19 setembro 2010

SOBRE AS PNEUMOCONIOSES

Na edição de hoje se atende a solicitação de alguns alunos a respeito das PNEUMOCONIOSES, grupo de doenças pulmonares ocupacionais e restritivas causadas pela inalação de poeiras de vários tipos. Muitos de nós cremos que as doenças pulmonares só acometem trabalhadores de minas e atividades similares. Mas, essa realidade acontece muitas vezes próxima de nós, principalmente na área da construção civil.
Um dos pontos altos e recentes da história das pneumoconioses foi observado no pós atentado do 11 de setembro. Muitos dos bombeiros que estiveram envolvidos no resgate e salvamento das vítimas do atentado perderam a vida por doenças respiratórias decorrentes da exposição às poeiras geradas pela implosão das torres gêmeas.
Aqui vamos trazer algumas pneumoconioses resultantes das poeiras minerais: a asbestose, a silicose e a siderose. O que chama a atenção de muitos alunos são os nomes dessas doenças e o que significam. Por isso, estamos trazendo o significado de cada nome e a descrição dessas doenças, de forma a tornar mais fácil a compreensão.
ASBESTOSE
A Asbestose é uma doença causada pela aeração do pó de amianto, também chamado de asbesto. É uma tentativa de cicatrização do tecido pulmonar, causada pelas fibras minerais de silicatos do asbesto. A Asbestose é uma formação extensa de tecido cicatricial nos pulmões causada pela aspiração do pó de amianto.

O amianto é composto por silicato de mineral fibroso de composição química diversa. Quando se inala, as fibras de amianto fixam-se profundamente nos pulmões, causando cicatrizes. A inalação de amianto pode também produzir o espessamento dos dois folhetos da membrana que reveste os pulmões (a pleura).

As pessoas que trabalham com o amianto correm o risco de sofrer doenças pulmonares. Os operários que trabalham na demolição de construções com isolamento de amianto também correm risco, embora menor. Quanto mais tempo um indivíduo estiver exposto às fibras de amianto, maior é o risco de contrair uma doença relacionada com o amianto.
SILICOSE

A Silicose é uma forma de pneumoconiose causada pela inalação de finas partículas de sílica cristalina e caracterizada por inflamação e cicatrização em forma de lesões nodulares nos lóbulos superiores do pulmão.

Provoca, na sua forma aguda, dificuldades respiratórias, febre e cianose. Pode ser confundida como edema pulmonar, pneumonia ou tuberculose.

Foi identificada pela primeira vez por Ramazzini, em 1705.

A Silicose comumente afeta os mineiros, após anos de inalação da sílica presente no ar dos túneis e galerias. A sílica se deposita nos alvéolos pulmonares furando células e rompendo os lisossomos que derramam suas enzimas que destroem as células, ação conhecida como apoptose e como conseqüência os alvéolos. A silicose causa dificuldade respiratória e baixa oxigenação do sangue, provocando tontura, fraqueza e náuseas, incapacitando o trabalhador.

A Silicose além de ser a mais antiga e mais grave das doenças pulmonares relacionadas é também a mais prevalente à inalação de poeiras minerais. É uma fibrose pulmonar nodular causada pela inalação de poeiras contendo partículas finas de sílica livre cristalina que leva de meses a décadas para se manifestar. Com uma evolução progressiva e irreversível a Silicose é considerada uma doença ocupacional que causa graves transtornos de saúde ao trabalhado e pode provocar incapacidade para o trabalho, aumento dos riscos de tuberculose, invalidez e, com certa freqüência, ter relação com a causa do óbito do paciente. A descrição da doença já foi relatada há muitos séculos, no entanto a possibilidade de prevenção só foi cogitada a partir do século XX. A importância da prevenção e do combate à silicose motivou a Organização Mundial de Saúde (OMS) e a Organização Internacional do Trabalho (OIT) a lançarem em 1995, conjuntamente, um programa de erradicação da Silicose. As três formas mais importantes da sílica cristalina, do ponto de vista da saúde ocupacional são o quartzo, a tridimita e a cristobalita. Estas três formas de sílica também são chamadas de sílica livre ou sílica não combinada para distingüí-las dos demais silicatos.
SIDEROSE

