucessivos: Educação, Relações Institucionais e Justiça. Foi ministro durante a maior parte dos dois mandatos de Lula.

Mais uma vez espero ter contribuído na decisão de cada um e cada uma pelo candidato adequado para assumir o governo gaúcho nesse momento. Não esquecendo que o VOTO ÚTIL (aquele voto somente nos candidatos que possuem condições de ganhar) evita que escolhamos o candidato que está de acordo com nossas convicções, e que muitas vezes pode cercear a oportunidade de mudanças no cenário político local. Bom voto em 3 de outubro.

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