Pela primeira vez como escritor, um outro desafio |
Esta
semana que encerra novembro é uma das mais significativas para mim. Afinal,
passada mais de meia centena de anos de vida, me tornei escritor, coisa que
jamais imaginara um dia acontecer. Por isso, a edição de hoje se atreve na exposição
de algumas coisas de minha vida pessoal. Sinto a necessidade de fazer mais que
uma escritura semanal. Quero que sejam testemunhas de um depoimento.
Em
outros tempos poderia lhes afirmar que fui uma pessoa bastante passiva, de
comportamento calmo e tranquilo. Mas a convivência com pessoas extremamente ativas
foi me mostrando que, ao nos impormos desafios, a vida se torna mais interessante.
Sair da chamada “Zona de Conforto” traz muita experiência e novidades que a
gente muitas vezes não se dá conta. E neste sentido, eu poderia discorrer aqui inúmeras
atividades que resolvi fazer na minha vida particular e profissional, como
forma de experimentar coisas novas.
Mandirituba: cidade do interior do Paraná, onde vivi desafios |
Só
para terem ideia da verdade disto que agora declaro ao público leitor,
conto-lhes uma aventura desastrosa minha, mas que também somou experiência. Corria o ano de 1997, eu morava em
Madirituba, uma cidadezinha distante 40 quilômetros da capital paranaense. Ali
havia sido chamado por uma empresa que pretendia ampliar suas instalações,
passando de fornecedor estadual de alimentos para fornecedor nacional, com
possibilidades de exportação. Era este meu desafio. Mas deixemos de lado os
aspectos profissionais, e vamos ao ocorrido. Numa
tarde de domingo, fomos eu e minha esposa a um rodeio de touros e
cavalos na pequena cidade. Eu assistia às domas muito intrigado pelo modo como
ocorriam as montarias e, mais ainda, a imaginar o que sentiam aqueles peões no
lombo dos animais. Foi quando o locutor anunciou a possibilidade de participação
do público presente como protagonistas do evento, em montarias mais amenas. Não
titubeei e me dispus a montar um daqueles cavalos, mesmo sem a experiência requerida
para tal. E pensei: “Não posso deixar este mundo sem experimentar esta sensação,
mesmo que ela me traga alguma lição um pouco mais dura!” Minha esposa,
cautelosa me avisou: “Veja lá o que vai fazer! Pense bem!” O locutor chamou meu
nome e lá fui eu, num misto de medo e expectativa. Juro que a intenção não era
exibicionismo, mas experimentar a sensação daquele desafio. Prá encurtar a
estória, resisti nada mais do que dois pulos no lombo do cavalo. Em poucos
segundos lá estava eu no chão da mangueira, enlameado com barro e serragem. A
dor no ombro me suscitava algum osso quebrado, coisa que ficou constatada à
noite, quando ao visitar o hospital local o raio-x mostrou uma fratura na
clavícula. O que me rendeu uma imobilização de quase 40 dias, seguido de
fisioterapia.
Nossos escritos saem pelo mundo, não mais nos pertencem |
Apesar
do transtorno, posso afirmar que a sensação em montar um animal arredio é fantástica.
Ambos os medos, de animal e montador, se misturam naquela interação, provocando
uma disputa para ver quem resiste um ao outro.
Pois
esta semana, da mesma forma que há cerca de 16 anos atrás, pude experimentar
uma sensação diferente. A de possuir um legado escrito que poderá ficar como contribuição
para a posteridade. E o que senti? Nestes momentos que vivi esta semana, com palestras sobre o livro e sessões de autógrafos para alunos, colegas e parceiros? Confesso
que a sensação é fantástica também, tão similar àquela que experimentei na
arena de rodeio de Mandirituba. Os escritos agora não mais me pertencem, fazem
parte do mundo. Depois de quase três anos de gestação, estou mais leve e com a impressão
de um dever cumprido. E nesta construção há muitos personagens a homenagear,
pois, não fossem eles, eu certamente não estaria experimentando tudo isso.
Primeiramente,
atribuo ao talento de minha mãe boa carga de tudo que desenvolvi nestes
anos, e que, por certo, carregarei até o final da vida. Tenho a impressão que talvez
só tenha tido a real dimensão da importância de tudo que me legou, depois
que ela partiu há cerca de três meses.
Tenho
evitado, em respeito aos seus pedidos, a exposição da família em muitas de minhas
atividades. Mas não posso deixá-la no anonimato neste momento. Uma pessoa que é
minha dileta companheira há mais de 30 anos, e que é figura exponencial em
todos os meus sucessos e frustrações. Discretamente lê os meus escritos,
tecendo críticas e comentários fundamentais para o aperfeiçoamento. Minha
esposa Leodi é parte também desta construção, e a ela dedico este legado.
