A Bíblia nos ensinou a parábola do joio e do trigo |
Num momento em que a corrupção toma conta dos meios de
comunicação, com notícias alavancadas pelo Petrolão, desvio de bilhões em nossa
maior empresa pública, sob a forma de propinas, é necessário algum cuidado para
distinguir o “joio” do “trigo”. [Aqui
abro um parêntese: tomei conhecimento do que era “joio” depois de ler um texto tempo
atrás num livro do Max Geringher. Segundo ele, foi um especialista do Moinho
Santista que lhe explicou que o joio é uma erva daninha que cresce no meio da plantação
de trigo. E o joio é tóxico! Se for moído junto com o trigo, torna a farinha
venenosa. “E basta um tantinho de joio para envenenar um montão de farinha”, destaca
Max. Mas de acordo com ele, só usamos este adagio porque ele está na Biblia, e
não por causa do perigo do joio, pois ele foi erradicado há muitos anos e não existe
mais há séculos.] Voltando ao nosso assunto, deve-se considerar que há também
empresas que atuam de forma honesta e, por isso, merecem consideração. Neste
aspecto sou otimista. Não se pode empilhar tudo em uma “vala comum”, generalizando
a desonestidade e o conluio geral.
Aliás, uma das prerrogativas mais buscadas por empresas
honestas e responsáveis, neste terceiro milênio, é o reconhecimento público. Para
tanto, se esmeram na qualificação e na certificação de seus empreendimentos. Mesmo
assim, por diversas vezes acabam caindo em armadilhas sórdidas que obscurecem
suas marcas e o bom nome da empresa.
As certificações buscadas pelas empresas estão afeitas
a um organismo internacional denominado ISO. E quem um dia não ouviu falar de
uma empresa que possuísse ou buscasse essa certificação. O “International Organization
for Standardization”, ou aportuguesando “Organização Internacional para a
Padronização”, localizado em Genebra, na Suíça, é responsável pela certificação
de todas as empresas, com organismos representativos em quase todos os países
do mundo. Ou seja, é uma forma de padronizar produtos e serviços mundo afora.
Através deste organismo internacional as empresas se certificam em vários
requisitos, como “qualidade dos produtos”, “qualidade dos serviços”, ”qualidade
ambiental”, em “segurança e saúde ocupacional” e também em “responsabilidade
social”. Para explicar mais amiúde eu necessitaria muito espaço neste semanário.
Por isso, vou me ater exclusivamente neste último requisito, o de “responsabilidade
social”.
O que vou destacar agora, sobre a responsabilidade
social, aprendi sobremaneira quando atuei numa empresa de renome nacional, e
que buscava essa certificação. Falando com um especialista ele me disse: “Olha
professor Jairo, a responsabilidade social é hoje uma certificação exigida por
países do continente europeu para adquirir nossos produtos. Principalmente
empresas da Zona do Euro [países que se utilizam da moeda de mesmo nome], só
adquirem insumos, matérias primas e produtos de empresas que respeitam seus
funcionários, e que efetivamente não se utilizam de trabalho infantil ou
trabalho escravo”. Assim que ouvi a explicação, me pus a pensar: “Mas como uma
empresa desse porte vai contratar pessoas neste regime? Mão de obra escrava ou
infantil?” Não me contive e fiz a pergunta a ele, no que imediatamente me
disse: “Não, professor! Nós temos de ter um cuidado muito grande com os
contratos de terceiros! É através deles que podemos nos descredenciar de nossa
certificação”. Nunca mais esqueci daquela lição aprendida.
Marcas famosas tem sido alvo de denúncias |
Pois esta semana, me deparei com uma notícia que
chocou alguns gaúchos. A denúncia de envolvimento da conhecida “Lojas Renner”
com o trabalho escravo. Isso mexe na honra e no brio de alguns patrícios, pois
de longa data se sabe da idoneidade e do respeito que desfruta a marca, e do
orgulho que ela traz por estar em todo o território nacional. Dia desses ouvi
de um aluno que visitou Salvador, e que se gabava por ter encontrado uma “Renner”
num shopping daquela cidade.
O que aconteceu com a marca Renner foi um
descuido na contratação de terceiros. E não que não houvessem ocorridos avisos
com outras marcas famosas. Grupos de confecção montados “às escuras” nos
arredores da capital paulista, explorando imigrantes bolivianos, continuam
produzindo roupas de grife sem qualquer respeito aos mínimos direitos trabalhistas.
Mas a manchete da Revista Capital desta sexta-feira, dia 28, é inapelável: “Renner
está envolvida com trabalho escravo”. A empresa foi multada em quase 2 milhões
de reais e 37 funcionários bolivianos, entre homens e mulheres, foram
resgatados pelo Ministério do Trabalho.
A marca gaúcha está presente em quase todas as capitais do país |
Portanto, todo o cuidado é pouco no momento de assinar
um contrato de prestação de serviços de terceiros. Aliás, este é um alerta que
tenho feito constantemente em minhas aulas de segurança do trabalho, pois se
pode ter comprometida toda uma trajetória da marca e do nome da empresa de uma
hora para outra. Tenho certeza de que as Lojas Renner saberão tomar os devidos
cuidados para resgatar a credibilidade, e que jamais houve má intenção nesta
atitude. Fica aqui minha torcida pela marca...
Um comentário:
Meu caro Jairo,
só este discernimento que fazes do joio e do trigo, vale a blogada.
Aprendo sempre com teus blogares.
A admiração do
attico chassot
Mestrechassot.blogspot.com
Postar um comentário