Esta semana dedico a edição do Blog a estes
defensores das boas condições de trabalho e que por suas atuações evitam vários
acidentes e doenças ocupacionais. São os auditores-fiscais do Ministério do
Trabalho e Emprego.
A CHACINA DE UNAÍ
Três auditores e um motorista foram assassinados em 2004 |
Era janeiro de 2004, e eu ainda morava em
Brasília, quando fomos impactados pela notícia do assassinato de três auditores-fiscais
do Ministério do Trabalho e um motorista do órgão federal. O crime aconteceu em
Unaí, cidade mineira que faz divisa com o Distrito Federal. Foram assassinados
os Auditores-Fiscais do Trabalho Eratóstenes de Almeida Gonçalves, João Batista
Soares Lage e Nelson José da Silva, e o motorista Ailton Pereira da Silva.
Um dos pistoleiros contratados, Erinaldo de
Vasconcelos Silva, confessou ter
recebido 50 mil reais pelo crime, quantia que seria dividida com outros dois
colegas que participaram da chacina. O mandante do crime, Norberto Mânica, também
conhecido como “Rei do Feijão”, ofereceu a Erinaldo, após o crime, 100 mil
reais e um caminhão para que ele assumisse sozinho a autoria. Segundo a
Promotoria, também foi mandante o prefeito de Unaí, e irmão de Norberto,
Antério Mânica.
Aida Becker é coordenadora de NR 12 em Caxias do Sul |
Inacreditavelmente, dos oito acusados
somente três foram julgados e condenados: Erinaldo de Vasconcelos Silva,
Rogério Alan Rocha Rios e William Gomes de Miranda. Os demais aguardam decisão do
STJ, pois o ministro Luiz Fux pediu vistas do processo.
AUDITORA DE CAXIAS DO SUL PEDE AJUDA
Um outro caso envolvendo auditores-fiscais
do Ministério do Trabalho me chamou a atenção esta semana, principalmente
porque envolve uma profissional pela qual nutro profundo respeito e admiração,
a engenheira Aida Cristina Becker. Estivemos juntos tempo atrás na elaboração do
Manual de Segurança na Operação de Prensas e Similares na FIERGS, sob a coordenação
da Dra. Beatriz Santos Gomes. Ali pude comprovar toda a sua competência como
profissional envolvida com a segurança dos trabalhadores.
Muitos acidentes são evitados pela fiscalização dos auditores-fiscais |
Pois nesta semana, segundo a Revista
Proteção, Aida Becker solicitou, em nome do sindicato dos metalúrgicos de Caxias
do Sul e região, um apoio do deputado federal Assis Mello (PCdoB-RS) para que
interviesse junto ao Ministério do Trabalho. Segundo ela, é muito grande a resistência
dos empresários da região na adequação de seu maquinário, e já há um movimento
em prol da revogação da NR 12. A intenção é levar ao Ministro do Trabalho e Emprego
a preocupação da fiscalização e da representação sindical neste sentido. Desde
a publicação da norma revisada, foram concedidos prazos para que as máquinas
fossem adequadas, coisa que não ocorreu na maioria dos casos.
DENÚNCIA E CORRUPÇÃO NA REGIÃO METROPOLITANA
Nesta quinta-feira, dia 31 de outubro, outro
episódio envolveu auditores fiscais aqui no Estado, colocando em polvorosa toda
a classe industrial e da construção civil. Desta vez, a polícia federal se
antecipou para evitar o que ocorreu em Unaí em 2004. Segundo notícia do Jornal
Zero Hora deste mesmo dia, um esquema que acelerava o fim de embargo em obras
da capital, mediante pagamento de propina, foi desarticulado. Participavam um
auditor-fiscal do MTE e um servidor administrativo do órgão, além do diretor da
Worker Engenharia, Antonio Barata.
Heron Oliveira está sendo investigado e Antonio Barata foi preso |
Havia inclusive uma tocaia sendo preparada
para o auditor-fiscal que iria visitar nesta sexta-feira uma obra em Gravataí,
e que seria por ele embargada. O grupo preparou um caminhão para abalroar o veículo
do auditor durante o trajeto na Free-Way, provocando um suposto acidente fatal,
coisa que não aconteceu pela antecipação da policia federal, já que ela pretendia
realizar as prisões somente em março do ano que vem.
Também está sendo investigado como participante
do esquema o superintendente do órgão, Heron Oliveira, que conheci pessoalmente
num seminário de segurança do trabalho ocorrido na Fiergs há quase dois anos. Lembrando
que o cargo de superintendente regional do MTE é de cunho político e não técnico.
PROFISSÃO-PERIGO
Pelos relatos acima nota-se que a profissão possui ingredientes perigosos em sua essência e que, quando utilizados para defender a integridade física dos trabalhadores brasileiros, podem levar a um grande risco para estes profissionais. Mesmo que existam, como em todas as profissões, desvirtuamentos do objetivo principal por parte de uma minoria, há que se reconhecer o grande serviço prestado pelos auditores-fiscais do MTE.
PROFISSÃO-PERIGO
Pelos relatos acima nota-se que a profissão possui ingredientes perigosos em sua essência e que, quando utilizados para defender a integridade física dos trabalhadores brasileiros, podem levar a um grande risco para estes profissionais. Mesmo que existam, como em todas as profissões, desvirtuamentos do objetivo principal por parte de uma minoria, há que se reconhecer o grande serviço prestado pelos auditores-fiscais do MTE.
Fontes consultadas:
Zero
Hora – Edição 31.10.13
Revista
Proteção – Edição 29.10.13
Jornal
Estado de São Paulo – Edição 01.10.13
Um comentário:
Meu caro Jairo,
parabéns pela atual e oportuna blogada desta semana.
Na noite de sexta-feira, quando recebia o alerta de tua postagem, ouvia a notícia que ações policiais conseguiram barrar que se tivesse no Rio Grande do Sul uma repetição chacina na mineira Unaí, em 2004.
Tua postagem se constitui numa denúncia de magnífica atualidade.
Com admiração espraiada
attico chassot
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