Nas aulas de Tecnologia Industrial se enfatiza a importância da fiscalização |
Toda vez que estou em sala de aula trabalhando os
conteúdos de Tecnologia Industrial para meus alunos de segurança do trabalho,
enfatizo a importância da fiscalização dos auditores-fiscais do Ministério do
Trabalho e Emprego. E dentro das normas regulamentadoras que trabalhamos,
algumas delas tem sido sistematicamente cobradas por estes agentes,
essencialmente as normas NR 10 (Segurança em Instalações Elétricas e Serviços
com Eletricidade) e NR 12 (Segurança em Maquinas e Equipamentos) entre outras.
Roque Puiatti é um dos auditores do MTE bastante atuante no estado |
Hoje quero chamar
a atenção para uma agenda cumprida recentemente pelos auditores em empresa
produtora de fertilizantes em Rio Grande, no sul do estado. Ali eles
encontraram inúmeras irregularidades que temos abordado em sala de aula. Diz a
reportagem publicada na página do Sindicato Nacional dos Auditores Fiscais do Trabalho:
“Na ocasião, os auditores Roque Puiatti e Fábio Lacorte da Silva
identificaram situações de grave e iminente risco que provocaram interdição do
conjunto de máquinas utilizadas na fabricação de fertilizantes em armazéns;
interdição de uma serra circular, um andaime fachadeiro, uma máquina betoneira
e três vasos de pressão. Além da interdição de todas as operações em alturas,
como, por exemplo, as atividades de carregamento de caminhões e trens, além da
proibição de circulação de máquinas e pessoas no mesmo ambiente ao mesmo tempo”.
Áreas interditadas na empresa de fertilizantes |
Pelo próprio relato e as
imagens aqui publicadas, pode-se observar grande negligencia por parte da
empresa na adequação destas máquinas e do ambiente de trabalho:
Na figura 1, nota-se uma
esteira transportadora com os roletes à mostra e o próprio rolo com sistema
esticador totalmente desprotegidos. Não é possível ver o sistema de transmissão
de força na outra extremidade, e que deve ser protegido para evitar o contato
do operador. (NR11 e NR12)
Na figura 2, observa-se um
andaime fachadeiro totalmente irregular, sem o sistema de guarda-corpo e rodapé
obrigatório para evitar quedas de altura, sendo o travessão superior com 120cm,
o intermediário com 70cm e o rodapé de 20cm. Além disso, é necessária a tela de
proteção entre as travessas. (NR18).
Áreas interditadas na empresa de fertilizantes |
Na figura 3, pode-se notar uma
máquina pá carregadeira circulando e fazendo manobras entre os operadores,
transportando e abastecendo o processo de produção com matérias primas. Pelo
visto não se observa qualquer cuidado ou sinalização nestas atividades, o que
implica em situação de risco grave e iminente. (NR11, NR12 e NR26).
Já na figura 4, a existência
de uma serra circular totalmente desprotegida sem a coifa protetora do disco e
cutelo divisor. Não é possível notar a existência de proteção no sistema de transmissão
de força, nem mesmo o aterramento da parte elétrica. (NR10 e NR18).
Sendo assim, numa análise
rasa se constatam várias anormalidades em poucas imagens observadas. Mas tenho
reafirmado em nossas aulas que, quando os auditores visitam a empresa, todas as
irregularidades vêm à tona. Foi o que ocorreu também nesta empresa de fabricação
de fertilizantes auditada recentemente. Além dos itens destacados acima, houve identificação
de “falta de emissão de ordem de serviço”, como uma falha no sistema de gestão
da empresa, inexistência de “programa de treinamento obrigatório dos funcionários”, sem a “implantação da CIPA” pelo número de funcionários trabalhando ali, e ainda,
a falta da “implementação do Programa de Proteção Respiratória”, já que a poeira é um agente presente nestas atividades.
Outros itens são exigidos pela legislação e são motivo de interdição |
Tudo isso demonstra a
grande responsabilidade de que são investidos os futuros técnicos em segurança
do trabalho, e o quanto esta área necessita ainda de dedicação para que
possamos melhorar as condições do ambiente de trabalho. Quando ouço de algumas
pessoas de que há muitas escolas formando profissionais prevencionistas, minha visão
é de que a “qualidade” é que deve imperar, ao invés da “quantidade”. E para que
se possam realmente qualificar estes profissionais, há necessidade de maior empenho
por parte de nós, docentes.
Um comentário:
Muito estimado colega Jairo!
uma vez mais tuas instrutivas blogadas me fazem viajar. Evoco o trabalho de meu pai como marceneiro e carpinteiro da Viação Férrea. Quantas vezes se lesionou em serviço, pois ainda na metade do século 20 as condições de proteção ao trabalhador eram quase inexistentes.
Mesmo nos dias atuais ocorrem situações como a que relatas.
Obrigado por disseminares conhecimentos.
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