19 outubro 2012

DOIS IRMÃOS: ONDE O PRECONCEITO FOI QUEBRADO

Na maioria das vezes somos assolados pelo pessimismo

É muito comum o uso do pessimismo quando somos conclamados a analisar nosso tempo presente. Inseguro, agressivo, individualista e egoísta são alguns dos adjetivos que permeiam nossas conclusões sobre o atual momento. Mas também não nos damos conta, ou não queremos reconhecer, as muitas mudanças que melhoraram sobremaneira alguns aspectos da vida contemporânea. Basta que sejamos um pouco mais analíticos no momento de avaliar as condições da existência humana neste novo milênio.

Eu que sou já “cinquentinha”, como alguns de meus leitores, posso compreender as inúmeras mudanças ocorridas em relação àqueles tempos pretéritos de nossa adolescência e juventude. Mesmo que nos deixemos envolver por um tremendo saudosismo, reafirmando frequentemente que aqueles sim é que eram bons tempos.

E para acabar com esse saudosismo desenfreado,  capaz de solapar muita gente quando tratamos do passado, quero relembrar aqui um sentimento muito comum naquela época: o preconceito. Não que ele hoje não exista, mas tenho visto a cada dia se transformar em coisa do passado. Principalmente quando se trata daqueles preconceitos arraigados pelo tradicionalismo, pelo machismo, pela ignorância e outras visões extremamente retrógradas.

O preconceito racial ainda é um mal do nosso século
O preconceito em relação à raça negra era muito forte em décadas passadas, e o que se vê hoje são grandes avanços neste tocante. Lembro de ouvir comentários entre meus avós e tios a respeito do assunto.

Também as mulheres que se separavam em função de um casamento arranjado ou de “aparências”, como se dizia, sofriam grande preconceito como se fossem prostitutas depois da decisão tomada. E eram excluídas de festas, comemorações e até de visitar parentes.

E o sentimento de homofobia, então?  Nem se fale. Ele ainda predomina entre nós, mas com menos intensidade, quando se observa mais tolerância e compreensão por parte de algumas pessoas. Pelo menos é o que tenho percebido nos espaços onde convivo. Posso até estar enganado. Mas tenho visto coisas bem mais animadoras.

Todavia, nestas últimas eleições uma notícia deixou-me extremamente satisfeito e otimista com nosso futuro, e tornou-se uma grande comprovação de que o preconceito pode ser vencido. Tânia Terezinha da Silva, mulher negra, técnica de enfermagem, 49 anos, divorciada, mãe de dois filhos, será a primeira mulher a comandar o poder executivo do município de Dois Irmãos. Num lugar de predominantemente de população germânica, a vitória de Tânia nas urnas é uma grande demonstração de quebra de paradigmas. Ter sido eleita com todas estas características num local onde se pressupunha a existência de grande intolerância e conservadorismo, é um feito.    

Tânia Terezinha da Silva é a Prefeita de Dois Irmãos pelos próximos quatro anos
Durante a caminhada que resultou na votação do dia 7, Tânia conta que teve muitas dificuldades no início da campanha, sobretudo por falta de recursos, mas considera que agora ela comemora a escassez de verbas. “Por nós termos recursos muito pouco expressivos, focamos na visita domiciliar e isso foi o diferencial nessa campanha”, aponta Tânia. (...) Ela se considera um exemplo a ser seguido e acredita que há um lugar ao sol para todos, desde que as pessoas estejam dispostas a procurar o seu lugar para brilhar. “Acredito que muitas mulheres devem se orgulhar de saber que a gente está lutando, indo atrás e conseguindo coisas. Não devemos nos esconder atrás de preconceitos”, pontua.

Por isso, não consigo ser pessimista com nossa realidade atual, porque acredito que as mudanças podem acontecer. Basta que também sejamos elementos de transformação nesta sociedade, mudando nossas antigas concepções e crenças. Senão, de nada valeu todo o processo de evolução pelo qual passou a humanidade nestes milênios. E para que a evolução melhore a raça humana, é necessário aprender com o passado, respeitar o presente e planejar um futuro mais feliz e mais promissor.

Parabéns à nova prefeita e um excelente governo. Que ele deixe marcas e liquide de vez com qualquer resquício de preconceito que possa existir em cada canto de nosso Estado, em cada canto de nosso País.        

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