Bem, começo buscando no dicionário o sentido do termo "pardieiro", para que meus leitores se apropriem adequadamente do assunto. O dicionário Houaiss relata que pardieiro é um "prédio velho e/ou arruinado", cuja datação histórica deu-se pelo ano de 1.182. Já para "pilantra", o Houaiss traz como sentido: "pessoa de mau caráter, desonesto, vagabundo de baixa categoria, reles", com datação histórica atribuída ao século XX, mas sem um ano específico. Portanto, numa conclusão um pouco apressada, parece que o "pardieiro" é que deu origem ao "pilantra". Ou seja, criou-se o ambiente para depois dele se acercarem os sujeitos que o habitam. Poderiamos dizer assim: Juscelino criou a capital, com a Esplanada dos Ministérios e o Congresso Nacional, Ulisses Guimarães coordenou a Constituição Cidadã de 1988, possibilitando a eleição direta para os cargos, e nós escolhemos seus moradores. Portanto, também temos parte na criação desta habitação.
Mas, mais interessante é observar as desculpas arranjadas pelos nobres deputados, quando esses são submetidos à exposição pública pela imprensa. O presidente da Câmara Federal, deputado Michel Temer, foi o mais criativo em suas palavras. Ao ser questionado sobre o uso das passagens para parentes e amigos, o deputado destacou a necessidade de haver "regras claras" para que não hajam distorções no uso destes recursos.
Fica aqui uma pergunta: "Será que é necessário impor regras claras para uma apropriação indébita de recursos públicos? Ou seja, teremos que colocar no papel o que é certo e errado? Será que numa breve reflexão, estes senhores não conseguem discernir o que é público e o que é privado?"
Vejam o que disse o jornalista Luiz Garcia em sua coluna do dia 24 próximo passado:
"Para entender a gravidade da situação, é preciso, primeiro, dar nomes aos bois. Congressistas não recebem salários: sua paga é em subsídios. Tudo é dinheiro, mas a diferença no nome não é gratuita. Salário, o cidadão gasta como bem entender.
Mas o subsídio tem sua legitimidade intimamente associada ao exercício do mandato. É claro que inclui algum tipo de despesas pessoais, mas devem ser aquelas associadas aos deveres parlamentares. Entender subsídio como sinônimo de salário equivale a comparar mandato com emprego. Na mentalidade predominante no Congresso brasileiro usa-se o subsídio indiscriminadamente, como se salário fosse. Não admira que a mesma falta de critério seja usada no uso da cota de passagens aéreas à disposição de senadores e deputados.
Esta semana o próprio presidente da Câmara, Michel Temer, admitiu ter usado sua cota de passagens para levar e esposa e três parentes a Porto Seguro, na Bahia. Não foi deslize isolado: usou sua cota de passagens 48 vezes em um ano, mas só foi passageiro em 21. Sua única defesa foi a alegação de que não há regras claras a respeito."
Parece mesmo que a coisa pegou mal para o lado dos representantes do povo, principalmente depois que a pressão popular atuou sobre a casa. Inúmeros e-mails entupiram a caixa dos deputados e senadores, mostrando o descontentamento popular com a atitude. E se vocês não crêem que estes apelos surtam efeito, experimentem uma só vez enviar mensagem ao seu representante. É rápido e fácil. Basta acessar o link http://www2.camara.gov.br/deputados
Escolha ali o deputado em quem votou na última eleição e envie uma mensagem a ele solicitando opinião sobre o caso das passagens aéreas. Quem sabe ele não faça parte deste "pardieiro de pilantras", como disse o deputado Ciro Gomes?
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