REMEXENDO OS ALFARRÁBIOS

A reeleição de Obama tranquilizou
a maioria dos líderes mundiais

Mexi e remexi meus alfarrábios para ver se conseguia alguma inspiração para a edição desta semana. Depois me fui aos periódicos para buscar algum norte. Li e reli várias notícias da semana, algumas bastante repetitivas. Pensei em tratar da “Reeleição de Obama”, e da importância disso para todos nós. Muitos dirigentes mundiais sentiram um alívio nesta decisão americana, preocupados pela possível repetição do que já se havia experimentado com o clã Bush. Confesso que eu também torcia pela reeleição dele, pois prefiro o estilo conciliador de Obama, do que um possível articulador de conflitos externos para justificar a ineficácia no âmbito interno.

 

Depois pensei em tratar de alguma coisa sobre o “Mensalão”, agora em sua fase de penalização dos envolvidos. Aliás, esta semana o tema me proporcionou o aprendizado de um termo jurídico que ainda não conhecia: a Dosimetria da Pena. E como sempre, investido do instinto de pesquisador, me fui ao dicionário: “Ato ou efeito de quantificar a pena, segundo as determinações legais, individualizando-a”.

Ministro Joaquim Barbosa ficou conhecido
no julgamento do Mensalão

 

Passei pela Zero Hora desta semana e dei uma olhada na campanha “A Educação Precisa de Respostas”, clichê bem pensado pela maior rede de comunicações do sul, e que de vez em quando contribui com a sociedade local. Não que eu seja ardoroso fã da família Sirotsky, até porque, com esse poder da mídia na mão, poderia desenvolver maior quantidade de ações em prol da educação, da segurança pública, da saúde e outros temas. Por isso, resolvi assumir este tema, pois acredito que mereça uma nota mais aprofundada.

 

Já vi manobras deste portentoso órgão de imprensa, muito mais na defesa de seus patrocinadores do que propriamente da sociedade gaúcha. Quer um exemplo? No caso da destruição do viveiro das mudas da Aracruz em Barra do Ribeiro nos idos de 2006. Não que eu defenda ações de vandalismo, mas o que mais ficou evidente não foi o caráter jornalístico da reportagem trazida a público, através de vídeos e textos. Todas as referencias davam conta da destruição das pequenas mudas da Aracruz, mas sequer mencionavam a quantidade de empregos liquidados no Estado pela plantação de eucaliptos. Houve até mesmo a divulgação incessante de uma imagem de bióloga em lágrimas, esta responsável pela conservação e preservação das mudas da empresa. Mas, o outro lado da historia, o choro das mulheres com seus filhos passando fome pelo desemprego no campo não apareceu.

Últimas campanhas da RBS TV

 

Quanto aos órgãos de comunicação, pra quem não sabe, todos eles são uma concessão do Estado. Ou seja, periodicamente estas emissoras, sejam jornais, rádios ou televisões, são submetidas a apreciação de seus contratos de exploração deste serviço. E cabe aos nossos representantes políticos a aprovação ou reprovação da continuidade desta concessão. É sabido que a posse destes órgãos possibilita uma gama de poderes enormes. Não é à toa que uma grande parte dos políticos das regiões norte e nordeste detém este poder em suas mãos. E talvez se explique a dominação local e a permanência no poder durante tantos anos. É uma forma moderna do antigo coronelismo colonial.

 

As campanhas incitadas costumeiramente pela Rede Brasil Sul de Comunicações devem ser elogiadas e apoiadas, como esta “A educação Precisa de Respostas”, como aquela do “Crack Nem Pensar”, ou até mesmo outra mais antiga, “Violência no Trânsito – Isso tem que ter Fim”, pois abordam temáticas de relevância para a população. Todavia, não se pode crer que essas iniciativas tenham somente boa fé de empresários da comunicação. São mais do que isso. São compromissos que a emissora tem o dever de cumprir, principalmente pela disponibilidade da concessão do Estado durante tantos anos e compromissos alinhavados nos contratos estabelecidos. Até porque as campanhas são realizadas dentro de temáticas que não tragam prejuízo às marcas dos parceiros patrocinadores. Estes são defendidos de forma sistemática, independentemente de seus produtos e dos prejuízos que venham a causar. Como foi o caso da Aracruz. Por isso, o grande cuidado na escolha das temáticas.