A Siderose pulmonar é uma pneumoconiose causada pela inalação de poeiras e fumos contendo óxidos de ferro. Pode acometer trabalhadores expostos a atividades extrativas de minério de ferro (hematita, magnetita, limonita), produção de pigmentos naturais contendo óxidos de ferro em tintas e pisos, metalurgia de aço, ferro e ligas, solda a arco elétrico e oxietileno, polimento de metais com óxidos de ferro em cutelaria de aço e prata e outras atividades afins. Dependendo da atividade profissional, existe exposição a outros agentes potencialmente lesivos, quando inalados juntamente com o ferro. Na mineração de ferro, os óxidos de ferro podem estar associados a sílica em concentrações variáveis, causando lesão pulmonar mista chamada siderossilicose.

Na soldagem elétrica, os eletrodos usados são recobertos por óxido de titânio, zinco, cádmio, cromo e outras substâncias e, às vezes sílica, havendo produção de gases como óxidos de nitrogênio e ozônio. Esses agentes podem produzir lesões brônquicas, modificar as reações de depósito de ferro nos pulmões e levar a fibrose difusa.

A TERMINAÇÃO “OSE”

O aluno Alisson da Turma 3S6 da Escola Unipacs de Esteio perguntou-me durante a aula de Riscos Químicos da ultima sexta-feira o porquê da utilização da terminação “ose” nestas doenças. Respondo a ele recorrendo a um dicionário de termos médicos, e que traz a seguinte explicação:
Os sufixos -íase e -ose, utilizados ambos para designar doença, estado mórbido, são oriundos do grego e chegaram até nós através do latim. Têm uma origem comum, resultando do sufixo -sis, que se acrescenta às formas nominais dos verbos gregos para designar ação, estado ou qualidade.
A terminação -ose ganhou com o tempo acepções diversas, podendo traduzir:
a) estado mórbido. Ex.: colagenose, artrose;
b) doença causada por agente específico. Ex.: tuberculose, blastomicose;
c) ação, estado ou condição. Ex.: hipnose, lordose, cifose;
d) aumento de produção. Ex.: leucocitose, linfocitose;
e) arranjo, disposição. Ex.: pterilose;
f) designativo de açúcar. Ex.: glicose, lactose, xilose.
Quando acrescentado aos verbos com tema em a, o sufixo -sis resulta na terminação -asis (-ase em português), utilizada para nomear as enzimas.
Ex.:amilase,lipase,fosfatase,etc.

As doenças infecciosas e parasitárias, de modo geral, são designadas por meio dos sufixos -íase e -ose.

Quando devemos usar um ou outro destes sufixos?

Tanto em português como em outras línguas ocidentais usa-se de preferência o sufixo -ose para as infecções causadas por vírus, bactérias e fungos. Ex.: mononucleose, salmonelose, esporotricose. Dentre as doenças bacterianas constitui exceção hanseníase, denominação pouco usada fora do Brasil e, dentre as produzidas por fungos, a monilíase ou candidíase.

Observação:

A ocorrência de atividades potenciais na geração de pneumoconioses pode ser lida na ultima edição da Revista Proteção em http://www.protecao.com.br/site/content/noticias/noticia_detalhe.php?id=JyjaAnja

Um comentário:

Attico CHASSOT disse...

Muito estimado colega e amigo Professor Jairo:
Linda e primaveril abertura para tratar assunto tão importante como este: doenças (laborais) pulmonares.
Parabéns e votos um bom domingo,


attico chassot

http://mestrechassot.blogspot.com
www.atticochassot.com.br