Uma
pessoa que conheci há 6 anos atrás, se fez mestre e amigo pela empatia desde os
primeiros momentos de contato. Attico Chassot significa para mim muito mais do
que um simples orientador acadêmico. Somos hoje confidentes nas questões pessoais
e profissionais. Digo que, com ele, aprendi muito mais em 6 anos do que nos anos que antecederam este contato. Por isso, convidei-o a prefaciar
esta obra.
Finalmente,
alguns colegas de docência que, por estarem sempre ao meu lado, trocando experiências,
expondo pontos de vista e ponderações, não imaginam o quanto se fizeram presentes
nestes escritos. Um deles é meu parceiro de longa data, quando ao retornar de
Brasília em 2004, tive o privilégio de conhecer na Escola Unipacs de Esteio. Estamos
realizando trabalhos conjuntos desde 2005, e sua dedicação e cumplicidade é
algo de impressionar. Devo muito a ele: professor Luciano Bessauer. Como digo,
somos os “jurássicos” da Unipacs.
Mais do que simples colegas de profissão |
Em
outra instituição, a Escola Factum de Porto Alegre, conheci mais duas figuras
que hoje também se imiscuíram na minha trajetória. Um deles acompanhei a transformação
pela qual passou, numa cirurgia complexa que lhe tornou um indivíduo mais
apaixonado pela vida. E isso era notório em seus olhos e suas ações. Tornou-se
outra pessoa. Torci e torço muito pelo sucesso do professor Gerson Rocha. Somos
cúmplices também de muitas opiniões, com exceção do nosso antagonismo futebolístico.
Mas nem tudo é perfeito, não é, Gerson? Também
tive o prazer de conhecer nestes anos que iniciam o século XXI, nesta mesma instituição,
uma doce figura do mundo da prevenção e da educação. Profissional dedicada e sempre
cordial nas suas intervenções, com uma facilidade para dialogar e negociar, a
professora Janaína Sostisso é uma daquelas joias raras. Até dietas para
emagrecer já discutimos e acompanhamos sob a forma de parceria, de olho na
balança e nos lanchinhos dos intervalos de aula. Estas são para mim duas
amizades inestimáveis.
Por
fim, não dá pra esquecer daqueles que foram o motivo maior destes escritos, e
para quem eles são direcionados: ex-alunos, ex-alunas, alunos e alunas que
agora estão em sala de aula comigo. Seria impossível citar qualquer um aqui sem
fazer injustiça. Mas creiam, vocês hoje são responsáveis por terem me
incentivado a colocar no papel tudo que hoje ai está. Como autor, quero dizer-lhes
que sinto um sentimento de incompletude. Toda vez que leio o Guia do Técnico em
Segurança do Trabalho estou sempre pensando que poderia ter ainda agregado mais
um conteúdo, um outro detalhe, uma outra reflexão. Portanto, conto com a absolvição
de vocês caso sintam que há lacunas a serem preenchidas nesta produção. Prometo
que na próxima vez tentarei ser mais profissional, mais dedicado, da mesma forma
como tenho exigido de todos vocês. Um abraço a todos, muito obrigado e, se possível,
façam bom proveito.
Prof. Jairo
Brasil
2 comentários:
Meu caro Jairo,
li emocionado a edição semanal de teu blogue.
As vivências desta semana são uma anti- Mandirituba.
Agora não houve tombos mas sim ascensões. Foi muito grato para mim estar ao teu lado na noite de quinta-feira. Concelebrei uma vitória contigo.
Parece que exageras ao afirmar: “Digo que, com ele, aprendi muito mais em 6 anos do que nos anos que antecederam este contato”. Já te disse mais de uma vez: somos parceiros. Realizamos juntos dialogo de aprendentes.
Assim é muito bom ser parceiro neste teu sucesso.
Espraio=me jubilar com a parição do teu livro
attico chassot
http://mestrechassot.blogspot.com
Grande Professor Jairo! Hoje falam na tal vergonha alheia e quando assiti a apresentação do teu livro para aquela sala cheia de alunos, eu e outros colegas professores, eu senti orgulho alheio, mas um orgulho de poder compartilhar contigo este momento tão decisivo e inicialpois acredito que teremos mnais ainda deste grande ser humano e Professor. Agradeço emocionado tuas gentilezas comigo, sem saber exatamente se mereço, mas certamente me inspiro em, quem sabe, escrever algumas linhas também. Mas esta é outra história de desejos de ajudar o próximo, como tu já fizeste. Um abraço e muito sucesso!
Postar um comentário