31 maio 2014

05 DE JUNHO: UM DIA PARA SER LEMBRADO

Um dia para ser lembrado e pensado
O mês de maio já se vai, e o de junho que entra neste domingo anuncia o ocaso do primeiro semestre de 2014. Impressiona o voar das horas e dos dias, principalmente num ano com tantos eventos no país.
Mas o mês de junho traz uma marca bastante significativa, além de neste 2014 trazer o início da Copa no Brasil. O dia 05 de junho é conhecido como o Dia Mundial do Meio Ambiente. Não sei se é da ciência de todos meus leitores, mas o país passa por profundas modificações em relação aos resíduos sólidos, ou lixo como alguns possam considerar. Há uma Política Nacional em andamento que impõe às prefeituras municipais uma nova forma de lidar com os resíduos sólidos gerados.
Segundo o Ministério do Meio Ambiente, esta política contém instrumentos importantes para permitir o avanço necessário no enfrentamento dos principais problemas ambientais, sociais e econômicos decorrentes do manejo inadequado dos resíduos sólidos. Prevê a prevenção e a redução na geração de resíduos, tendo como proposta a prática de hábitos de consumo sustentável e um conjunto de instrumentos para propiciar o aumento da reciclagem e da reutilização dos resíduos sólidos [aquilo que tem valor econômico e pode ser reciclado ou reaproveitado] e a destinação ambientalmente adequada dos rejeitos [aquilo que não pode ser reciclado ou reutilizado].

Inúmeras pessoas vivem do que extraem dos resíduos sólidos nas grandes cidades
Também esta política prevê a eliminação dos famosos “lixões”a céu aberto, além de propor medidas de planejamento nas esferas federal, estadual e municipal. As empresas e todos os órgãos geradores deverão cada um estabelecer seus Planos de Gerenciamento de Resíduos Sólidos.
Ou seja, tudo isso pretende contribuir para melhorias profundas nas questões ambientais, bem como, reduzir ou até eliminar, quando possível, a utilização dos recursos naturais de forma desmedida. Afinal, como destaca o teólogo e ambientalista Leonardo Boff: “Há duas formas principais de estarmos presentes no mundo: pelo trabalho e pelo cuidado. Como seres sem nenhum órgão especializado, à diferença dos animais, temos que trabalhar para sobreviver. Vale dizer, precisamos tirar da natureza tudo o que precisamos. [...] Na história humana, pelo menos no Ocidente, instaurou-se a ditadura do trabalho. Este mais do que obra foi transformado num meio de produção, vendido na forma de salário, implicando concorrência e devastação atroz da natureza e perversa injustiça social”.
A chegada dos caminhões é um momento de disputa acirrada 
Por isso mesmo, pude compreender que, acima dos benefícios trazidos pela nova Política Nacional dos Resíduos Sólidos, temos consequências da sua aplicabilidade. Foi o que se pode comprovar pelos meios de comunicação do Distrito Federal esta semana que passou. Dizia uma das manchetes: “Brasília fechará lixão que sustenta 2 mil”. Ou seja, na eliminação completa desta forma de acumular resíduos, o resultado poderá ser o de pessoas sem uma fonte de renda para alimentar-se.
A Estrutural ou o Lixão da Estrutural, como conheci ainda no período em que morava na capital federal, tornou-se um grande bairro num primeiro momento. Depois, numa atitude insana e interesseira, como é de costume da classe política, se transformou creiam, numa cidade, a Cidade Estrutural. Foi capaz inclusive de decidir eleições, quando potenciais candidatos adentravam as vielas da favela ali construída, em cima de carros de som para angariar os votos preciosos da comunidade. Mesmo sem qualquer infraestrutura para a população, como esgoto e tratamento sanitário, redes públicas de água e eletricidade foram disponibilizadas.
O Lixão da Estrutural já foi notícia do New York Times
Houve inclusive um cadastramento dos catadores, chegando a um total de 1.200. Esse pessoal diariamente “mexe e remexe” cerca de 2.700 toneladas de resíduos orgânicos e 6 mil toneladas de entulho da construção civil. No meio de tudo isso, os catadores descobrem objetos valiosos, e que são disputados acirradamente. A cada caminhão que chega uma cerca humana rodeia o veículo, onde se  procura a melhor posição no momento da descarga. E isso já foi motivo de inúmeras mortes.
Portanto, se de um lado não há como negar os benefícios na implantação do Plano Nacional de Resíduos Sólidos, por outro se pode lamentar que pessoas que extraem desta fonte os recursos parcos para a sobrevivência, terão agora de buscar outras alternativas. 

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