Santo Antonio da Platina, município do norte do Paraná, fundado por mineiros |
Uma pequena cidadezinha localizada no norte do Paraná tomou
as manchetes do noticiário nacional esta semana. Santo Antonio da Platina
possui cerca de 45.000 habitantes, e como todo o município no sistema
democrático brasileiro tem seu Legislativo, com a câmara de vereadores, e seu
Executivo, com prefeito, vice-prefeito e secretários. E também, como a maioria dos
municípios do país, os poderes instituídos de Santo Antonio da Platina aprovam o aumento de seus próprios salários. Mas este ano, o processo foi diferente e teve uma decisão influenciada pela população.
Empresária Adriana lemes de Oliveira comemora a decisão da Câmara |
Houve um tempo em que a atividade parlamentar
municipal não contemplava remuneração, e os chamados “edis”, nossos conhecidos “vereadores”,
trabalhavam na realidade em prol da melhoria das condições de vida da população
municipal. Eram reconhecidos pela relevância de seus feitos e, portanto, tinham
grande consideração e respeito. Hoje em dia, a grande maioria dos
representantes populares, possuem salários rechonchudos e, até mesmo abusivos,
se comparados com os da iniciativa privada. E estes representantes, dadas as
prerrogativas da lei, podem legislar em causa própria e aprovam seus próprios aumentos
de salário.
Era isso que estava acontecendo esta semana em Santo
Antonio da Platina, não fosse a indignação que tomou conta de uma empresária
local. Adriana Lemes de Oliveira, convencida de que “a ocasião faz o ladrão” (ou
no dito latino “occasio facit furem”), compareceu à Câmara de Vereadores para
questionar “porque os vereadores estavam aumentando seus proventos, em plena
crise?”. E teve como resposta de um dos vereadores, de que ele não estava em
crise, pois “graças a Deus, estou com a vida tranquila, levanto seis horas da
manhã, cuido do meu sítio, sou pequeno pecuarista, e trabalho 24 horas”.
População platinense tomou conta do plenário da Câmara |
Indignada com a resposta obtida, Adriana publicou um
vídeo nas redes sociais e conclamou a população a comparecer na seção de aprovação
do aumento de salários. Qual não foi sua surpresa ao ver o plenário da câmara da
pequena prefeitura lotado no último dia 15 de julho. Pressionados pela invasão da
casa do povo, os vereadores não somente desistiram do aumento de salários, como
também rebaixaram os proventos atuais. E não somente os seus salários, bem como,
os do prefeito e vice-prefeito. Os vereadores queriam aumentar seus salários de
3,7 mil para 7,5 mil na próxima legislatura, e o salário do prefeito deveria
ser aumentado de 14,7 mil para 22 mil. Sob a pressão popular, os salários de
vereadores foram rebaixados, dos atuais 3,7 mil para R$ 970,00, e o do
prefeito, de 14,7 mil passará a 12 mil no próximo mandato.
Isso demonstra que a mobilização popular tem uma capacidade
nem sempre imaginada. Recentemente, junho de 2013, uma série de manifestações populares
repercutiu no congresso nacional, denotando medo e preocupação por parte dos nossos
representantes. De imediato as reuniões na casa legislativa fervilharam com
propostas de atendimento ao clamor popular. Mas tão logo a população se
desmobilizou, tudo foi esquecido e a calmaria reina novamente em Brasília, prá
sossego e felicidade geral da classe política.
Veja reportagem sobre a decisão em Santo Antonio da Platina
Quem sabe não é hora de tomar o exemplo de Santo
Antonio da Platina e se acercar da realidade dos corredores destas casas do
povo: nossas câmaras de vereadores, assembleias legislativas e congresso
nacional?
2 comentários:
Meu caro Jairo,
no teu blogue soube do ocorrido em Santo Antônio da Platina.
Muito bem posta tua blogada.
A admiração do
attico chassot
Obrigado + Attico CHASSOT
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