Quem não tem orgulho
da sociedade em que vivemos? Se comparada a outras que nos antecederam,
temos um conhecimento acumulado que permite desfrutar de inúmeros confortos.
Não é necessário nem desfiar o rol de benefícios que o ser humano, através do
uso da mente, foi capaz de criar nestes séculos.
Toda vez que inauguro uma das turmas de Tecnologia
Industrial do curso técnico em segurança do trabalho, para criar uma consciência crítica nos meus alunos, costumo exibir “A Guerra do Fogo”, epopeia humana transformada em película para a
tela grande pelo diretor Jean Jacques Annaud, no ano de 1981. O filme mostra
algumas sociedades pré-históricas convivendo com as grandes dificuldades de
nossos primórdios, como a falta de habitação, a escassez de alimentos e os
perigos da convivência com os animais selvagens sem a posse de armas e
ferramentas tão eficientes como as que conhecemos. O uso, a preservação e
a disputa pelo fogo é o grande fio condutor da produção francesa, de excepcional
qualidade. [Aliás, esse recurso me foi primeiramente apresentado pelo professor Chassot em nossas aulas do Mestrado em 2006.]
Estação de Transbordo da Lomba do Pinheiro |
Ao longo da trilha se pode perceber o quanto evoluímos
desde então. Tribos de vários matizes de conhecimento vão surgindo dentro da
trama, algumas detendo conhecimento parco e mais adeptas da violência como meio de sobrevivência, outras
mais determinadas em buscar soluções racionais para as dificuldades do
dia-a-dia.
Mas e atualmente? Até onde chegamos? Somos realmente
tão avançados quanto supomos? Podemos nos considerar o supra sumo das
sociedades que até então habitaram o planeta? É correto afirmar que caminhamos
para uma sociedade sustentável? Que utiliza de forma adequada os recursos
disponíveis?
Eu diria: Basta observar as toneladas de resíduos que
produzimos! Será que isso pode ser considerado o resultado de uma sociedade
sustentável? E que está preocupada com o futuro?
Caminhões caçamba carregados de lixo circulam pela avenida Ipiranga |
Mas o que mais me chamou a atenção recentemente foi a
quantidade de caminhões envolvidos na remoção do lixo urbano da capital. Talvez
porque eu tenha mudado de cidade neste início de 2014, vindo morar em Porto
Alegre, próximo à saída para Viamão, e porque faço um roteiro no retorno de
meus trabalhos em que, coincidentemente, me deparo com os veículos contratados
do DMLU para transportar estes resíduos até a Estação de Transbordo da Lomba do Pinheiro. São caminhões caçambas enormes
que durante toda a noite trafegam pela avenida Ipiranga e depois na continuação
da avenida Bento Gonçalves. Fico a imaginar a quantidade de toneladas de lixo
transportadas diariamente. Onde vamos parar?
Quando vejo a quantidade de lixo gerada no condomínio
onde moro, e me ponho a tentar multiplicar isso em relação à toda a região, me
ponho impressionado. E nos finais de semana parece que a quantidade dobra. Outro
dia, numa segunda-feira de manhã, quando saia para trabalhar, passei em frente
a um condomínio na avenida Antônio de Carvalho (foto acima) e me assustei com a quantidade
de lixo depositado sobre a calçada. Outra demonstração do volume de recursos
que temos consumido desmesuradamente.
A degradação ambiental é a marca desta sociedade |
Nas mesmas aulas de Tecnologia Industrial de que falei
inicialmente, trabalho com os alunos os processos de fabricação, onde vemos
como são elaborados os materiais que nos proporcionam conforto, tais como
embalagens, rótulos, manuais e panfletos. Mas saber que tudo isso vai parar na lata
do lixo é muito triste. Estamos extraindo recursos naturais sem a preocupação da
reposição disso tudo. No mínimo, deveríamos utilizar estes recursos com parcimônia
e reponsabilidade. Mas não é o que acontece. O uso é irrestrito e sem
comedimento.
Infelizmente parece mesmo que caminhamos para o fim. E
para tanto, gostaria de expor um pequeno trecho do que disse Lutzenberger em seu
Manifesto Ecológico Brasileiro, em 1980:
“Um capital
insubstituível só se destrói uma vez. Os recursos bióticos, minerais e
energéticos, dos quais tão prodigamente se serve a Sociedade de Consumo, são o
resultado de longa evolução geológica e orgânica que não tem retorno. As matérias-primas
que dissipamos, o petróleo que queimamos, as espécies que apagamos nunca
voltarão. Fossemos espécie realmente racional, não poderíamos estar agindo da
maneira como estamos”.
Portanto, observando os exemplos trazidos pelo filme "A Guerra do Fogo" e comparando com nosso tempo, o comportamento humano em relação à natureza parece ter mantido o viés da violência e da barbárie desde nossos primórdios. O "hommo sapiens" não é tão racional como pensamos, pois se comporta de maneira irresponsável com o futuro que irá legar às próximas gerações.
Portanto, observando os exemplos trazidos pelo filme "A Guerra do Fogo" e comparando com nosso tempo, o comportamento humano em relação à natureza parece ter mantido o viés da violência e da barbárie desde nossos primórdios. O "hommo sapiens" não é tão racional como pensamos, pois se comporta de maneira irresponsável com o futuro que irá legar às próximas gerações.
Um comentário:
Meu caro Jairo,
li esta postagem no domingo. Mas fi-lo no smartphone e minhas limitações de digitador em mini-teclado são muitas, daí porque não consegui postar comentários.
Primeiro agradeço a referência ao incentivo no uso do excelente filme acerca “A Guerra do Fogo”. Não sabia deste teu trabalho.
Acerca do meio ambiente, este semestre estou lecionando a primeira vez a disciplina Ética, Sociedade e Meio Ambiente. Os estudantes fizeram um trabalho de campo excelente. Contei um pouco em uma blogada no dia 01 de outubro.
Peso que temos que trocar figurinhas.
Já que posto este comentário no dia do professor, cumprimento-te pelo entusiasmo que tens em ser professor: Feliz aquele que transfere o que sabe, marcando as páginas de nossas vidas!
attico chassot
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