Dentre os eventos programados para a Prevensul 2009, chamo a atenção para o SENAERGO - Seminário Nacional de Ergonomia. Há muito não ouvia uma fala tão eloquente quanto àquela proferida pelo Professor Dr. Paulo Antonio Barros Oliveira. Ao discorrer sobre o recente Nexo Causal Epidemiológico Previdenciário e os estudos que estão em andamento, visando aperfeiçoar sua redação e implementar a medida de forma justa com aquelas empresas que reconhecidamente investem em segurança, Dr. Paulo Antonio trouxe toda a sua experiência acumulada durante anos de atuação. Ao tentar acessar seu currículo no dia de ontem, fiquei boquiaberto com a qualidade e densidade de sua atuação; para quem quiser acessá-lo e comprovar o que digo, pode clicar em http://buscatextual.cnpq.br/buscatextual/visualizacv.jsp?id=K4798574D9.
Na palestra intitulada "Ergonomia e o novo NTEP / FAP", Dr. Paulo Antonio fez alusão à necessidade de a Previdência reconhecer a multicausalidade que dá origem as doenças ocupacionais; e que, segundo ele, já era reconhecida desde a "concausa" do governo Getulio Vargas em 1932, cuja conceituação jurídica pressupõe que "há uma causa que concorre paralelamente à conduta, contribuindo para a produção do resultado." Para o Dr. Paulo é uma questão de justiça, dentro do novo NTEP, que somente as empresas que não apresentarem óbitos ou invalidez permanente de funcionários possam ter o abatimento nas porcentagens do Seguro Acidente de Trabalho. (Quem quiser se inteirar um pouco mais a respeito do que é o NTEP, pode acessar a edição do Blog em http://profjairobrasil.blogspot.com/2009/03/fap-e-nte-uma-nova-forma-de-avaliar-as.html, onde abordei o assunto, no dia 02 de março passado).
Ao tratar especificamente da questão ergonômica, o palestrante relatou os dados impressionantes de recente pesquisa realizada por colega da UFRGS em empresas de teleatendimento de Porto Alegre. Essas empresas são aquelas que mais tem sido denunciadas pelas más condições de trabalho apresentadas em seus ambientes, principalmente em relação às queixas por problemas de postura. Disse ele que impressiona o Turn Over (a rotatividade existente nas organizações, refletindo a taxa de substituição de funcionários antigos por novos) dessas empresas. Parece que há algumas delas que estipulam metas de Turno Over a serem alcançadas anualmente. A pesquisa citada pelo Professor constatou um índice de 92% na troca de funcionários antigos por novos em 2007 nessas empresas na capital gaúcha. Isso ratifica uma preocupação do empregador em não assumir as doenças ocupacionais (e seus tratamentos, quanto mais investimento em melhorias) decorrentes desses ambientes.
Paulo Antonio ainda fez referência às pesquisas recentes relacionadas às demartoses dos metalúrgicos, principalmente pelo contato com o óleo sintético de corte utilizado em máquinas operatrizes desse segmento. Fez críticas aos Laudos Ergonômicos que são elaborados e muitas vezes vão parar dentro das gavetas dos departamentos de Recursos Humanos. Segundo ele, é isso que não se pode admitir em nosso tempo. Finalizando, salientou que o verdadeiro papel do ergonomista é "analisar a atividade laboral e orientar a empresa no seu modo de gestão".
Perdeu muito quem não compareceu à Prevensul 2009, ganhou sobremaneira quem foi lá conferir a programação. Parabéns à Proteção Eventos pela organização e ficamos ansiosos pela próxima edição.
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