Para Rubem Alves, educador, escritor e psicanalista, doutor em filosofia pela Universidade de Princeton (EUA), "o que faz um povo são os pensamentos daqueles que o compõem".
Pois bem! Não tenho qualquer dúvida de que quem constrói o pensamento deste povo que vive numa nação chamada Brasil é a educação. E esta educação tem seus personagens e agentes: alunos e professores. Mas a grande responsabilidade de uma educação que transforme sujeitos em cidadãos é do elemento transmissor. Não aquele transmissor da concepção freiriana, o modelo bancário da educação, onde o professor é um mero conteudista preocupado em cumprir o conteúdo programático descrito no plano de aula. Refiro-me ao professor transformador, o docente reflexivo que torna a educação uma forma de aquisição do espírito crítico. Aquele agente que faz com que seus discípulos se tornem independentes e com opinião própria.
Rubem Alves ao traçar comparativo entre a Escola e os meios de comunicação, deixa claro a forma com que os dois tratam os sonhos. Aliás, a televisão tem sido um motivo inspirador de minhas reflexões em sala de aula, pois no meu ponto de vista ela tanto educa quanto emburrece. Para Rubem Alves:
"As escolas se dedicam a ensinar os saberes científicos, visto que sua ideologia científica lhes proíbe lidar com os sonhos, coisa romântica! Assombra-me a incapacidade das escolas de criar sonhos! Enquanto isso, os meios de comunicação, principalmente a televisão, que conhecem melhor os caminhos dos seres humanos, vão seduzindo as pessoas com seus sonhos pequenos, frequentemente grotescos. Assombra-me a capacidade dos meios de comunicação para criar sonhos! Mas de sonhos pequenos e grotescos só pode surgir um povo de idéias pequenas e grotescas, ignorando que o essencial, na vida de um país, é a educação".
Talvez nas palavras do autor se vislumbre o formato que imprimimos, nós professores, ao nosso modo de lidar com os conteúdos. Muitas vezes somos compelidos a uma postura medíocre enquanto educadores. Trabalhamos os conteúdos apresentando-os aos nossos alunos sem qualquer reflexão ou crítica mais acentuada. A crítica é necessária, pois dela surge um novo conhecimento, acompanhado e reafirmado pela credibilidade. Até porque foi-se o tempo em que tudo que o professor ensinava era verdade. Constantemente as mudanças são impostas pela globalização, onde o local está par e passo com a realidade mundial. Qualquer aluno com um pouco de acesso à informação sabe outras coisas que o professor sequer conhece.
A escola foi feita para criar sonhos. Mas o agente destes sonhos é o professor, responsável por mostrar que o sonho permite uma evolução dos conhecimentos, um crescimento intelectual. Apresentar estas possibilidades é uma das tarefas mais importantes do professor enquanto sujeito da transformação destes discentes. Caso contrário, nenhum tipo de ensinamento será válido. Se não há transformação, não há educação. E quando não há educação, não há formação. Não havendo formação não se constrói o cidadão. E um país sem cidadãos é um país sem identidade e cuja soberania está ameaçada pela alienação de seu povo.
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