Fernandão conduziu o Internacional aos seus maiores títulos mundiais |
Mesmo na condição de rival, por minha conhecida adesão
ao tricolor gaúcho, este sábado não há como deixar de abrir espaço para falar
de uma liderança. E lideranças não surgem a todo momento. Elas são tão importantes
porque são capazes de mudar trajetórias de pessoas, de alterar presente e futuro,
de modificar os rumos da própria história.
Local do Acidente com o helicóptero |
Assim se pode reconhecer a liderança que
transformou o Sport Clube Internacional das últimas décadas numa equipe
vencedora e reconhecida mundialmente. Uma liderança que tem nome: Fernando
Lucio da Costa. Ou ainda simplesmente, Fernandão.
Poderia aqui relatar a trajetória deste
grande jogador do clube colorado. De suas origens em Goiás, da trajetória até
chegar ao Clube do Povo e de como ele conseguiu transformar um grupo em uma
equipe vencedora. Mas o que me objetiva agora é ressaltar a postura e a personalidade
de Fernandão. Mostrar do que a dedicação e o comprometimento naquilo que se faz
são capazes.
Atleta diferenciado, como raras vezes
aparece no cenário esportivo, seja qual for o esporte, do naipe de Fernandão são
exemplos difíceis de serem encontrados, o que valoriza por demais quem os
descobre. Foi o caso do presidente Fernando Carvalho em 2004, que ouvira falar
de um centroavante de rara habilidade que jogava no time de Goiás.
Mas Fernandão não era tão somente um
centroavante habilidoso. Assumiu tão logo chegou o papel de conselheiro, de
amigo, de psicólogo e de negociador quando se tratava de assuntos do grupo. Suas
conversas motivacionais com os colegas antes das decisões foram responsáveis por
desempenhos que superaram expectativas, tanto de dirigentes quanto de
torcedores. Fernandão era um líder que mobilizava, que motivava, que
transformava.
Fernandão sabia que colegas são adversários somente enquanto dura uma partida |
Sua relação com os adversários também era
diferenciada, pois sabia respeitar colegas de trabalho antes de tudo. Era um conciliador,
e sabia que os adversários depois dos noventa minutos voltavam a ser colegas e
amigos. Isso evidente quando ao término das partidas era capaz de cumprimentá-los
um a um.
Numa breve experiência como dirigente foi
capaz de experimentar o lado avesso ao de atleta, onde administrar as vaidades
se torna tão complexo quanto cobrar um pênalti em decisão de campeonato. E ainda
inexperiente resolveu aceitar o desafio de treinar seus ex-colegas, o que lhe
trouxe muita frustração e tristeza, principalmente por não conseguir atingir os
objetivos e ser vitimado por uma conspiração interna. De forma humilde deixou a
direção e se recolheu à sua terra natal, Goiás sem ressentimentos com a direção
que havia lhe oportunizado a experiência.
Fernandão, um Líder, uma Legenda |
Intentava agora um novo desafio, como
comentarista do canal SporTV durante a Copa do Mundo. Segundo os amigos e a
família, estava muito feliz nesta nova atividade, da qual não teve oportunidade
de mostrar toda sua habilidade. Mas como bem disse Nelson Rodrigues, nosso
maior cronista futebolístico: “Os heróis morrem
em combate. Não dão tempo ao destino de flagrá-los na cama ou na cadeira de
balanço”. Assim foi-se Fernandão, deixando para trás uma trajetória de
vitórias, de boas ações, de bons exemplos. E deixando mais do que outra coisa, uma nação colorada órfã de um de seus maiores heróis, de um de seus maiores líderes. Afinal, líderes não aparecem toda hora e lideranças não se fazem por acaso!
Descansa em paz Capitão!
Um comentário:
Meu caro amigo!
Não só uma comovida homenagem, de um gremista de escol, a um dos maiores ídolos do coirmão rival, mas de uma atualidade jornalistica que se antecipa aos jornais que só circularão amanha.
Cumprimentos pelas duas dimensões da blogada.
Se pudesse sugerir uma pauta, seria algo acerca daquele que desde hoje é patrono da rua que te acolhe.
RUA IRMÃO NORBERTO FRANCISCO RAUSCH (1929-2011), também conhecida como RUA DO JAIRO.
A amizade e a admiração do
achassot
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